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| Instituto dos Cegos amplia sua sede com a construção de quadra e auditório |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
O Instituto Rio-pretense dos Cegos Trabalhadores (IRCT) está ampliando suas instalações com a construção de uma quadra de Goaball, esporte paralímpico para deficientes visuais. Estão sendo investidos cerca de R$ 1,6 milhão nas obras que serão feitas em duas etapas. Na primeira etapa, a ser concluída no começo do ano que vem, está prevista a conclusão da quadra e do novo prédio com dois andares.
Para a primeira fase, o instituto conseguiu verba parlamentar de R$ 1 milhão do deputado federal Luiz Carlos Motta (PL). E o IRCT está entrando com mais da metade de recursos próprios, conseguidos através de inúmeros eventos, como almoços, jantares e a promoção da Pizza Solidária. Para a fase seguinte, com a conclusão do auditório e da parte administrativa no segundo andar, serão necessários mais cerca de R$ 1,5 milhão. “Ainda estamos correndo atrás dessa verba”, explica o gerente administrativo do instituto, Romiro Pedro da Silva, pedindo ajuda de empresários e principalmente dos políticos da região.
História de 77 anos
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| Romiro, gerente administrativo da instituição, pede ajuda para conclusão das obras |
O Instituto Rio-pretense dos Cegos Trabalhadores, com 77 anos de história, é uma das instituições mais tradicionais e respeitadas do interior paulista no atendimento a pessoas com deficiência visual. Sediado em São José do Rio Preto, o instituto presta assistência a cerca de 440 deficientes visuais provenientes de 103 cidades da região, oferecendo serviços de reabilitação, educação, capacitação profissional e inclusão social.
Com uma trajetória marcada pelo compromisso com a autonomia e a dignidade de seus atendidos, a entidade se consolida como referência em promoção da acessibilidade e valorização da cidadania. É uma das poucas entidades do Brasil que possui gráfica própria para a produção de materiais impressos em braile. O instituto tem sido procurado por vários restaurantes do Brasil e inclusive de outros países para a produção de cardápios em braile.
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| Obras estão em estágio bastante avançado e terá dois andares, sendo a parte de cima reservada para uma auditório e a de baixo para a quadra de Goaball |
Goaball
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| Atletas da Seleção Feminina de Goaball durante competição no Japão (foto: Ana Patrícia Almeida/CPB) |
O Goalball é um esporte paralímpico para deficientes visuais, praticado em uma quadra com uma bola com guizos. O esporte foi criado em 1946, na Áustria, pelo austríaco Hanz Lorenzen e pelo alemão Sepp Reindl, como método de reabilitação para soldados que perderam a visão durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1976, o Goaball foi incluído pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos de Toronto, no Canadá. Desde então, tornou-se uma das principais modalidades para atletas com deficiência visual.
O Brasil tem forte tradição no esporte, especialmente no masculino, que conquistou o ouro paralímpico em Tóquio, no Japão, em 2020. São José do Rio Preto tem contribuído para a formação das seleções brasileiras dessa modalidade, que tanto masculina quanto a feminina têm participado de diversos Jogos Paralímpicos e conquistado medalhas em campeonatos mundiais e pan-americanos.
A quadra de Goaball tem as mesmas dimensões de uma quadra de vôlei: 9 x 18 metros de comprimento. Ela é dividida em três áreas (defesa, neutra e ataque) e possui marcações táteis para orientar os jogadores com deficiência visual. As linhas e marcações são feitas com barbantes e fita adesiva de alto contraste para serem sentidas pelos jogadores e juízes.
O esporte é praticado com uma bola com guizos. O objetivo é arremessar a bola para marcar gols na equipe adversária. São três jogadores por equipe que usam vendas nos olhos para igualar as condições de jogo. É necessário muito silêncio da plateia para que os jogadores possam ouvir os guizos da bola e as marcações táteis do chão. O esporte exige concentração, agilidade e tato, pois os atletas se orientam pelo som da bola e pelas marcações táteis no chão.
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| O goleiro Josemário Souza, da Seleção Brasileira de Goalball, durante os Jogos Paralímpicos em Santiago, no Chile (foto: Miriam Jeske/CPB) |
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| Atletas da Seleção Brasileira de Goalball durante Jogos em Santiago, no Chile (Foto: Miriam Jeske/CPB) |





