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Paulistanos estão redescobrindo o verdadeiro açaí na Vila Mariana

Açaí é a fruta que caiu no gosto dos paulistanos da Vila Mariana


Para grande parte dos brasileiros, especialmente os que vivem em São Paulo, o açaí virou sinônimo de sobremesa gelada, misturado com xarope de guaraná e coberto com uma infinidade de ingredientes como frutas, leite condensado, granola, mel ou leite em pó. Mas quem já visitou o Norte do país, especialmente o Pará, sabe que o açaí original está muito longe dessa versão adocicada que se popularizou nos centros urbanos. 

Na Amazônia, o açaí é consumido no almoço, como acompanhamento de pratos salgados. Sim, salgado, embora não leve sal. É servido puro, sem açúcar, em temperatura ambiente e geralmente acompanha peixe frito, camarão seco, charque ou farinha d’água. “É quase como o feijão do paraense, algo que está na mesa todos os dias”, explica o chef e empresário Pedro Amaral, paraense que vive em São Paulo. 

A diferença começa na origem. O açaí amazônico é colhido manualmente, batido no mesmo dia e consumido fresco, sem conservantes. Isso garante uma textura densa, quase cremosa, e uma coloração roxa intensa, quase negra. Já o açaí industrializado, que domina as tigelas e copos paulistanos, é diluído, adoçado artificialmente e passa por processos que alteram seu sabor e nutrientes. 

Outro ponto pouco conhecido fora da região Norte é que o açaí paraense é altamente nutritivo e consumido por todas as idades. Rico em antioxidantes, gorduras boas, fibras e minerais como ferro, magnésio e potássio, ele é um alimento funcional que, no seu estado original, dispensa complementos doces. 



Desde 2018, Pedro Amaral se dedica a mostrar esse outro lado da fruta amazônica em São Paulo, à frente do restaurante Namazônia, no bairro da Vila Mariana. O espaço se tornou um ponto de encontro entre quem cresceu com o açaí raiz e quem está disposto a repensar tudo o que sabia sobre ele. 

Aos poucos, o paladar paulistano vai se abrindo para essa experiência. “Muita gente vem curiosa, estranha de início, mas depois se encanta. O açaí puro tem profundidade, textura e sabor. Ele conversa com a comida, não concorre com ela”, conta Pedro. 

A redescoberta do açaí em sua versão mais ancestral tem despertado o interesse de quem busca não apenas novos sabores, mas também uma aproximação com a cultura alimentar da floresta, ainda pouco conhecida no Sul e Sudeste do Brasil. 

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