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O dia em que o prefeito veio dirigindo ônibus com o time de basquete

 

Prefeito Pedro Sola demitiu motorista do ônibus no meio da viagem e ele mesmo veio conduzindo o veículo até o seu destino final, na cidade de Marília

Entre as muitas hilárias e tumultuadas histórias envolvendo Pedro Sola (1919-1978), que governou a cidade de Marília entre os anos de 1973 a 1977, tem aquela do ônibus que ele veio dirigindo do Restaurante Maristela, em Pardinho, na rodovia Castelo Branco, até Marília. Sola sempre foi uma figura polemica, carismática e imprevisível, desde os tempos em que era o principal dirigente do time do Marília Atlético Clube.

 Contam os mais antigos que ele, que como prefeito não utilizava dos serviços de motorista. Fazia questão dele mesmo dirigir o carro. E certa noite ele retornava de São Paulo dirigindo o Aero Willys, carro oficial da prefeitura, quando parou no posto Maristela para lanchar. Esse posto de combustíveis fica no meio do caminho do trajeto entre São Paulo e Marília. É até hoje ponto de parada os ônibus e usuários da estrada. Junto com o prefeito vinha um dos seus assessores, no banco de passageiro.

 Sola, antes de ser prefeito, trabalhou a vida toda como motorista de caminhão e dirigir era uma das habilidades que ele sabia fazer e muito bem por sinal. Para quem sempre dirigiu caminhão e carretas pesadas, dirigir carro e ônibus era moleza ou “fichinha”, como se diz no jarguão popular.

 Assim que parou no posto Maristela, Pedro Sola avistou o inconfundível ônibus da Prefeitura de Marília, que era pintado, por ordem dele, com listas azuis e brancas nas laterais. O ônibus trazia uma delegação do time de basquete da CCE (Comissão Central de Esportes) da cidade, que tinha ido jogar em Osasco.

 Pedro Sola ficou todo feliz quando os jogadores, uma rapaziada jovem, o reconheceu de longe. Os rapazes rodearam o prefeito para cumprimenta-lo e contar que tinham vencido o time adversário na quadra. Sola, após parabenizar os jogadores pela vitória, perguntou aos rapazes onde estava o motorista do ônibus. Os meninos apontaram para o motorista, sentando com o cotovelo em cima do balcão e tomando uma bela de uma cerveja estupendamente gelada. Naquele tempo não havia a tal lei seca nas estradas e era comum os motoristas pararem para beber no meio do trajeto.

 Irritado com a cena do motorista tomando cerveja, Sola foi em direção do motorista e, ao se aproximar, pediu as chaves do ônibus. O motorista entregou as chaves, meio assustado. Assim que estava com as chaves em suas mãos, Sola disse aos berros, na frente de todos que estavam por perto, que o motorista, a quem chamou de "irresponsável", estava despedido. Foi um susto para todos e, em especial, para o motorista que não esperava essa reação do prefeito.

 E para espanto ainda mais de todos os atletas, mandou os jogadores do time de basquete subir no ônibus e anunciou que ele mesmo iria dirigir a condução até Marília. Deixou o Aero Willys para ser conduzido pelo assessor, que o acompanhava naquela viagem. E o motorista despedido, por estar tomando cerveja, ficou a pé. Era de madrugada e o motorista passou a noite em claro no posto aguardando chegar um ônibus de linha do Expresso de Prata para poder regressar, desempregado, à Marília.

 Estratégia para tornar o Marília campeão 

Pedro Sola (segurando uma criança no colo) no dia em que o time do Marília colocou a faixa de campeão da 1ª Divisão da FPFm após vencer o time do Saad Chueiri de São Caetano do Sul

Pedro Sola presidiu a equipe do Marília Atlético Clube entre 1969 a 1972 numa época em que poucos ou quase nenhum empresário acreditava no futebol e não se dispunham a investir dinheiro nos times. Porém, Sola conseguiu, por meio de uma estratégia muito inteligente, mas nada convencional, tornar o Marília campeão para ser elevado de categoria e participar da Divisão Especial da Federação Paulista de Futebol (FPF).

O time do Marília participava do quadrangular final, disputado no estádio do Parque Antarctica, de onde sairia o time campeão que iria subir à divisão de elite da FPF para disputar jogos com as grandes equipes do futebol brasileiro, como Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos. Neste quadrangular final, além do Marília estavam as equipes do Rio Preto Futebol Clube, considerada como favorita do certame, do Catanduvense e do Saad Chueiri, de São Caetano do Sul. O que Pedro Sola fez naquele domingo de agosto de 1971 foi de uma perspicácia impressionante. Depois que a trama veio à público e todos souberam da história da tal “mala preta” ou “mala branca”, como muitos preferem, passando de mão em mãos por debaixo dos tuneis que davam acesso os vestiários do estádio, o nome do Pedro Sola ficou conhecido por todo o Brasil.

 Para saber mais sobre o que de fato aconteceu com Pedro Sola e a tal “mala branca” ou “mala preta” acesse aqui

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Motorista demitido pelo prefeito Pedro Sola, no meio da viagem, teve que esperar amanhecer para surgir um ônibus de Linha do Expresso de Prata para poder voltar para casa

Pedro Sola (de camisa florida) durante comemoração de sua eleição. Do lado esquerdo (com cabelo encaracolados) está o então vereador Abelardo Camarinha que mais tarde seria prefeito de Marília

Prefeito Sola segurando bandeira ao desfilar sobre carro aberto para comemorar sua vitória na eleição


 

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