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Bispo dom Vilar, prefeito Edinho, deputado Itamar e Valdomiro, secretários Jean Charles (Segurança Pública) e Fabiana Zanquetta (Educação) junto com as Damas da Caridade |
O bispo diocesano dom Antônio Emídio Vilar
celebrou missa nesta sexta-feira (15) na capela do Lar de Fátima para comemorar
os 100 anos da Associação das Damas de Caridade de Rio Preto. A celebração
contou com a participação do prefeito Edinho Araújo, de secretários municipais,
vereador Renato Pupo, do ex-vereador e presidente da Associação dos
Motociclistas Antônio Molina e dos deputados Valdomiro Lopes e Itamar Borges,
pré-candidatos a prefeito que sentaram lado a lado no mesmo banco da igreja.
Conhecida por seu uma das mais antigas
instituições filantrópicas da cidade, a Associação das Damas de Caridade é mantenedora
do Lar de Fátima. Durante a celebração, a instituição recebeu três novas
integrantes: Elaine Aparecida Pazoto Nakamura, Elaina Maria Salles Magalhães e
Hélia Granzoto. A entidade possui cerca de 30 mulheres em seu quadro
associativo. E cada integrante, ao ser empossada, recebeu um colar na cor roxa,
que significa equilíbrio e a espiritualidade da caridade. O colar foi colocado
nas três novas integrantes pelo bispo dom Vilar.
Carmem Lúcia Rodrigues Seixas, presidente da
Associação, se emocionou ao contar a história de luta para a sobrevivência da
instituição. Ao longo de todos esses anos a entidade passou e ainda passa por
inúmeras dificuldades. Foi graças à ajuda da comunidade, de empresários, e de
políticos da época que, em 1954, o prédio foi inaugurado pelo bispo dom
Lafayette Líbano, lembrado logo no começo da celebração pelo bispo atual.
Prédio histórico
A planta do prédio, histórico por suas
concepções modernistas para época, foi desenhado pelo arquiteto Christiano das
Neves, famoso por obras monumentais, como o Parque do Ibirapuera e idealizador
dos primeiros “arranha-céu” da capital paulista. O projeto da obra, provavelmente
por influência dos políticos da época, foi um presente do então prefeito
paulistano Arthur Saboya.
Tudo começou em 1923 quando um grupo de mulheres,
ligadas à Igreja Católica, passou a se reunir para cuidar de crianças pobres e
abandonadas. A primeira atividade foi a confecção de enxovais para bebês. Daí
para cá a luta e as atividades dessas mulheres não parou mais. Passado 13 anos,
era dado o início à construção do prédio para abrigar o orfanato que recebia
crianças do sexo feminino de todas as partes do Brasil. Chegou a abrigar 50
crianças.
Bodas de Ouro
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Casal Jair Antônio e Laudenice junto com o bispo dom Vilar e os filhos Leandro e Lilian |
Entre as crianças abrigadas estava Laudenice
Bergamini Delatin, que viveu durante 10 anos como interna do Lar de Fátima. Ela
conta que só saiu para se casar aos 19 anos. Bastante emocionada, Laudenice esteve
presente na missa celebrada pelo bispo dom Vilar porque coincidentemente celebrava,
no mesmo dia de fundação da Associação das Damas Caridosas, seu 50 anos de
casamento.
Ao lado do marido, o motorista aposentado Jair
Antônio Delatin, e dos filhos Leandro e Lilian, Laudenice praticamente quase não
conteve a emoção quando foi chamada pelo bispo para ir, junto com o marido, na
frente do altar. Ela contou depois que segurou s lágrimas para não chorar de
alegria. E sorriu muito quando o bispo confundiu, mas logo corrigiu, a
quantidade de anos de enlace matrimonial do casal saltando de 50 para 100 anos,
para riso dos presentes.
Para a reportagem da Folha2, Laudenice contou toda
sua trajetória de vida. Nasceu em José Bonifácio. Era uma das oito filhas de
uma da empregada doméstica Rita dos Santos Bergamini, cujo marido a abandonou e
os filhos. Acolhida por freiras e damas da caridade foi morar no orfanato.
Laudenice lembra como se fosse hoje do grupo de jovens, liderado pelo celebre padre Jarbas, que comparecia todos domingos no orfanato
com instrumentos musicais para alegrar a criançada do local. Uma das meninas
desse grupo de jovens fazia aniversário e convidou as meninas maiores do orfanato
para estarem presentes na festa. Laudenice se prontificou para comparecer na
festa. A madre superiora do orfanato, porém, não permitia que as meninas saíssem
para fora, ainda mais de noite. Mas Laudenice foi insistente. Tanto pediu que
recebeu autorização para ir na festa. E foi lá que conheceu o irmão da
aniversariante, que a pediu em namoro.
O namoro a princípio não foi aceito pelas
freiras do orfanato e nem pela sua mãe biológica. Mas Jair Antônio foi
insistente. Para afastar a menina de perto do namorado a transferiram para
outro orfanato da mesma congregação em Brasília. Jair Antônio não desistiu.
Juntava todo o dinheiro que ganhava trabalhando num escritório de despachante e
rumava, pelo menos uma vez por mês, de ônibus, à Brasília para ver sua amada.
O namoro entre os dois demorou pelo menos sete anos. Laudenice tinha 14 anos quando começou a namorar Jair Antônio. Os dois se casaram na pequena capela do orfanato em 15 de setembro de 1973. Vinte e cinco anos depois voltaram, na mesma capela, para celebrar as Bodas de Prata e agora, novamente, para comemorar as Bodas de Ouro, numa missa celebrada pelo bispo e com a presença do prefeito e dois deputados estaduais. “Só temos que agradecer ao Lar de Fátima por tudo que nos fizeram”, afirma Laudenice. E Jair Antônio diz que não se arrepende. "Se pudesse faria tudo novamente".
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Casal Laudenice e Jair Antônio recebem as benção do bispo dom Vilar |
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Casal comemora 50 anos de casados com a presença do prefeito Edinho Araújo |
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O casal Jair e Laudenice posam para foto defronte ao prédio do Lar de Fátima, com raios solares parecendo uma luz divina vinda do céu |
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Elaine Maria e Hélia Granzoto, damas da caridade, junto com o bispo dom Vilar |
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Bispo dom Vilar coloca o colar roxo em Elaine Nakamura, sob os olhares de Hélia Granzoto e Elaine Maria |
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Os deputados Valdomiro Lopes e Itamar Borges, adversários na política, sentam-se lado a lado e no mesmo banco do coronel Jean Charles e do prefeito Edinho Araújo |
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Capela do Lar de Fátima reuniu autoridades e integrantes da Associação das Damas de Caridade |
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