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Mausoléu do Soldado Constitucionalista em São Paulo: Viveram pouco para morrer bem. Morreram jovens para viver sempre. |
Há 23 anos, desde 1997, o dia 9 de julho passou a
ser feriado civil no Estado de São Paulo. Excepcionalmente por causa da
pandemia do coronavírus o feriado neste ano acabou não sendo feriado na data,
porque foi antecipado pelo Governo do Estado.
O Nove de Julho, nomes de muitas ruas, avenidas em
diversas cidades paulistas e até do prédio que serve de sede à Assembléa Legislativa,
o Palácio Nove de Julho, celebra uma data magna para os paulistas, em memória
ao dia em que os paulistas pegaram em armas para defender o regime democrático
no Brasil, deflagando a Revolução Constitucionalista de 1932. A data foi
oficializada em 1995 pelos deputados estaduais. Mas somente em 1997 foi
sancionada pelo então governador Mário Covas.
A Revolução de 1932 foi um movimento armado que
eclodiu com diversas manifestações populares. O objetivo era a derrubada do
presidente Getúlio Vargas, que estava no poder desde 1930. A população paulista
começou a protestar contra a ditadura de Vargas, que governava de forma
discricionária, sem Constituição Federal que delimitasse os poderes ao
presidente da República. Somando-se a isso, tampouco havia Congresso Nacional, Assembleias
Legislativas e Câmaras Municipais.
Uma das primeiras manifestações, que reuniu cerca
de 100 mil pessoas na Praça da Sé, para protestar e manifestar a insatisfação
da população. No dia 23 de março (nome dado a uma das principais avenidas da Capital
paulista) durante manifestação na Praça da República quatro estudantes foram
assassinados ao tentar invadir a sede do Partido Popular (PP) que abrigava
grupo político-militar que servia de sustentáculo ao regime de Getúlio Vargas.
As iniciais dos nomes por quais esses quatro
estudantes eram conhecidos formou-se o acrônico MMDC ( Martins, Miragaia, Dráusio
e Camargo). Eles ficaram como mártires da Revolução Constitucionalista de 32.
Após a fuzilaria, houve vários feridos e mortos. Mais
de 35 mil paulistas lutaram e pelo menos 890 pessoas morreram nos combates.
Homenagens
A toponímia da cidade de São Paulo homenageia
todos os nomes e datas da Revolução de 1932.
As ruas Martins. Miragaia, Dráusio, Camargo, Alvarenga e MMDC se intercruzam no
bairro do Butantã. Em diversas do interior paulista, como São José do Rio
Preto, possuem monumentos erguidos em homenagens aos soldados
constitucionalistas. Em Rio Preto esse monumento está na frente do prédio do
Fórum.
Birigui
Em Birigui uma das principais avenidas da cidade
leva o nome de Avenida Euclides Miragaia, que empresta um dos “M” para o
acrônico MMDC. Filho de José Miragaia e Emília Bueno Miragaia, Euclides Bueno
Miragaia nasceu em São José dos Campos, em 21 de abril de 1911, e morreu quando
tinha 21 anos no memorável conflito do dia 23 de maio de 1932.
Estudou na Escola de Comércio Carlos de Carvalho e
na época trabalhava como auxiliar no cartório de seu tio, irmão de seu pai, na
capital paulista.
Após a tragédia que abalou toda a família
Miragaia, seus pais, José e Emília Miragaia, mudaram-se para Birigui, onde um
de seus irmãos, Joaquim Miragaia, chegou a jogar futebol no conhecido time
Bandeirante, do qual posteriormente tornou-se diretor. Sua prima Vicentina
Miragaia, a Jáu, foi jogada da Seleção Feminina de Basquete, no ano de 1951.
O corpo de Miragaia foi enterrado com pompas de
herói no cemitério de São José dos Campos. Em 1955, teve seus restos mortais, assim
como dos demais estudantes mortos no conflito de 23 de maio, transladados para o
Monumento e Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo. Seu túmulo na cidade natal, ainda é preservado e
ostenta o desenho da bandeira de São Paulo.
Em Birigui a avenida que leva o nome de Euclides
Miragaia, com mais de cinco quilômetros de extensão, foi durante muitos anos a
única via de entrada e saída da cidade. Os mais antigos moradores contam que os
pais do jovem residiram antes nessa avenida.
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Concentração de pessoas na Praça da República, em São Paulo, no dia 23 de março de 1932 |
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Enterro do jovem Euclides Miragaia no cemitério de São José dos Campos |
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Avenida 23 de Maio, batizada em homenagem aos jovens mortos no conflito de 1932 |
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Avenida 9 de Julho, outra homenagem dos paulistanos para a Revolução de 1932 |
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Avenida Euclides Miragaia, onde os pais desse jovem moraram após a tragédia de 32 |
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Euclides Miragaia, que empresta nome para uma das principais avenidas de Birigui |
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Brasil