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A História do Grupo Hirano e o legado fotográfico no Brasil

Eizi Hirano com um dos aviões da sua frota de veículos


 Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

O Grupo Hirano foi uma das maiores organizações fotográficas do Brasil, criado pelos irmãos Jorge, Giro e Eizi Hirano. Filhos de imigrantes japoneses — Tikuyo e Yukio — que chegaram ao Brasil, junto com a leva de imigrantes, entre 1928 e 1935, os irmãos nasceram em Padre Nóbrega, distrito de Marília, e cresceram em Tupã. Ainda adolescentes, começaram a trabalhar no laboratório de imagens do tio, que logo deixou o negócio para os sobrinhos.

 O Foto Ideal foi o primeiro empreendimento da família e marcou o início de uma carreira de sucesso. Inicialmente, os irmãos fotografavam crianças de casa em casa, produzindo pôsteres que rapidamente se tornaram populares. Com o tempo, expandiram os negócios adquirindo veículos, imóveis, fazendas e até aviões. A empresa chegou a ter mais e 300 veículos, entre eles dois aviões. 

 Enquanto Giro e Jorge seguiram outros caminhos, Eizi fundou a Jet Color, que nos anos 1970 empregava quase 400 funcionários e fotografava até 100 mil formandos por mês. Com laboratórios móveis em eventos, a empresa revolucionou a fotografia de formaturas e casamentos, consolidando Tupã como a “Capital Nacional da Fotografia”. A Jet Color também foi pioneira na revelação de fotos coloridas no Brasil, ao lado da Kodak, Curt e da Fuji, e desempenhou papel decisivo no fechamento de pequenos estúdios concorrentes.

Fotos coloridas

Uma das lojas da Jet Color, da família Hirano. A sigla Jet, segundo ex-funcionários, vinha dos nomes dos proprietários Jorge, Eizi e da cidade de Tupã


Com uma extensa rede de vendedores que captavam um número imensurável de contratos para fotografar casamentos e formaturas, a Jet Color conseguiu desbancar, e levar à falência, centenas de pequenos estúdios fotográficos do interior do Estado. Quando surgiu a fotografia colorida no Brasil, havia apenas três laboratórios que faziam a revelação em cores: Kodak, Fuji, Curt e Jet Color.

 Ninguém mais queria fotos em preto e branco. Todos queriam que o registro fosse em cores. O volume de contratos era tão grande que, mesmo com mais de 400 funcionários, a empresa não conseguia dar conta da demanda. Para suprir essa necessidade, a Jet Color passou a contratar os próprios fotógrafos das cidades para realizarem os trabalhos como freelancers.

 Nos anos 1980, a Jet Color foi adquirida pela rede de óticas Iguatemy após auditoria interna identificar desvios. O espanhol Juan Arquer Rúbio possuía cerca de 400 lojas no ramo ótico e com a incorporação da Jet Color passou a operar também no ramo de cine-fotos.

 Em âmbito pessoal, Eizi Hirano teve grande repercussão ao ser acusado da morte de sua esposa, Clélia Damião Hirano, mas foi inocentado graças à atuação de seu advogado, Márcio Thomaz Bastos. Mais tarde Bastos foi ministro da Justiça no primeiro governo do presidente Lula. O empresário faleceu em 30 de abril de 1998, vítima de acidente de trânsito em Tupã.

 Filha presa

 Recentemente, sua filha Klio Damião Hirano esteve envolvida em episódios políticos controversos. Em 2022, foi presa em Brasília por atos de vandalismo contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela havia concorrido à prefeitura de Tupã em 2020, obtendo apenas 346 votos e ficou em último lugar entre quatro candidatos. Em 2024, ainda monitorada por tornozeleira eletrônica, concorreu a vereadora pelo PRD, alcançando 64 votos.

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