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Mercedes Sosa, a cantora com voz super afinada que encantou o mundo |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
Mercedes Sosa não foi apenas uma cantora: foi a alma sonora da América Latina. Nascida em 1935 em San Miguel de Tucumán, cidade onde foi assinada a declaração de Independência da Argentina e coincidentemente no mesmo dia – 9 de julho – em que essa declaração foi proclamada em 1818. Devido a sua ascendência indígena, ela foi árdua defensora dos povos sul-americanos.
Filha de uma família humilde, desde cedo demonstrou sensibilidade artística. Ainda jovem, ganhou um concurso de rádio que marcou o início de uma carreira extraordinária. Seu repertório, profundamente ligado ao folclore argentino e à Nueva Canción Latinoamericana, incluía canções de protesto, hinos à liberdade e homenagens ao povo.
Na Argentina, ela deu voz às lutas, às dores e às esperanças de um continente inteiro. Com seu timbre inconfundível e uma presença que transcendia os palcos, Mercedes se tornou símbolo de resistência, justiça social e identidade cultural. Durante a ditadura militar na Argentina, Mercedes Sosa foi perseguida, censurada e chegou a ser presa em pleno palco, durante um show. O exílio foi inevitável. Morou em Paris e depois em Madri, mas suas músicas nunca deixaram de ecoar por toda a América Latina. Ao retornar ao seu país, foi recebida como heroína.
Seu legado vai além das canções. Gravou mais de 50 álbuns fonográficos. Interpretou compositores como Violeta Parra, Atahualpa Yupanqui, Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso e Pablo Milanés, sempre com uma força interpretativa comovente. Imortalizou músicas como “Gracias a la Vida”, “Solo le Pido a Dios”, “Alfonsina y el Mar” e tantas outras.
Mercedes Sosa faleceu em 4 de outubro de 2009, aos 74 anos, mas sua voz continua viva, como memória, como luta, como arte. Ela foi, e sempre será, a voz dos sem voz. No dia de sua morte, a presidente Cristina Kerchner declarou luto oficial de três dias e antecipou o retorno de uma viagem à Patagônia para comparecer ao velório da cantora. Nos estádios argentinos foi feito um minuto de silêncio, antes de todos os jogos do Torneio Abertura 2009.
Seu corpo foi velado no Congresso Nacional, em Buenos Aires, e cremado. Parte de suas cinzas, a seu pedido, foram espalhadas em sua terra natal, San Miguel de Tucumán, em Mendoza e Buenos Aires, cidades onde ela morou e passou boa parte de sua vida. Clique aqui para ouvir "Gracias a la Vida" e aqui para ouvir "Solo le Pido a Dios", canções imortalizadas na voz de Mercedes Sosa.
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Mercedes Sosa, quando jovem atraia a atenção pela sua beleza e pela sua voz |
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Ela cantava com a alma e o coração músicas de dor e de protesto |
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Com a presidente Cristina Kerchner, de quem era muito amiga |