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Londrina, a Londres Brasileira, trocou o chá pelo café paranaense

 

Cidade de Londrina, no Paraná, é conhecida como a "Londres Brasileira"

Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

O apelido “Londres brasileira” dado a Londrina, no Paraná, não é por acaso. A origem do município, hoje com mais de 555 mil habitantes, está diretamente ligada à presença de ingleses na região. Até as duas primeiras décadas do século passado, o norte do Paraná era coberto por matas densas e inexploradas. 

Essa vasta área de terras férteis, conhecidas como “terra roxa” ou “vermelha”, começou a despertar interesse internacional, especialmente dos ingleses que já vinham avançando com a cultura do café no estado de São Paulo. A Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP), formada por investidores ingleses, adquiriu grandes glebas de terra com o objetivo de colonizar, explorar e vender lotes para brasileiros, principalmente do Sul e Sudeste, e imigrantes europeus que desejavam se instalar na região.

Em 1902 o único marco civilizatório naquela região era a cidade de Cambará, fundado pelo mineiro Alexandre Domingues Caetano, que chegou na área montado sobre um carro de boi. Enquanto isso uma imensidão de áreas de terra roxa de domínio estadual, nas margens do rio Tibagi, permaneciam inexploradas. O processo de colonização, promovido pelo governo, era lento e ineficaz. A deflagração da Primeira Guerra Mundial interrompeu e retardou o fluxo migratório, deixando a região ainda mais abandonada.

Foi somente por volta de 1920 que a CMNP começou a operar na região com ambicioso projeto de colonizar e desenvolver o norte do estado do Paraná por meio da venda de lotes rurais e urbanos à imigrantes brasileiros oriundos de outros estados e também para imigrantes de países europeus. Os ingleses se concentraram em grande número e se adaptaram bem ao clima tropical.

Em 1935, foi oficialmente fundada a cidade de Londrina, cujo nome é uma homenagem direta à capital britânica. O diminutivo “Londrina” significa literalmente “pequena Londres”, como de fato é a cidade paranaense perto dos cerca de 8,7 milhões de habitantes de Londres.

Desde o início, Londrina se destacou por seu planejamento urbano moderno, com ruas largas, lotes bem definidos e infraestrutura pensada para o crescimento. Isso também atraiu, além dos ingleses, colonos vindos principalmente do estado de São Paulo, e de países europeus como Alemanha, Itália e Japão. 

A cidade é cortada pelo rio Tibagi, um dos principais afluentes do Paraná

A cidade cresceu e se desenvolveu rapidamente com a expansão da cafeicultura, tornando-se um dos maiores polos produtores de café do mundo nas décadas de 1940 e 1950. Foi considerada nessa época como a “capital mundial do café”. Sua estrutura urbana moderna, planejada e organizada, também foi o reflexo do planejamento em modelos europeus, o que reforçou ainda mais a ideia de uma cidade cosmopolitana e avançada para os padrões da época. 

Localizada a 369 km da capital, Curitiba, Londrina exerce influência sobre o todo o Estado do Paraná. É a quarta cidade mais importante da região sul do Brasil. Além da agricultura forte, a cidade é também polo industrial e se destaca no setor de comércio e serviços. A Universidade Estadual de Londrina (UEL) é uma das maiores e mais conceituadas do país. 

Vista aérea da moderna catedral de Londrina

Folha de Londrina

A “Folha de Londrina”, apesar de ser um jornal do interior, teve influência estadual. Começou a circular, como semanário, em 1948 quando a cidade tinha 20 mil habitantes. Criado por João Milanez, um catarinense filho de imigrantes italianos, que desembarcou na cidade com o intuito de fundar um jornal. Ele investiu suas economias para a abertura do jornal, que contava apenas com uma mesa, duas cadeiras e uma máquina de escrever, além de três caixas de tipos para composição manual. A impressão era terceirizada até Milanez adquirir uma rotativa plana.

No final da década de 1980, a “Folha de Londrina” circulava em mais de 500 localidades. O jornal era distribuído por uma vasta frota de camionetes em todo o Paraná, parte de Santa Catarina, Sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul. A tiragem era de 45 mil exemplares durante a semana e 60 mil nos domingos. Nesse período, a empresa comprou três emissoras de rádio em Londrina e uma TV chamada Tarobá, em Cascavel, no oeste paranaense.

Em 1992, apesar de se manter na administração da “Folha de Londrina” até 2002, os filhos de Milanez, aceitaram ajuda do senador José Eduardo de Andrade Vieira, que se tornou sócio e depois único proprietário da empresa. Andrade Vieira foi dono do Banco Bamerindus, depois HSBC que foi vendido ao Bradesco. Foi senador e ministro da Agricultura no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.

A chegada do trem, em 1934, trouxe muito desenvolvimento para Londrina

Comemoração em 1934 da chegada dos trilhos da linha férrea à Londrina

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