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| Nossa Senhora de Guadalupe e Santa Rosa de Lima, santas veneradas pela população peruana |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
No Peru, terra onde o Papa Leão se naturalizou e morou por quase 30 anos, a fé católica está profundamente enraizada na cultura do país, e entre as figuras mais veneradas destacam-se duas santas: Nossa Senhora de Guadalupe e Santa Rosa de Lima. A devoção a essas santas é marcada por celebrações religiosas, procissões e manifestações populares que reúnem milhares de fiéis. Santa Rosa de Lima, padroeira das Américas, é especialmente querida por ser nativa do Peru. Ela é a primeira santa canonizada nascida no continente americano.
Já Nossa Senhora de Guadalupe, embora tenha origem mexicana, conquistou um lugar especial no coração dos peruanos, simbolizando proteção e esperança. A influência dessas devoções vai além da esfera religiosa, refletindo-se também nas artes, na literatura e nas tradições populares peruanas.
É muito comum em Lima e nas cidades do interior encontrar pequenos altares nas casas com imagens dessas santas. Assim como é frequente essas imagens, terços ou crucifixos pendurados no espelho retrovisor nos para-brisas dos veículos, principalmente dos taxistas, como forma de proteção aos motoristas. E realmente tem que ter proteção porque o trânsito por lá é realmente bastante complicado.
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| Santa Rosa de Lima é a padroeira do Peru e tem até feriado dedicado a ela no país |
Santa Rosa de Lima, nascida em 1586, dedicou sua vida à oração, à penitência e ao cuidado dos pobres e doentes. Sua figura tornou-se um símbolo de caridade e humildade, sendo homenageada em todo o país com igrejas, monumentos e até um feriado nacional em sua memória, celebrado em 30 de agosto. Já Nossa Senhora de Guadalupe, cuja imagem milagrosa surgiu no México em 1531, representa a união entre a fé cristã e as raízes indígenas da América Latina. Sua presença no Peru demonstra a integração dos povos latino-americanos por meio da espiritualidade compartilhada.
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| Quase todos os carros andam com um rosário ou alguma imagem de santo no espelho retrovisor |
História de Guadalupe
A História de Nossa Senhora de Guadalupe conta que a Virgem Maria apareceu a um indígena chamado Juan Diego no Monte Tepeyac, perto da atual Cidade do México. Era o ano de 1531 e os missionários espanhóis tentavam em vão apresentar o Evangelho de Jesus Cristo aos índios astecas. A dificuldade era grande. Aquela população já habitava o México há milhares de anos e tinha suas crenças enraizadas. Seus deuses eram o sol, a lua e as estrelas, além da serpente, a quem ofereciam sacrifícios.
Os missionários espanhóis apenas conseguiram converter alguns poucos índios. Um destes índios chamava Cuauhtitlantoadzin e havia sido batizado aos 50 anos, quando recebeu o nome de Juan Diego. Junto com a esposa, que recebeu o nome de Maria Lúcia, começaram a praticar a fé cristã e chegaram a caminhar 24 quilômetros para participar da missa no povoado de Tiatelolco e dos encontros de catequese promovido pelos padres franciscanos.
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| Guadalupe aparece para o índio Juan Diego e pede para que seja construída uma igreja com o seu nome |
Conta que certo dia Juan Diego estava indo para as aulas de catequese quando a Virgem Guadalupe lhe apareceu pedindo que pedisse ao bispo para construir um templo em seu nome, para honrar e glorificar a Deus. O bispo, inicialmente cético, pediu a Juan Diego que coletasse rosas e as trouxesse em seu manto para enfeitar a pequena igreja local. E assim ele fez, mas quando Juan Diego abriu o manto diante do bispo, a imagem da Virgem, com as rosas, apareceu impresso no tecido do seu manto.
Nossa Senhora Guadalupe se tornou padroeira do México e da América Latina. Na Cidade do México foi construído em sua homenagem um dos maiores santuários do mundo. O índio Juan Diego foi canonizado pelo Papa João Paulo 2º em 2002.
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| Imagem de Guadalupe apareceu impressa no manto do índio Juan Diego |
Santa Rosa de Lima
A padroeira oficial do Peru é Santa Rosa de Lima, que também é considerada padroeira de muitos países da América Latina, das índias e das Filipinas. Ela foi a primeira mulher a ser canonizada nas Américas e é conhecida por sua vida de devoção e serviços aos necessitados. É invocada também como protetora dos floricultores e jardineiros, contra as erupções vulcânicas e ainda em casos de feridas ou de brigas familiares.
Santa Rosa de Lima, cujo nome de batismo era Isabel Flores de Oliva, nasceu em Lima, Peru, em 1586. Ela viveu uma vida de simplicidade e solidariedade, dedicando-se à oração e à ajuda aos pobres. Foi reconhecida por sua beleza desde pequena, quando ajudava a família a cuidar das plantações de flores.
Ela faleceu em 24 de agosto de 1617, durante a festa de São Bartolomeu, aos 31 anos de idade como ela mesmo profetizou. O Papa Clemente 10 a canonizou em 1871. Seus restos mortais são venerados na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Lima.
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| Próximo da Cidade do México está o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe |
