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Palhaço Bambolê está há 60 anos nas arenas dos rodeios

 

Narcísio Domingues é o palhaço Bambolê que atua nos rodeios há quase 60 anos

 Narcísio Lourenço Domingues, o palhaço Bambolê, nasceu em um mundo onde a lona do circo era o céu, e as estrelas, as luzes coloridas que piscavam nos holofotes. Desde os 10 anos, ele viveu entre o aroma da pipoca, o som das risadas e a música que acompanhava os malabares e acrobacias.

 Sua infância não teve paredes de tijolos, mas sim as lonas que se erguem para abrigar sonhos e sorrisos. Cresceu entre os artistas, ouvindo histórias de cada um, aprendendo a magia de fazer os outros rirem. O tempo foi passando, e os anos no circo se tornaram sua vida. Quando Narcísio atingiu a adolescência, já era parte da alma do espetáculo. No início, ele tentou se encaixar em outras funções – o assistente de malabarista, o ajudante de trapezista – mas logo descobriu que seu verdadeiro lugar era no picadeiro, como o palhaço que, com um sorriso e alguns gestos engraçados faziam a plateia dar boas gargalhadas.

Narcísio conta que foi abandonado pelos pais, que não tinham condições de cria-lo, na porta de um circo. O pai era boiadeiro e sobrevivia de pequenos bicos na lavoura, enquanto sua mãe levava roupas e trabalhava como faxineira na casa dos outros. Nascido na cidade de Novo Horizonte, em 5 de novembro de 1953, quando tinha 10 anos foi acolhido pelo casal Anita Aparecida e Arlindo Brás, que já tinha a filha Yara. O casal era dono do circo Cirval, de Porto Ferreira. Faziam de tudo um pouco no circo. Trabalhavam como malabaristas, acrobatas e se vestiam como os palhaços Tramela e Anita.

Quando ainda pequeno ele encarnou o personagem palhaço Furreca. Aos 23 anos resolveu tentar a vida nos rodeios. Primeiro como montador de cavalos e depois de touros e de bois. Acabou quebrando duas costelas e teve de colar pinos na perna para poder continuar andando. Com o sucesso da novela Bambolê resolveu criar um personagem com esse nome.

Metido a engenheiro mecânico ele comprou um automóvel Fiat 147 e o adaptou para ser o “Táxi Maluco”. “Em toda região e acho que em todo o Brasil não tinha ninguém que fazia isso”, lembra, contando que tirou todos os vidros do carro para evitar acidentes mais graves. Entrava na pista do rodeio com esse carro velho e a cada tiro que pipocava da espingarda caia uma porta do carro no chão. “E o público morria de dar risadas”, lembra, dizendo que o carro ia, aos poucos, sendo todo desmontado dentro da pista do rodeio. “Ganhei muito dinheiro fazendo essa palhaçada”.

Da mesma forma que ganhou muito dinheiro, Narcisio também perdeu. Casou ou ajuntou sete vezes com mulheres diferentes. Fez 12 filhos. “Fora os que eu não sei”, brinca, dizendo que foi muito mulherengo, e que por isso acabou perdendo quase tudo o que ganhou nos rodeios. Hoje com 71 anos de idade ele mora, faz dois anos em Nova Itapirema, distrito de Nova Aliança. Está casado faz 26 anos com uma mulher de 47 anos, com quem teve dois filhos. “O mais velho, de 26 anos, produz vídeos para os Estados Unidos e o mais novo, de 21 anos, é montador de camarins e viaja por todo o Brasil”.

Atualmente Narcisio ainda trabalha nos rodeios para entreter o público como Palhaço Bambolê. Mostrou para a reportagem da Folha2 que está agenda cheia quase o ano todo. Tem compromissos assumidos para as festas do peão em Uchôa, Paraiso, Palestina, Paulo de Faria, Monte Aprazível e uma série de cidades da região Noroeste. “Para onde me contratam eu vou”, afirma, acrescentando que não tem medo de enfrentar serviço dentro da arena do rodeio.

 

Vestido a caráter: o Palhaço Bambolê

 

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