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Prefeito Zé Pedro Rampim, de Nipoã, reduz seu próprio salário em 40% |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
Em tempos de crise e dificuldades financeiras, atitudes de líderes que se colocam à disposição do bem-estar coletivo são extremamente relevantes. Um exemplo disso é o prefeito de Nipoã, José Pedro Rampim, de 78 anos, que decidiu reduzir em 40% seu próprio salário como uma forma de contribuir diretamente para o município. Essa ação demonstra não apenas o desprendimento do prefeito, mas também um gesto de solidariedade e responsabilidade diante das necessidades da cidade. Nipoã é uma pequena cidade de 4.750 habitantes no interior paulista. Fica na região de São José do Rio Preto (SP).
Pela
lei, aprovada pela Câmara, o salário do prefeito seria de R$ 13.197,90. Mas,
com a redução, por meio de decreto, ele vai receber apenas R$ 7.918,74,
representando uma economia mensal de R$ 5.279,16. Ao final do mandato, fora a
inflação e correção monetária, a economia aos cofres públicos será de R$ 253.399,68.
A
redução do seu próprio salário foi um dos seus primeiros atos desde quando
assumiu o cargo pela primeira vez em janeiro de 2021. No decreto assinado pelo
prefeito está previsto que a redução não se aplica ao teto remuneratório que
serve como base para reajuste e pagamento dos salários dos demais servidores. “Tivemos
esse cuidado também para não prejudicar servidores e contratações, principalmente
de médicos. Para isso continua valendo o subsídio vigente antes do decreto”,
explica o prefeito que é economista por formação e aposentado, depois de
trabalhar 30 anos na Ford em São Paulo.
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Decreto assinado pelo prefeito Zé Pedro reduz seu próprio salário em 40% |
Economia de quase meio milhão de reais
E
não é a primeira vez que Zé Pedro, como é carinhosamente chamado pelos
moradores, realiza a redução do seu próprio salário. No mandato anterior ele
praticou o mesmo índice de redução em seu salário. O salário que deveria ser de
R$ 12.300 com os 40% de redução ficou em R$ 7.380, uma renúncia de R$ 4.920, resultando
numa economia de R$ 236.160. Em seus dois mandatos, conseguirá uma economia de
mais de meio milhão de reais. Serão exatamente R$ 489.559,68 economizados. No
decreto que tem vigência até 31 de dezembro de 2028, quando termina seu mandato
a frente da prefeitura, ele deixou bem claro que todo dinheiro economizado
deverá ser investido nos setores da saúde e educação.
Rampim
afirma que não faz isso para se aparecer ou virar notícia. Tanto é que pouquíssimas
pessoas e eleitores sabiam ou tiveram conhecimento de que ele teria reduzido
seus vencimentos durante os quatro anos de seu primeiro mandato, quando venceu
as eleições por uma diferença de apenas 9 votos (31,38% dos votos válidos) ao
enfrentar outros três adversários nas urnas. Nas eleições de 2024 ele mais do
que dobrou a votação, saltando de 961 votos em 2020 para 2.089 votos (63,63%),
enfrentando outros dois candidatos.
Nascido
em Nipoã, Zé Pedro é filho de família pioneira que ajudou a construir as
primeiras casas ao redor do antigo cruzeiro levantado, em 1904, na cidade pelos
irmãos Presciliano e Manuel Pinto de Oliveira, considerados como fundadores do
povoado antes chamado de Boa Vista da Cachoeira. Nipoã, que significa na língua
tupi-guarani “campo redondo”, ganhou esse nome quando o lugarejo foi elevado à
distrito de Mirassol e mais tarde de Monte Aprazível. Em 30 de dezembro de 1953
foi elevado à município, somente dois anos depois foi oficialmente instalado.
“Com
vinte e poucos anos eu me mudei para São Paulo e passei praticamente minha vida
toda trabalhando por lá”, lembra Zé Pedro. “Mas vinha todos os meses para Nipoã
e acompanhei a emancipação da cidade e o mandato dos outros 15 prefeitos que me
antecederam no cargo”. Casado com Darci Decares Rampim, com quem tem a filha
única Ana Luiza, arquiteta que reside na Dinamarca, Zé Pedro resolveu, após ter
se aposentado e a filha encaminhada na vida, que era o momento de fazer alguma
pela cidade que tanto ama.
Aos 75 anos de idade foi eleito prefeito. “Nunca fui político. Eu sei o que estou fazendo e o que vou fazer”, afirma, ao lembrar que assumiu uma prefeitura completamente endividada. “A prefeitura estava um bagaço”, ressalta, explicando que tinha mais de R$ 8 milhões de dívidas para um orçamento em torno de R$ 20 milhões. Aos poucos, com a experiência de ter trabalho anos no setor de finanças de diversas para diversas empresas, conseguiu saldar boa parte das dívidas herdadas. “Hoje podemos dizer que a situação financeira de Nipoã está saneada. Mas temos ainda muitas coisas a fazer e resolver”.
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Zé Pedro mais que dobrou sua votação e foi reeleito prefeito de Nipoã |
Bom exemplo
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Nipoã, cidade onde o prefeito reduz seu próprio salário e o município economiza quase meio milhão de reais |