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Paulo James vai no campo de Conceição de Monte Alegre para narrar a história do "meio gol" |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
Um fato inusitado no
resultado de um jogo de futebol aconteceu em Paraguaçu Paulista, mais
precisamente no distrito de Conceição de Monte Alegre, quando o time visitante
venceu a equipe da casa por “meio gol”. Parece um absurdo, pois a premissa de
um time vencer o outro por “meio gol” é, por definição, impossível.
Quem
conta essa história, em detalhes, é o repórter Paulo James, em seu canal do
Youtube. Segundo James, o campeonato reuniu
20 equipes do futebol amador de Paraguaçu Paulista. E para a grande final,
depois de vencer as demais equipes e as terem eliminadas nas oitavas e quartas
de finais, a forte equipe do ABC de Paraguaçu Paulista entrou em campo para
enfrentar a também forte equipe local do Alegrete Futebol Clube.
James
conta que o então prefeito Lauro Ferreira Braga já estava a postos na beira do
gramado, juntamente com outras autoridades, à espera do encerramento do jogo para entregar medalhas aos atletas e
o troféu de campeão do campeonato. Faltando um minuto para encerrar o segundo
tempo, o juiz da partida apita assinalando um pênalti contra o time da casa. As
torcidas, de ambas as equipes, ficaram em alvoroço. Gerou aquele clima de
tensão entre os torcedores.
Bola de capotão
O centroavante,
escalado pelo técnico, se preparou, para chutar a bola e não perder a
oportunidade daquele pênalti para marcar o gol. Naquele tempo a bola utilizada
em jogo era de capotão, bem diferente das bolas oficiais usadas hoje em dia. A
bola de capotão era um ícone do futebol amador e dos jogos de rua de muitas
gerações. Com sua construção simples e resistente, ela proporcionava aos
jogadores horas de diversão e paixão pelo esporte. Uma das características
dessa bola era de que ela não era tão perfeita como as bolas oficiais de agora.
Geralmente
confeccionada, pelos presos, dentro das cadeias, com couro natural ou sintético
de baixa qualidade, a bola de capotão era mais pesada e menos redonda do que
são as bolas de hoje. As costuras eram a mão, o que conferia à bola uma
durabilidade incrível, mas também a tornava mais irregular e imprevisível. E
foi justamente uma dessas imprevisibilidades que ocorreu nesse jogo de final de
campeonato. Quando o centro avante chutou a bola, o petardo fez com a bola
estourasse no ar. A bola se dividiu em duas partes. O capotão foi parar nas mãos do goleiro do Alegrete, mas a
câmara de ar entrou no gol e fez balançar a rede.
E aí
imagina a confusão que se formou naquele campo de futebol. Jogadores e a
torcida do time local comemoravam o fato do goleiro ter segurado a bola. Porém
jogadores e torcida do time visitante também vibravam, comemorando o gol
marcado com a quase redondíssima câmara de ar da bola adentrado ao gol, fazendo balançar a rede.
Uma pena que naquele tempo não existissem as câmeras “tira-teima” para os
árbitros e nós revermos esse inusitado lance da partida.
Juiz acuado deu a decisão para agradar ambas equipes
O juiz
ficou acuado e sentiu-se pressionado por ambos os lados. Por instantes ficou
sem saber se desconsiderava ou se dava como gol consumado aquele lance. A
pressão era grande dos dois lados. Até que, inusitadamente, ergueu as mãos e anunciou
que a decisão não seria nem para um e nem para outro lado. Decretou que a
vitória seria dada ao time do Paraguaçu, mas com apenas “meio gol”, porque a
bola não entrou por inteiro, ficando dividida ao meio: metade nas mãos do
goleiro e outra metade passando por debaixo das traves e balançando as redes do
gol.
Esse inusitado lance entrou para a história. Cópias da súmula do resultado do jogo foram parar nas páginas dos principais jornais da época. Mais tarde algumas emissoras de televisão também noticiaram esse curioso resultado. E o fato é até hoje comentado pelos moradores de Paraguaçu Paulista e do seu distrito Conceição de Monte Alegre.
Curiosidades e boas histórias
Paulo James possui canal no Youtube. Clique aqui para assistir o Canal de Paulo James. Leia também a história do antigo município de Conceição de Monte Alegre que antes de ser rebaixado para distrito reinava praticamente sozinho no sertão do oeste paulista. Para se ter ideia da extensão territorial e a importância do que foi Conceição de Monte Alegre, basta dizer que, até 1915, quando chegaram na região os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana, cidades como Rancharia, Quatá, Paraguaçu Paulista, Martinópolis e a grande Presidente Prudente figuravam como distritos de Conceição de Monte Alegre. Clique aqui para ler essa matéria completa.
O restaurante funcionou bem, durante muitos anos, até que um belo o dia o gerente de um banco chamou o dono do restaurante, conhecido pelo apelido de Jóia, e reclamou da comida. Disse que naquele dia o prato estava salgado demais ou algo assim. Inconformado com a reclamação do cliente, Jóia foi até a cozinha, pegou seu revólver calibre 38 e disparou a arma sobre o freguês. O crime foi cometido na frente da esposa e dos dois filhos do gerente. O próprio Jóia se entregou à Polícia. Cumpriu parte da pena recluso e depois, em liberdade provisória, voltou a tocar o restaurante. Mas nunca mais ouviu nenhuma reclamação da comida. Fazendo jus ao apelido, todos respondiam que a comida “estava jóia”. Clique aqui para ler, com mais detalhes essa matéria.
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Vista aérea da igreja e da praça da matriz do distrito de Conceição de Monte Alegre que, no passado já foi município importante do Estado de São Paulo |
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Vestiários do campo de futebol de Conceição de Monte Alegre, hoje distrito de Paraguaçu |
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Paulo James possui canal no Youtube onde conta diversos "causos engraçados" |
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Bola de capotão antiga. Observe as costuras, feitas a mão, onde o couro estava rasgado |