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Casal venezuelano, que pede esmolas em Rio Preto, diz que votaria na oposição na Venezuela



Venezuela pede esmola no semáforo em frente do Riopreto Shopping. Ela esconde o rosto com medo de ser identificada pelo sistema de busca da Venezeula


Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

O casal de venezuelanos Luiza e Eduardo Caracan Garcia, respectivamente com 40 e 41 anos de idade, pediam esmolas, nesta quinta-feira (25), aos motoristas que paravam no semáforo defronte ao Riopreto Shopping. Segurando um cartaz, escrito a mão, num papelão improvisado, misturando algumas palavras em espanhol com outras em português, o casal pedia ajuda, informando que tem dois filhos, ainda crianças para cuidarem. 

Luiza e Eduardo contaram que faz seis meses que chegaram no Brasil e, meio por acaso, vieram parar em São José do Rio Preto. Na hora de tirar fotos, os dois esconderam o rosto por medo de serem reconhecidos pelo sistema venezuelano. As preocupações com a privacidade ainda persistem, por receio de consequências adversas ou até mesmo por motivos de segurança pessoal.

O casal Garcia é de Barcelona, cidade da Venezuela de cerca de 600 mil habitantes, capital do estado de Anzoátequi. A cidade foi fundada em 1761 pelo conquistador espanhol de origem catalão Joan Orpi. Assim como a Barcelona da Espanha, capital cosmopolita da Catalunha, a cidade venezuelana viveu ao longo da história diversos entraves políticos, tendo inclusive, no passado, até declarada a sua independência do restante do país. Disseram que saíram de lá porque não tinham mais condições de sobrevivência. Ela trabalhava como balconista num supermercado e ele como motorista de entregas. O que ganhavam mal dava para comer.

Tanto Luiza quanto Eduardo não votarão nas eleições deste domingo para a escolha do novo presidente da Venezuela. Alegam não ter recursos para viajar até Brasília, onde estará disponível o único local para venezuelanos residentes no Brasil poderem votar nestas eleições.

 Mas se pudessem votar, votariam em Edmundo Gonzales. “A Corina Yoris está apoiando ele”, justificou Luiza, mostrando que está antenada com os últimos acontecimentos no seu país. A oposição diz que a candidata foi impedida de registrar sua candidatura a presidente. Eduardo afirmou que para matar a fome em seu pais, ele e seus filhos estavam comendo mangas que recolhiam caídas no chão.

Situação é de miséria para os venezuelanos

Venezuelana pede esmola para os carros que param no semáforo em avenida de São José do Rio Preto

É triste ver que muitos venezuelanos têm enfrentado dificuldades tão grandes que os levam a pedir esmolas nas ruas. A crise econômica e política na Venezuela forçou muitas pessoas a deixarem seu país em busca de condições melhores. No Brasil, muitos encontram dificuldades para se estabelecerem e acabam em situações precárias. Isso destaca a necessidade urgente de apoio internacional e soluções diplomáticas para ajudar essas pessoas em suas necessidades básicas e para resolver as causas profundas dessa crise.

País vive situação econômica caótica

 A Venezuela tem uma população de 29,4 milhões de pessoas, das quais 21,4 podem teoricamente votar nas eleições presidenciais deste domingo (28). Há controvérsias sobre a quantidade de venezuelanos que vivem no exterior. De acordo com estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), emigraram cerca de 8 milhões de venezuelanos nos últimos anos, embora o governo de Nicolas Maduro alegue que esse número é de apenas 2 milhões.

Os venezuelanos radicados no Brasil enfrentarão dificuldades para votar, pois só poderão votar se estiverem regist6rados na Embaixada em Brasília. Dos setes consulados que a Venezuela tinha no país, cinco foram fechados entre 2019 e 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, e não reabriram após a normalização das relações bilaterais. O Consulado da República Bolivariana da Venezuela em São Paulo está, segundo o Google Maps, permanentemente fechado e as últimas fotografias mostram até placas para alugar o imóvel. A reportagem da Folha2 tentou falar na Embaixada da Venezuela em Brasília. Em diversos horários as chamadas são redirecionadas para uma gravação e ninguém atende as ligações.

 Pesquisa mostra vitória da oposição na Venezuela

Edmundo Gonzalez Urrutia faz parte de uma coligação com 11 partidos e tem a preferência do eleitorado, aponta pesquisa de intenção de votos na Venezuela

O presidente Nicolas Madura avisa que se ele não ganhar as eleições deste domingo, que haverá derramamento de sangue na Venezuela

 Pesquisa realizada pelo Instituto Delphos indica que Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro), tem quase 60% das intenções de voto nas eleições da Venezuela, marcadas para este domingo (28). Ele representa a coalizão formada por 11 partidos de centro-esquerda e centro-direita, em oposição ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda), que aparece em 2º lugar na disputa, com 24,6%. 

Foram realizadas 1.200 entrevistas presenciais, de 5 a 11 de julho, em toda a Venezuela. Os entrevistados têm mais de 18 anos e estão registrados para votar. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.

O voto no país não é obrigatório. Segundo a pesquisa, a taxa de participação deve ser alta: 80,6% dos entrevistados disseram que, “com certeza”, iriam votar. Outros 12% afirmaram que “talvez” votem. Já 6,5% responderam que “dificilmente” vão votar e 0,9% declararam que “jamais” votariam. 

 Pretendem votar em Edmundo González Urrutia 59,1% dos entrevistados. Maduro está com 24,6%. Os demais candidatos não ultrapassam 1,4%. Ainda não sabem em quem votar 9,2% dos eleitores e 2,8% escolheram a opção “nenhum dos candidatos”.

Declarações de Madura assustam o presidente Lula

Edmundo Gonzalez Urritia já foi embaixador da Venezuela  nos Estados Unidos e na Argentina. Maduro, que tenta o seu terceiro mandato, disse, na última segunda-feira (22), que vencerá as eleições “de lavada” e não quer “show, nem choradeira” da oposição. Ele acusou Urrutia de planejar um golpe de Estado. E na quarta-feira, Maduro afirmou que o país pode acabar em “banho de sangue” e “guerra civil” caso ele perca as eleições. Ele pediu aos eleitores que garantam a “maior vitória” da história.

As declarações de Maduro, assustaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Brasil. Lula disse que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, precisa respeitar o processo democrático para o país voltar à normalidade. Em entrevista a jornalistas de agências internacionais, o petista afirmou que o líder do país vizinho precisa aprender a vencer e a perder eleições.

“Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica. Quando você perde, você vai embora”, declarou Lula. Por sua vez, Madura rebateu as falas do presidente brasileiro e aconselhou Lula a tomar um “chá de camomila”.

Ao todo são 10 candidatos que disputarão as eleições presidenciais da Venezuela, marcadas para este domingo (28). Era para ter 13 concorrentes. Outros três candidatos se inscreveram, mas desistiram de participar: Manuel Rosales, Juan Carlos Alvarado e Luís Ratti.

 A eleição para presidente na Venezuela tem apenas um turno e vence quem tiver o maior número de votos. O mandato para presidente é de seis anos e, no país, não limite de reeleição para o chefe do Executivo.

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Consulado da Venezuela em São Paulo foi fechado. Venezuelanos que moram no Brasil terão de ir até a Embaixada em Brasília para poderem votar


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