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Engenheiro Mário Júnior criou uma máquina que ninguém mais produz igual |
Nelson Gonçalves, Especial para a Folha2
O engenheiro Mário
Teixeira Peres Júnior e seu sócio e amigo Gabriel Gonçalves Dias Moreno
desenvolveram um equipamento, devidamente patenteado, que é o único no mundo
com comandos eletroeletrônicos para realizar limpeza e tratamento de
superfícies de forma ecologicamente correta. Antigamente utilizava-se o jato de
areia, que desde 2004 foi proibido no Brasil através da Portaria nº 99, de 19
de outubro de 2004, da Secretaria de Inspeção do Trabalho/Departamento de
Segurança e Saúde no Trabalho, porque gera o risco do operador contrair
silicose, doença pulmonar de caráter irreversível causada pela inalação da
poeira produzida pela areia que contém sílica livre cristalina ou cristalizada,
podendo inclusive levar, com o tempo, os indivíduos à morte por insuficiência
respiratória.
A multa aplicada para quem
desobedecer à Portaria nº 99/2004, que proíbe o jateamento com areia no Brasil,
varia de R$ 5 mil a R$ 500 mil, de acordo com a gravidade da infração. A
proibição do uso do jato de areia é uma tendência que se espalha por diversos
países.
Desde quando se formou em
Engenharia Civil na Unoeste e depois especializando-se em Engenharia de
Segurança do Trabalho pela Unimar, Mário sempre foi fuçado em descobrir novos
produtos e tecnologias. Quando trabalhava na unidade da Seara em Jacarezinho
alterou o processo da estação de tratamento de resíduos líquidos da unidade
atingindo a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) exigida pelo órgão ambiental e
depois criou o sistema “Comunique-se” de segurança que até hoje é utilizado
pela empresa, tendo sido premiado pelos progressos alcançados. Ele recebeu o
prêmio das mãos do então vice-presidente executivo da empresa, Sérgio Rial, que
na época estava sob o controle da Cargill. Sergio Rial, após a passagem pela
Cargill, foi presidente do Santander Brasil e CEO da Americanas que em janeiro
de 2023 descobriu um rombo de R$ 20 bilhões em inconsistências contábeis. Ele
conta ter ficado perplexo quando muitos anos depois de deixar da empresa Seara,
foi reconhecido por Rial no café da manhã de um hotel que fica em frente do
aeroporto de Congonhas. “Jamais poderia esquecer do engenheiro a quem entreguei
o prêmio de melhor engenheiro do ano”, justificou o ex-vice-presidente da
empresa.
Voo alto com negócio próprio
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Mário e a máquina que pelo tanto de serviço que realiza até que possui um tamanho pequeno e pode ser facilmente transportada para qualquer lugar |
Depois de atuar em
diversas empresas, e ter tido duas empresas próprias, sempre criando e
desenvolvendo novos produtos, Mário resolveu, em 2009, inovar e criar sua
terceira empresa própria. Ele já tinha em mente que desejava produzir um
equipamento que ninguém tivesse produzido antes. Assim, montou um plano de
negócios com o auxílio dos técnicos da Incubadora de Empresas de São José do
Rio Preto que fica instalada próximo do aeroporto e logo de cara ganhou a
confiança dos técnicos da sua ideia e de alguns possíveis investidores. Mas foi
seu então patrão, o empresário Gabriel Dias Moreno, que acreditou no potencial
do negócio e se tornou seu sócio na
empresa, nascendo ai mais que um negócio de sucesso mas uma grande amizade. A
partir daí surgiram os primeiros protótipos em 2011 e em 2016 a empresa que na
época se chamava EcoRestauradora, começou a produzir esses equipamentos em
série, colocando a disposição do mercado com pioneirismo e tecnologia 100%
nacional.
Hoje, os equipamentos da
VB Jateadoras, atual nome da empresa, representam o que existe de mais moderno
em tratamento abrasivo de superfícies do mercado, com alto rendimento e qualidade
superior quando comparados aos processos existentes no mercado. São entre 40% a
60% de economia no uso de abrasivos e reduz em até 90% o uso de água quando
comparado ao processo de hidrojateamento de ultra alta pressão. Além disso, os
equipamentos não causam nenhum risco de acidentes ou à saúde do operador ou de
quem estiver próximo.
Mário conta com alegria
quando participou de uma feira no Exponorte, em São Paulo em dezembro de 2015,
quando conseguiu vender seu primeiro equipamento para uma grande empresa do Rio
de Janeiro. Na época a empresa propôs a ele um contrato de risco para que ele
levasse o equipamento até o Rio de Janeiro e fizesse um teste na sua empresa.
Mário topou o desafio. Colocou seu equipamento em cima de um caminhão e se
dirigiu ao Rio de Janeiro. Fez o teste e conseguiu provar que, em menos de uma
hora, fazia a limpeza pesada alguns equipamentos quando normalmente, feita por
outros métodos convencionais, demoraria até 5 dias. Satisfeito com o resultado
imediato, o empresário não teve dúvidas em realizar, na hora, o pagamento pelo
primeiro equipamento desenvolvido por engenheiro Mário e seu sócio e amigo
Gabriel.
De lá para cá ele só vem
aprimorando os equipamentos, que hoje estão disponiveis ao mercado em três
versões: VB 1000, para 170 kg de abrasivo; VB 3000, para 350 kg de abrasivo; e
VB 6000, para 600 kg de abrasivo. Nesse período, seus equipamentos, cujos
valores variam na data desta reportagem entre R$ 164 mil a R$ 320 mil, prestam
serviços em grandes empresas como Petrobras, Vale do Rio Doce, REPAR, UHE de
Jupiá, entre tantas outras.
Ingresso no mercado internacional
Depois de um tempo a
empresa ganhou uma nova sócia, Elaine Fagionatto, o que ajudou a empresa a
abrir novos mercados, inclusive internacionalmente. Mário fala que a VB
Jateadoras ajudou também no surgimento, de pelo menos outras seis empresas no
Brasil, que produzem e comercializam abrasivos de vidro reciclado. Além do
vidro reciclado é possível utilizar-se também outras granalhas de jateamento
que são também ecologicamente corretas.
Em todos esses anos os
investimentos se acumularam alguns milhões de reais e os equipamentos vem
ganhando destaque por todo o Brasil e até no exterior. “Com exceção do Acre,
que ainda não chegamos lá, temos nossos equipamentos vendidos para praticamente
todos os Estados brasileiros”, informa Mário Júnior. Mas é justamente do Acre,
do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade, que a fama da
empresa pela produção de equipamentos ecologicamente corretos fez com ela
merecidamente ganhasse uma indicação ao prêmio “Equipamento Amigo do Meio
Ambiente” em 2016, por não causar danos ao meio ambiente. A empresa começa a
entrar agora no mercado de locação de equipamentos e também busca parcerias
para explorar a comercialização dos equipamentos em outros países como o
Canadá, México, Estados Unidos e Alemanha.
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Modelos de máquinas jateadoras produzidas pela VB Jateadoras em São José do Rio Preto |
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Gabriel Dias Moreno e Mário Júnior se tornaram sócios e amigos no negócio |