Túmulo do Pé de Veludo (no detalhe foto dele) no Cemitério da Saudade em Marília |
Guaraci Marques Pinto foi
ladrão no estilo Robin Hood, personagem clássico da literatura que roubava da
nobreza para dar aos pobres. Há, no entanto, muitas controvérsias sobre isso. Ganhou o apelido de Pé de Veludo, pela forma
silenciosa com que ele se movimentava dentro das casas que invadia. Ficou famoso
por crimes ousados, invadindo casas de delegados, juízes e promotores. Ganhou fama pelos bilhetes deixados para as vítimas e por distribuir
parte do que furtava para pessoas pobres.
Guaraci nasceu em Marília em
1943 e foi morto, após intensa troca de tiros pela Polícia, quando tinha 21
anos. Seu túmulo, no Cemitério da Saudade em Marília, é um dos mais visitados e
há quase 50 anos é considerado como milagreiro. Na capela, construída alguns anos depois de sua morte por
adeptos de que ele faz milagres, existem dezenas de placas agradecendo as
graças alcançadas.
Essa história inusitada já
rendeu diferentes estudos, temas para pesquisas em universidades e inúmeras
matérias jornalistas em diferentes veículos de comunicação. Em 2017 uma
produtora de São Paulo se interessou em levar para as telas do cinema a história
do Pé de Veludo. Começou a colher imagens e a arrecadar recursos para o filme.
Filho de um mecânico de uma
dona de casa. Vivia com a família, composta por mais cinco irmãos, em uma casa com
sobra de terreno na rua Sergipe, bairro Cascata, hoje bairro de classe média-alta
na cidade. Algumas pessoas, principalmente policiais, afirmam que todo esse falatório sobre Pé de Veludo não passa de lenda. E afirmam que ele e os irmãos ficavam com grande parte das joias furtadas nas casas.
Começou a praticar furtos
ainda muito novo, antes dos 18 anos e era pessoa, segundo relatos de muitos
moradores, de fácil trato na vizinhança. Foi morto em 1964, aos 21 anos, em um
violento confronto a tiros com a Polícia.
Ele invadia casas durante a noite com os moradores dormindo. Além de cometer furtos, comia, analisava as casas e deixava bilhetes para as vítimas em que elogiava a comida ou falava do corpo das mulheres. Existe a lendária estória de que teria invadido a casa de um famoso radialista, entrando no quarto com o profissional dormindo e para zombar escreveu bilhete dizendo a cor da camisola da mulher e elogiando as pernas dela.
Sua dedicação às famílias pobres da periferia rendeu a ele a fama
de santo milagreiro. Todos anos sua sepultura no Cemitério da Saudade, em
Marília, atrai centenas de visitantes com pedidos de graças e solução para problemas. Comprava comida para famílias pobres ou doces e figurinhas para
levar às crianças dos orfanatos. Há relatos de moradores antigos de que ele costumava levar caixas de bombons num educandário de crianças orfãs.
Guaraci foi morto em uma residência invadida, onde tentou se esconder perto de sua
casa, depois de resistir a uma intimação policial. O delegado Ewerton Fleury
Curado, que dá nome ao prédio da Delegacia Seccional da Polícia Civil na
cidade, foi até a residência para buscar o Pé de Veludo. O delegado descobriu
um arsenal de armas e foi morto por Alcys, irmão de Guaracy, que nem estava na
residência naquele momento. Segundo contaram familiares depois, ele tinha ido
assistir um filme no cinema.
A reação da Polícia foi violenta. Praticamente toda a Polícia Civil e Militar se puseram à porta da casa de Guaraci que se recusou-se a se entregar. Ele fugiu, pulando muros e telhados, e tentou se esconder em uma casa dois quarteirões abaixo da sua. Houve intenso tiroteio por quase três horas, inclusive com apoio de aviões caças da Força Aérea Brasileira (FAB). Um carro blindado por chapas de aço chegou bem próximo da casa onde ele estava refugiado e jogou uma bomba de efeito com gás. Apesar de todos os tiros, foi o gás que matou Guaraci. Dois de seus irmãos foram mortos dias depois em confrontos com a polícia.
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Lápide com o nome e o apelido de Pé de Veludo |
Placas afixadas no túmulo de Pé de Veludo agradecem os milagres alcançados |
Túmulo do Pé de Veludo onde tem a foto dele no meio da cruz |
São dezenas de placas pregadas ao redor do túmulo do ladrão que ajudava os pobres |