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Estação ferroviária de Belo Horizonte de onde partem, todos dias, os trens com destino à Vitória, no Espírito Santo |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
Vamos abordar nesta
matéria sobre o trajeto de 664 quilômetros que liga a capital de Minas Gerais
com Vitória, no Espirito Santo. Mineiro, todos sabem, adora um trem. É um tal
de “trem” para todo lado. E é nesse trem com 30 estações no percurso, sendo 21
localizadas em Minas Gerais e outras nove no estado do Espírito Santo, que
vamos embarcar.
A Estrada de Ferro
Vitória-Minas tem mais de 100 anos. Começou a ser construída em 1904 e no ano
de 1997 a antiga Vale do Rio Doce, atualmente Vale S/A, obteve concessão para
explorar além das cargas, o transporte de passageiros.
Trem sai todos os dias
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Estação Pedro Nolasco, em Cariacica, no Espirito Santo, ponto de chegada para o trem que sai de Belo Horizonte, todos os dias. O trem sai as 7h da manhã e chega às 20h30 |
Todos os dias, às 7 horas em ponto, num horário religiosamente britânico, um trem parte da capital mineira com destino à estação de Pedro Nolasco, localizada em Cariacica, município vizinho a Vitória, onde tem início o km zero da BR-262, no estado do Espírito Santo. Ao mesmo tempo, um trem parte de Cariacica, no mesmo horário, às 7 horas da manhã, para encerrar a viagem às 20h30 em Belo Horizonte.
O trem tem saídas regulares
diariamente partindo de Belo Horizonte (MG) para Cariacica (ES) e vice-versa. A
viagem completa percorre 664 km, passa por 42 cidades, avistando-se muitas
paisagens bonitas das matas mineiras e capixabas. Ao longo do caminho o trem
faz 30 paradas para embarque e desembarque de passageiros nas estações. O
percurso durante 13 horas e 30 minutos. A velocidade média do trem gira em
torno de 60 km/h, podendo chegar em alguns pontos a 70 km/h.
Vagões fabricados na Romênia
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Os vagões são confortáveis e, tanto os da classe executiva como econômica, possuem ar condicionado interno. |
Os vagões do trem foram
fabricados no ano de 2013 na Romênia. Existem três tipos de vagões: classe econômica
com 75 cadeiras por vagão; a classe executiva com 56 cadeiras por vagão,
oferecendo um pouco mais de conforto aos passageiros e o vagão para pessoas
Portadoras de Necessidades Especiais (PNE), com quatro espaços destinados aos
cadeirantes e mais dois acompanhantes por deficiente, totalizando 12 passageiros.
Além disso, há também o vagão restaurante com capacidade para 40 pessoas, onde
são servidas refeições, como almoço, lanches, doces, salgados e bebidas. E, claro,
o famoso pão de queijo que não pode faltar em Minas Gerais.
Vitor
Sousa fez a viagem de Belo Horizonte à Vitória acompanhado de toda a família. “Era
um sonho de infância”, diz. “Fomos em um grupo de sete pessoas: eu, meu irmão,
meu pai, minha mãe, meu avô, minha avó e meu primo”. E segundo Vitor, cuja família
teria condições folgadas para ir de avião, valeu muito a pena a experiência.
A
compra das passagens foi realizada pelo site da própria Vale. É muito simples e
permite inclusive a escolha dos assentos. A passagem na classe executiva, a
mais cara, sai por 105 reais para todo o percurso. Depois da compra, a Vele
envia um voucher por e-mail.
“Como
o trem é muito grande. São 16 vagões. Tivemos que andar um pouquinho para
chegarmos ao nosso vagão, que era o primeiro”, relatou Vitor, acrescentando que
o trem era bem limpo e a classe executiva bem confortável e com ar condicionado.
“A poltrona reclina bastante e o espaço para as pernas é grande. Eu que tenho
1,75 de altura, não tive não problemas para poder esticar as pernas”.
Uma
das curiosidades sobre o funcionamento do trem é que somente o maquinista e o
chefe do trem são funcionários da Vale. Os demais funcionários, pessoal do
restaurante, da limpeza e segurança, são todos terceirizados. Toda viagem tem
um enfermeiro par cuidar de alguma emergência médica. Segundo Vitor, o trajeto
montanhoso de Belo Horizonte a João Monlevade é considerado o mais bonito da viagem.
A
estação de Belo Horizonte é meio escondida e fica na Praça da Estação, no
centro da cidade. “Existe uma estação grandona que é do metrô e a menor que é
da Vale. Os funcionários são bastante atenciosos e o trem sai com horário britânico,
sem atrasos”, informa Vitor. Somente passageiros, de posse dos bilhetes de viagem,
podem entrar nas estações.
Serviços de bordo, sem bebidas alcoólicas
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Uma das ponte pelo qual o trem, que sai de Belo Horizonte com destino à Vitória, passa |
A viagem não inclui serviços de bordos. Logo que o trem começa a andar começam a passar carrinhos, parecidos com aqueles que servem comida e bebidas nos aviões. Só que a comida e bebidas são vendidas. Mas nada com preços exorbitantes. Tem café, chá, água mineral, sucos e refrigerantes. Não servem bebidas alcoólicas. Mas também não impedem ninguém de levar sua própria bebida.
Para informações mais detalhadas, dúvidas, e compra de passagens online, os interessados podem acessar o site da Vale, clicando aqui. Ou ligar para o Alô Ferrovia pelo telefone 0800 285 7000. Informações sobre horários de partidas e de chegadas dos trens pelo custo de uma ligação local também pode ser feita pelo telefone 0300 3135 580.
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Trajeto de 664 km, passando por 42 municípios e com 30 pontos de embarques e desembarques Assista vídeo que mostra um dos trechos mais bonitos da ferrovia |
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Estação do trem da Vale, em Belo Horizonte (MG) |
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Parte interna, onde se compram as passagens, da estação de Belo Horizonte |
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Estação ferroviária do município de Aimorés, um dos pontos de parada do trem |