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Brasileiro assumirá a presidência internacional do Rotary em 2025

 

Mário César Martins Camargo e a esposa Denise, com quem está casado há 43 anos, assume em julho de 2025 a presidência internacional do Rotary, que tem sede mundial nos Estados Unidos  (foto: Mônika Lozinska/fotografa oficial do Rotary Internacional)

 Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

Um brasileiro assume em julho de 2025 a presidência do Rotary Internacional. Trata-se de Mário César Martins Camargo, 67 anos, ex-presidente da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica). Ele foi vice-presidente da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) entre 2004 e 2010. Formado em Direito, pela Faculdade de São Bernardo do Campo, e em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele morou nos Estados Unidos e trabalhou na Alemanha, na Roland, empresa líder mundial de impressoras gráficas.

 A centenária organização mundial realiza projetos sociais e humanitários e teve apenas outros três brasileiros no alto escalão da administração. O último foi o santista Paulo Viriato Correa Costa, em 1991. Presente em 219 países, o Rotary possui cerca de 1,1 milhão de membros espalhados por quase 40 mil clubes. O Brasil é o quinto país com maior número de associados. São cerca de 50 mil, distribuídos por 2.395 clubes.

 Ao assumir a presidência do Rotary Internacional, com sede em Evanston, Iliinois, nos Estados Unidos, Mário César adianta que terá como principal meta centralizar toda sua atenção para os associados da instituição. “O associado do Rotary é o principal patrimônio de nossa instituição e para eles temos que dar toda nossa atenção”, afirmou, adiantando que lhe preocupa muito a queda no número de associados nos clubes. Ele exemplificou que o Rotary Clube de São Paulo, que chegou a ter quase 500 associados e atualmente não passa de 80 membros.

 “A queda no número de associados é muito preocupante porque enfrentamos hoje a concorrência de outras entidades, associações, igrejas e ONGs”, explica. Outra preocupação do futuro presidente internacional é com a elevada faixa etária dos membros dos clubes. “A nossa média mundial está na faixa de 62 anos. No Brasil é de 60 anos e na Inglaterra é de 72 nos. Nossos clubes estão envelhecendo e não estamos repondo com novos membros, com gente mais jovem”.

 Natural de Santo André

Mário César é poliglota, formado em Direito e Administração de Empresas, diz estar preparado para assumir a direção mundial do Rotary Internacional (foto: Mônika Lozinska)

Nascido em Santo André, onde mantém residência e é associado do segundo maior clube do Brasil, Mário César fala, com orgulho, do fato do seu clube possuir 152 associados. Só perde para o Rotary Clube de Santos com 177 sócios. Mário César teve papel importante na diretoria do hospital Casa da Esperança, administrado pelo Rotary Clube de Santo André e que atende anualmente cerca de 150 mil crianças com deficiência.

 Na entrevista, concedida por telefone, falando dos Estados Unidos, por quase uma hora, com a reportagem da Folha2, o futuro presidente do Rotary Internacional revelou que quase seguiu carreira militar. Contou ter ingressado como cadete no Exército, mas abandonou o curso no meio do caminho após ter sido contemplado com uma bolsa de estudos, pelo Rotary, para estudar nos Estados Unidos. Ficou um ano e meio morando em terras norte-americanas. “Foi uma experiência fantástica e passei a me interessar pelo Rotary”.

 De volta ao Brasil, estudando na Getúlio Vargas e paralelamente aprendendo alemão, surgiu uma nova oportunidade para Mário César. Desta vez proporcionada pelo pai, Mário Camargo, dono da Gráfica Bandeirantes, que sugeriu ao filho para trabalhar e estudar na Alemanha, afim de adquirir conhecimentos sobre as impressoras offset. Apoiado pela mãe, a professora Maria José, lá foi ele, de mala arrumada para viver no país germânico. “O difícil no começo foi o idioma, mesmo eu tendo estudado antes o alemão aqui no Brasil”, confessa, acrescentando que hoje domina bem não só alemão, como também o italiano, francês e o espanhol, além do inglês e, claro, o português.

 Em 1981, casou com Denise, quando ele tinha 24 e ela 18 anos. André, o único filho do casal, formado em Relações Internacionais está cursando Medicina na Argentina. Mário Sérgio, filho mais velho, tocou a gráfica da família por vários anos, junto com o irmão mais novo, falecido aos 49 anos por causa de uma doença degenerativa. Em razão disso se tornou presidente da Abigraf, entre 2001 a 2011. Entre 2004 a 2010 também esteve na FIESP, quando foi vice-presidente na gestão de Paulo Skaf. “Na época que estive na Abigraf o Brasil chegou a ter 20 mil gráficas”, informa, acreditando que o número de empresas gráficas tenha diminuído em razão do processo de transformação digital. “Na nossa gráfica, por exemplo, rodávamos muitos jornais tabloides e revistas, que tinham tiragem de 100 mil exemplares e caiu para 5 mil exemplares”.

Mário Sérgio já adiantou, durante encontro com rotarianos, que não pretende desativar a revista impressa do Rotary. Baseado num estudo, feito por um instituto escandinavo, chegou-se à conclusão que, devido a faixa etária elevada, são poucos os rotarianos que procuram ler revistas pela forma digital. Pelo sistema digital tem que forçar a pessoa a entrar na internet, procurar pelo site ou aplicativo para ter acesso à revista. “Já com a revista impressa, em cima da mesa do café, a possibilidade de a pessoa pegar ela nas mãos e começar a folhear para ler é muito maior”, enfatiza.

Incrementar os intercâmbios

Mário César afirma que o maior patrimônio do Rotary são os seus associados
(foto: Márcio Medeiros)

 Reafirmou que irá incrementar os intercâmbios, tanto para jovens, como para adultos. Segundo o próximo presidente, os intercâmbios estão consolidados no Rotary e não podem parar. A imagem do Rotary, diz, é caracterizada pelos intercâmbios, que já ajudou a melhorar e transformar a vida de muitas pessoas.

 “O Rotary oferece oportunidades para tornar a vida das pessoas melhor, ajudando a curar uma doença, a levar água onde precisa, oferecendo uma viagem e ajudando a fazer a diferença”, afirma Mário César, que assumirá a presidência confiante de que poderá contar com apoio e ajuda dos brasileiros.

 Antes do final da entrevista, a reportagem da Foha2 perguntou sobre algumas peculiaridades da vida pessoal ao futuro presidente do Rotary Internacional. E descobriu-se que ele também é pianista. “Estudei piano em conservatório e por isso quando ouço música sou meio exigente”, revelou. “Gosto quando a música tem melodia, harmonia e ritmo. Música boa tem que ser completa nesses três elementos”. Indagado para qual time torcia, disse que como ficou fora do Brasil acabou perdendo a paixão que tinha antes pelo futebol. Perguntado sobre a comida preferida, garantiu que come de tudo, mas que ainda prefere um bom churrasco brasileiro. E sua bebida preferida é um bom vinho tinto e, claro, seco!

  

A médica rio-pretense Delzi Vigna Nunes, que chefiou, no ano passado, delegação de intercambistas brasileiros aos Estados Unidos, defronte a sede do Rotary Internacional (foto: Nelson Gonçalves)

 

 

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