Sorroche Neto, um ícone do rádio brasileiro

Da RedaçãoFolha do Povo -16.8.23

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Sorroche Neto no estúdio da Rádio Stereo Cidade, fazendo o programa Sabor Sucesso

A inconfundível voz forte e expressiva de João Sorroche Neto, hoje com 82 anos de idade e 60 de locução, marcou o sucesso de várias emissoras de rádio na região de São José do Rio Preto. Seu prestígio com o programa “Sabor Sucesso”, há 50 anos no ar, registra, até hoje, uma das maiores audiências do rádio.

Nascido em São José do Rio Preto, mas com ascendência espanhola, pois é filho de pai espanhol, Sorroche conta que foi criado nas cidades de Araçatuba e Casa Branca. Jovem ainda voltou com a família para morar em Rio Preto e, como filho caçula, começou ajudar o pai nas vendas e cobranças dos títulos de capitalização da empresa Kosmos. Foi nesse trabalho que conheceu a esposa Sônia Maria Villanova. “O pai dela foi sorteado com um prêmio do título de capitalização e quando fui, com o meu pai entregar a premiação, a conheci”, lembra, ressaltando que neste ano completou 54 anos de casado. O casal possui dois filhos, Alexandre, que é engenheiro e vive em Indaiatuba e Rogério, formado em Letras, mas que seguiu a profissão do pai.

Amigos e sucesso

Sorroche conta que seu ingresso no rádio foi meio por acaso. Estava numa loja do comércio quando se encontrou com o radialista César Muanis. Impressionado com o tom de voz do colega que acabara de conhecer, César insistiu para que ele procurasse seu irmão Adib Muanis na Rádio Rio Preto. “Chegando nessa rádio ele me pediu para entrar dentro de uma cabine e pegasse aleatoriamente uma ficha que estava numa caixa na frente do microfone e lesse o texto que nela estava escrito: ‘Vindo a Rio Preto visite a loja Brasiliana, o melhor preço de tecidos da cidade’. Esse foi o texto que li no ar e me lembro até hoje porque imediatamente ele falou que eu já estava contratado”.

Dali em diante Sorroche não conseguiu mais sair da frente dos microfones e nem da direção de diversas emissoras de rádio. Começou apresentando um programa musical e de variedades com uma hora de duração. Em poucos meses saltou para duas horas, depois para três horas e quando se deu conta estava totalmente envolvido também com o gerenciamento de diversas emissoras. Passou por várias rádios, como a Rio Preto, a Jalense, Independência, Anchieta, Difusora, Cultura, Stéreo Show, emissoras da Rede Piratininga, CBN e até por rádios famosas como Excelsior e Globo, na capital paulista. “Em todos esses anos aprendi muito sobre rádio e como obter a receita do sucesso para ganhar a audiência dos ouvintes”.

Por onde passou fez muitos amigos, ganhou a audiência dos ouvintes e respeito dos donos das emissoras. Ganhou até a fama de ser o "ressuscitador de rádios" que estavam em decadência. Foram várias emissoras que estavam prestes a fechar que Sorroche conseguiu alavancar e colocar elas nos primeiros lugares de audiência. “Eu sempre gostei de trabalhar em equipe e dizia para os meus colegas se a rádio tiver sucesso o mérito é de todos vocês, mas se ela for mal a culpa será minha minha”.

Receita de sucesso

Uma das receitas está no seu programa “Sabor Sucesso”, que numa entrevista para a Rádio Independência explicou a simplicidade da tática de colocar o nome do sabor de uma fruta relacionada com alguma música. “Fizemos isso para facilitar a vida dos ouvintes que muitas vezes ligavam para a emissora e não sabiam pronunciar o nome de uma música em inglês”, lembrou. “Assim ficava fácil o ouvinte dizer quero ouvir aquela música de sabor mamão ou música sabor laranja”.

Sorroche exibe com orgulho sua carteira de trabalho, onde figura seu primeiro registro como locutor. Foi contratado no dia 1º de janeiro de 1962 pela Rádio Rio Preto. O documento é assinado pelo gerente Caio Plínio Garcez. Em todos esses anos entrevistou os principais artistas do cinema, televisão e do teatro, assim como cantores e cantoras famosas. “Uma pena que naquele tempo não tínhamos essa facilidade que temos hoje para fazermos um registro fotográfico com um celular, que nem sequer existia”.

Formado em Propaganda pela Escola Superior de Marketing e Propaganda de Bauru com habilitação em Jornalismo, Sorroche ocupou o cargo de tesoureiro da Delegacia Regional do Sindicato dos Jornalistas quando Mário Soler esteve a frente dessa entidade. Também atuou em jornais, como redator e revisor. Por muitos anos, no Correio da Araraquarense, foi o titular da coluna “Pergunta que o João Responde”, respondendo perguntas feitas pelos leitores.

Paralelamente com suas atividades no rádio, ajudou por alguns anos a família a administrar o Garapastel, uma lanchonete num dos pontos mais movimentados da cidade que vendia pastel com garapa (caldo de cana). Sorroche também emprestou sua esplendorosa voz para o início de abertura dos primeiros programas vinculados pela TV Câmara Rio Preto.

Inquieto, mesmo aos 82 anos de idade, ele não pensa em se aposentar tão cedo dos microfones. Junto com o filho Rogério, montou em 2020, nos fundos da sua casa, a rádio Stéreo Cidade, que permanece 24 horas no ar pela internet e espera aprovação para funcionar como rádio comunitária. A programação é voltada para pessoas com mais de 30 anos ou mais. “Falar de coisas que nos dão prazer é muito gratificante e resolvi realizar o sonho de ter nossa própria emissora e deixar para os nossos filhos uma emissora pronta”.

Na programação estão, além de Sorrone Neto e o filho Rogério, profissionais qualificados como o produtor musical Didi Brasil, os comunicadores Hilton José, Álvaro Cecato, Manoel de Oliveira, Antônio Celso, Daércio Neto, além de outras vozes padrão do rádio. “Nossa torcida é que os ouvintes gostem e fiquem sempre com a gente”.

A emissora Stéreo Cidade pode ser sintonizada neste link

https://www.radioestereocidade.com.br/