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Casa que foi da família Homsi na rua Voluntários de São Paulo é alvo de ações na Justiça e de imbróglio sobre tombamento |
A proposta para o tombamento da casa que pertenceu ao empresário Murchid Homsi como patrimônio histórico de São José do Rio Preto está sendo contestada na Justiça. O bancário Daniel Fernando Vítolo Ferreira declara ser o legítimo proprietário do imóvel e alega que a proposta para o tombamento do imóvel ocorreu diante de informações falsas como forma de retaliação pelo fato dele ter arrematado 2/3 da casa em leilão judicial, sendo que um terço já lhe pertencia, proveniente de herança porte de sua madrinha.
O imóvel que possui 20
metros de frente para a rua Voluntários de São Paulo é um sobrado que já foi
palco de recepção para importantes personalidades políticas e artísticas do
passado. O espaço foi residência de Murchid Homsi (1895-1959), apontado como o
maior industrial da região entre os anos de 1930 a 1950.
Quando Murchid faleceu o
imóvel ficou, sob uso fruto da viúva, para três filhos: o engenheiro José Roberto
Homsi, que era casado com Iracema Sydow Pinheiro; o advogado Milton Luiz Homsi;
e o jornalista Carlos Alberto Homsi, o Nenê Homsi como era mais conhecido. Em
11 de janeiro de 2016, Iracema Sydow Pinheiro, viúva do filho mais velho da
família Homsi, doou ainda em vida 1/3 de sua parte no imóvel para o seu afilhado.
Daniel conta que depois
disso o imóvel foi a leilão por dívidas contraídas pela família. Ele arrematou
as duas partes restantes. E ingressou com ação de despejo. “Como vingança e
retaliação, visando nos prejudicar procuraram a Câmara para fazer o tombamento”,
afirma Daniel.
Se o imóvel for tombado as
características do imóvel deverão se manter intactas e esse não é o interesse do
bancário. No dia 23 de agosto, durante a 44ª sessão ordinária do ano, os
vereadores de São José do Rio Preto aprovaram em regime de urgência, ou seja,
em primeiro e segundo turnos, o projeto que tratava do tombamento do imóvel.
Com o tombamento a casa não poderia ter sua fachada e arquitetura modificada ou
substituída.
O imóvel é um dos últimos
exemplares da arquitetura da década de 1940 que se mantém intocável. Murchid
Homsi, que residia no imóvel, foi considerado o maior empreendedor agrícola
desse período. Foi provedor da Santa Casa e fundador do Clube Sírio-Libanês.
Deixou seu nome cravado em inúmeras obras beneméritas e hoje dá nome a uma das
três principais avenidas da cidade.
Prefeito vetou tombamento
O prefeito Edinho Araújo
(MDB) vetou o projeto aprovado pela Câmara que propunha o tombamento do imóvel como
patrimônio histórico do município. Na justificativa do veto, o prefeito
esclarece que “há certa discrepância quanto a titularidade ou domínio do bem,
que, ao menos em parte, não mais pertenceria, em sua integralidade, à família
Homsi”.
Daniel está preocupado com
a situação. O veto do prefeito ainda terá que ser analisado pela Câmara. É
preciso dos votos de dois terços dos vereadores para que o veto do prefeito
seja derrubado. Segundo Daniel, existe pressão, articulada pela família Homsi,
inclusive com um abaixo-assinado, para que o imóvel seja tombado. “Estão
querendo o tombamento de imóvel que não é mais deles. Isso se trata de uma
retaliação pelo fato de termos arrematado a parte restante do imóvel em leilão
judicial”.
Em entrevista à Rádio CBN,
o secretário municipal de Governo, Jair Moretti, que é advogado, disse que o
prefeito “vetou com dor no coração”, sabendo que esse imóvel não pode ser tombado
nessa situação, pois poderá haver ação de responsabilidade contra o município. “E
não é isso que nós queremos”, justificou. “A família Homsi não conseguiu provar
que é proprietária do imóvel”.
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Certidão mostra que desde 2016, um terço do imóvel já pertencia ao bancário |