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Morre o jornalista e estudante de Medicina Leandro Tavares

 

Leandro Tavares formado em Jornalismo cursa agora Medicina e era muito cuidadoso em relação ao coronavírus. Atuou, em hospitais, na linha de frente no combate dessa doença e estava sempre recomendado a todos para tomarem cuidados. Faleceu infectado por covid. Até o dia 25 de maio estava bem, com plena saúde, e ajudava a socorrer as pessoas contaminadas com o covid-19.


 

O jornalista Leandro Tavares faleceu na manhã desta sexta-feira. Ele estava internado há mais de 15 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HB (Hospital de Base) de São José do Rio Preto onde se tratava de complicações da covid-19. Leandro era jornalista colaborador da Folha do Povo e cursava Medicina. Trabalhou em jornais de Itapevi, São José do Rio Preto e nas prefeituras de Itapevi, Adolfo e Sales. Também atuou na assessoria de imprensa da CERRP (Cooperativa de Eletrificação e Desenvolvimento da Região de Rio Preto). 

Ele faleceu por covid. O corpo foi enterrado no cemitério municipal de Mendonça, onde também estão enterrados seus avós maternos. Sob o caixão familiares colocaram uma camisa do Palmeira, time pelo qual ele era torcedor. O empresário Luiz Estrela, ex-secretário de Administração de Sales, compareceu ao sepultamento e deu testemunho do caráter e honestidade de Leandro. "Era uma pessoa idealista que não desistia de seus projetos, sempre com o ideal de servir sem olhar a quem era servido", afirmou Estrela. O cunhado Marcos Rogério de Oliveira disse que sua intensa amizade com Leandro se firmou desde o primeiro dia em que se conheceram. "Quebrando o tabu de que cunhados nunca se bicam, conosco era sempre um clima de muita amizade. Nossa única divergência era no futebol, pois ele era palmeirense e eu não".

Em nota pelas redes sociais, a irmã Léia, que também é formada em Comunicação Social, postou nota, em nome da família para informar o falecimento do irmão: “É com muito pesar que informamos sobre o falecimento de Leandro Tavares, nosso querido e grande amigo e companheiro de jornada. A sua morte nos pegou de surpresa e o levou de nós repentinamente. Neste momento de dor e consternação, só nos cabe pedir a Deus que lhe ilumine e lhe dê paz, e que Deus dê conforto a toda nossa família e amigos, para que possam enfrentar esta imensurável dor com serenidade”. A engenheira Juliana Florêncio lamentando a morte precoce do amigo, com quem trabalhou mais de 10 anos juntos na mesma sala, disse que o que lhe confortava era saber que Leandro "viveu a vida e sempre de forma intensa".

“Agradecemos imensamente o tempo que pudemos conviver com ele, que será sempre lembrado pelo seu carisma, lealdade, profissionalismo, honestidade, inteligência, competência e sensibilidade para lidar com as adversidades e conflitos humanos. Devemos sempre lembrar que Deus quer ao seu lado os melhores, e com certeza o Leandro, já está ao lado do Senhor cumprindo uma nova missão.”

 História de vida

 

Leandro gostava de viajar, de conhecer lugares diferentes e fazia questão de levar seus pais e irmãs para desfrutarem dos passeios

Leandro sempre nos brindava, nas páginas da Folha do Povo, com reportagens de histórias emocionantes e interessantes de suas viagens mundo afora. Natural de Barueri, Leandro foi criado e cresceu nas cidades de Itapevi e de Adolfo. Estudou nas escolas Raul Briquet Doutor e Odila Bovolenta de Mendonça. Em 1999 se formou em Jornalismo pela Universidade do Norte Paulista (Unorp).

Trabalhou nos jornais Itapevi Agora, Folha de Rio Preto, Bom Rio Preto e na Folha do Povo, onde foi repórter, editor, correspondente e colaborador atuante. Também trabalhou nas prefeituras de Adolfo, Itapevi e de Sales. Nessa última foi secretário de Comunicação Social, durante a gestão do prefeito Charles Nardachioni.

Aborrecido com a falta de valorização à profissão de jornalista, em 2018, após muitas consultas, prestou vestibular e resolveu cursar Medicina. Escolheu a Universidade Ucebol, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em razão dos custos serem quase três vezes menores. Estudioso era um dos primeiros alunos da classe.

 

Esportista e amante do futebol conheceu o estádio do Boca Juniors, o La Bombonera, em Buenos Aires,na Argentina

 Leão Simba

 

Leandro revendo, em zoológico, o amigo Simba, leão que foi criado como animal de estimação na casa de sua família na cidade de Adolfo

O Simba era o nome de um leãozinho adorado por todos e que virou animal de estimação da família Tavares. Foi o próprio Leandro que contou a incrível história da família que pegou para criar, ainda bebezinho, o leãozinho recém-nascido num circo que visitara a cidade de Adolfo no começo dos anos 90.

O circo era pequeno e não tinha condições de manter alimentação e todos os cuidados que o filhote de leão necessitava. Encantado com o filhote, Leandro pediu ao pai para adquirir o leãozinho, se prontificando a cuidá-lo. “Me deram o melhor presente da minha vida”, lembra.

Todo contente levou o bichinho, que até então parecia um pequeno gatinho inofensivo, para casa e começou a cuidar, alimentando-o com leite na mamadeira. Em pouco tempo o leão cresceu. Era tratado como membro da família, que morava num sobrado. O leão usava o terraço para tomar sol e brincar com a criançada do bairro.

Dócil, o leão era manso e nunca causou nenhum incidente com os membros da família e vizinhos. Um dia, durante as aulas na faculdade de Jornalismo, surgiu na classe conversa sobre animais de estimação. Quando Leandro contou que criava um leão como animal de estimação, todos ficaram incrédulos. Pensaram tratar-se de uma piada. E, de fato, não era piada. A família Tavares tinha um leão, o Simba, em casa.

O professor que trabalhava num jornal diário e numa afiliada da Rede Globo quis conhecer o leão. Fez matéria para o jornal impresso e produziu a matéria para a televisão, levada ao ar em rede nacional. Uma semana depois batia à porta da família Tavares, fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e levaram o Simba para um zoológico em Sorocaba. Anos depois Leandro foi visitar o Simba no zoológico e os dois se reconheceram. “Foi um encontro emocionante”.

 

Leandro gostava de animais e quando tinha oportunidade fazia questão de chegar perto para acariciar os felinos. Na foto acima ele e os pais, Donância e Romildo, acariciam tigre em zoológico no Chile

 

Viagens

 

Leandro e os pais, Donância e Romildo, com um camarão gigante, em Santiago, capital do Chile

Muito ligado à família, Leandro ama seus pais, Romildo e Donancia, e suas irmãs Léia e Alessandra. Adorava viajar e conhecer novos lugares. “A melhor coisa é viajar, arrumar as malas, botar o pé na estrada e desbravar esse mundão de coisas boas e muito legais”, dizia. “A sensação de quem viaja e se joga nessas aventuras é única, rica de aprendizado e ensinamentos que livro nenhum será capaz de passar”.

Apesar de jovem, ele ensinava muito aos mais velhos. “Todo mundo precisa viajar, para colher os frutos que a vida nos proporciona. Viver aventuras e histórias marcantes que ficarão para sempre na memória”, dizia sempre. Os pais Donancia e Romildo Tavares que o digam. Jamais irão esquecer as viagens presenteadas pelo filho.

Nos últimos seis anos viajaram para Punta Del Leste e Santiago no Chile, Dubai e Oman nos Emirados Arábes, Buenos Aires na Argentina, Cartagena na Colômbia, Curaçao e as Antillas Holandesas, no mar do Caribe. Conheceu Sky Costanera, o ponto mais alto da América do Sul com 300 metros e visão de 360º da cidade de Santiago, e também o edifício mais alto do mundo em Dubai, o Burj Khalita com quase um quilômetro de altura e 160 andares.

Antes dessas viagens internacionais, Leandro também desbravou, sempre junto com os pais e as irmãs, alguns pontos turísticos brasileiros. Conheceu Natal e Jenipabu (RN), Maceió e Maragogi em Alagoas, além de várias cidades de estados do Sul do país. "O Brasil tem muitos lugares bonitos para se conhecer", afirmava.

Caminho da Fé

Leandro percorreu mais de 180 quilômetros, a pé, pelo Caminho da Fé, para chegar em Aparecida


E por duas vezes, junto com outros três amigos, percorreu a pé quase 200 quilômetros, entre Águas da Prata e Aparecida, para completar o Caminho da Fé. “O Caminho da Fé à Aparecida foi uma experiência inesquecível”, dizia sempre.

Leandro ensinava que as pessoas não deviam ter medo de conhecer o mundo e aquilo que não conhecemos. “Nada que vivermos aqui vai nos dar a experiência de ter visto ou vivido em terras estrangeiras da sua”, afirmava. “Só é possível entender uma cultura quando se tem contato com ela”.

“Se for possível viaje para longe e explore os costumes do lugar, sinta a cultura atrelada a tudo que lhe cercar, viva como se fosse natural do lugar visitado: experimente as comidas, ouça as músicas, tente entender a língua, o jeito das pessoas e respeite todas elas”.

Essa foto, tirada e Genipabu (RN), sob o título "Sheiks de Adolfo", foi publicada na primeira página do jornal "Folha do Povo" para ilustrar viagem da família 


Viajar é, sem dúvida, a mais bela das oportunidades que temos em vida. E isso Leandro vivenciou, por várias vezes. Sempre ao lado da família. Economizava tudo o que ganhava durante o ano inteiro – era até muito controlado nos gastos do dia-a-dia e nos finais de semana – para poder juntar dinheiro para viajar nas férias. “A oportunidade de conhecermos novos lugares transformam o nosso modo de pensar, o conhecimento novo nos traz novas experiências que nos fazem crescer e ser alguém mais solidário com os próximos e ajudar quem nos cerca e pedem ajuda”.

 Chateado

 

Sempre com a mochila nas costas, Leandro não se
intimidava com os lugares desconhecidos

Leandro, além de jornalista formado e estudante de Medicina, cuidava também dos negócios da família. O sonho dele era transformar um antigo sitio da família, já encravado dentro do perímetro urbano de Adolfo, em um loteamento. Mas os entraves burocráticos e a pandemia retardaram esse sonho.

Ele chegou a confidenciar, aos amigos mais próximos, estar chateado com os entraves burocráticos ocasionados, principalmente por políticos e servidores públicos, para a aprovação e liberação das vendas dos terrenos do loteamento. “É incrível como algumas pessoas, ao invés de ajudar, gostam de criar dificuldades para vender facilidades”, dizia.

 Votos de pesar

A Câmara Municipal de São José do Rio Preto, por iniciativa dos vereadores Pupo Nogueira (PSDB) e Pedro Roberto Gomes (Patriota) elaborou voto de pesar endereçado à família de Leandro Tavares. Diz a moção que ele era talentoso, amante da vida, dos amigos e da família.

A moção destaca que Leandro atuou nos jornais “Folha de Rio Preto”, “DHoje”, “Bom Dia” e, atualmente, colaborava com o jornal “Folha do Povo”. O presidente da Câmara de Mendonça, vereador Rafael Farinazzo (DEM), disse que só pelo fato dele ter sido enterrado em Mendonça, a família também receberá votos de pesar do Poder Legislativo de Mendonça. Leandro era solteiro e deixa os pais Romildo e Donancia, as irmãs Léia e Alessandra e uma grande legião de amigos.

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Como futuro médico, após assistir e participar como ajudante de algumas cirurgias,  Leandro já tinha decidido que queria se especializar em cirurgia. Queria salvar a vida das pessoas

Em Oman, nos Emirados Arábes, onde esteve com toda sua família

Leandro com a irmã Léia defronte a torre Eiffel em Paris

... com a mãe Donância em uma das viagens ao exterior

Leandro com mãe Donância em Veneza, na Itália

Em Atenas, na Grécia, fazendo selfie com a mãe Donância

Em Dubai, Emirados Arabes

Leandro almoçando com os pais no restaurante mais alto do mundo

Em Dubai fez questão de tirar foto defronte a um dos cartões postais da cidade

Em todas as viagens Leandro fazia questão da presença dos pais

Brincando com os golfinhos em uma das suas viagens internacionais

Em Omam, nos Emirados Arabes, defronte a uma das mesquitas

Na sede da Ferrari em Dubai, nos Emirados Arabes

Leandro aprecia a paisagem do alto de um edifício de 160 andares

Defronte a entrada do World Ferrari, em Dubai, nos Emirados Árabes

Torcedor do Palmeiras Leandro gostava de vestir a camisa do time,
o uniforme o acompanhou até na sepultura 

Amante dos animais, Leandro brinca e faz amizade com golfinho

Leandro desde garoto sempre praticou esportes e era atleta. Gostava de jogar futebol com os amigos e na posição de goleiro. Mesmo com a correria da faculdade e compromissos profissionais arrumava algum tempo para fazer academia e jogar bola com os amigos






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