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Jornalistas trabalham no dia-a-dia enfrentando riscos com a doença |
Pelo menos 908 jornalistas
morreram de covid-19 nos últimos 12 meses, o que dá uma média de 60 mortes por
mês ou duas a cada dia, segundo o instituto Press Emblem Campaign (PEC), com
sede em Genebra, na Suíça.
O secretário-geral do PEC, Blaise
Lempen, enfatizou que muitos profissionais da mídia, como repórteres e
fotógrafos, não podem trabalhar em casa, o que os tornam “particularmente
expostos ao vírus”.
Os países latino-americanos
tiveram mais da metade das 908 mortes registradas nestes 12 meses (505). Com 135
jornalistas mortos por covid-19, o Peru lidera o ranking, seguido pelo Brasil,
com 113 profissionais mortos, e México, com 89 mortes.
Índia (53), Bangladesh (41),
Itália (37) e Estados Unidos (31) também tiveram números significativos de
mortes de jornalistas relacionadas ao coronavírus.
Em comunicado, a organização pede
que profissionais de comunicação tenham acesso prioritário à vacina e que as famílias
dos falecidos recebam ajuda financeira.
Um ano de pandemia
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Jornalistas vítimas de covid-19 no Brasil: Robson Filene, Ronaldo Porto, Elisângela Nepomuceno (acima), Nilo Alves, Túlio Moreira e Izinha Toscano (abaixo) |
No dia 28 de março de 2020, poucos dias depois da
chegada do coronavírus ao Brasil, o país registrou a primeira morte do primeiro
jornalista pela covid-19 na América Latina.
Lauro Freitas Filho tinha
61 anos, morava no Rio de Janeiro, e era editor-chefe do jornal “Monitor
Mercantil”. A contaminação se deu mesmo ele trabalhando em casa, acatando o
isolamento social prescrito pelo governo do estado.
A organização acompanha os
casos desde março do ano passado a partir de informações publicadas na Imprensa
local e pesquisas com sindicatos, organizações nacionais de jornalistas e publicações
nas redes sociais.
De acordo com o
levantamento da organização, 908 jornalistas morreram da doença em 70 países, a
contar de 16 de março de 2020 até 16 de março de 2021.
Destes, 505 casos ocorreram em
18 países latino-americanos, mais da metade do total. A média diária da região
é de 1,44, sendo que 21 mortes foram registradas só nas duas últimas semanas,
quando o Brasil, por exemplo, registrou recorde de óbitos desde o início da
pandemia.
“A troca internacional de
informações e o livre fluxo de notícias independentes são necessários mais do
que nunca para combater o vírus, e não notícias falsas, preconceitos
ideológicos e pressões políticas. Ter como alvo os jornalistas nestes tempos
tão difíceis é um duro golpe para informar o público sobre a evolução da
epidemia”, frisou o secretário-geral da PEC, Blaise Lempen, no site onde consta
o levantamento.
Entre os casos mais recentes
está o do brasileiro Robson Filene de Oliveira , 52, na segunda-feira, 15, um
dia após completar 52 anos de idade. Robson trabalhou nos jornais Diário da
Manhã e Tribuna do Planalto.
Um dia antes, o Brasil perdeu
o apresentador de televisão e ex-vereador Ronaldo Porto, que estava internado
em um hospital particular em Belém (PA). Nas redes sociais, foi grande a
mobilização de jornalistas e fãs de Ronaldo, um dos grandes nomes da
comunicação no Pará.
No início da pandemia, as
redações brasileiras sofreram surtos de infecção. Na filial carioca da TV SBT,
35 profissionais adoeceram e dois jornalistas morreram. A Fenaj (Federação dos
Jornalistas) identificou que jornalistas com mais de 50 anos respondem por mais
da metade das vítimas no País, mas há casos de jovens, como Letícia Fava, 28, e
Janael Labes, 24.
Peru
No Peru, líder em óbitos na
região, a Associação Nacional de Jornalistas denunciou a precariedade em que a
categoria trabalha. “Pelo menos 70% dos jornalistas nas regiões são autônomos.
Eles próprios tiveram que conseguir seus equipamentos de proteção individual”,
disse à LatAm Journalism Review Zuliana Lainez, secretária-geral da ANP..
O quadro abaixo mostra a situação de jornalistas mortos em razão da covid-19