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Senador Major Olímpio é contra a destinação de R$ 2 bilhões para partidos políticos fazerem campanha e relata que governo articulou para para aprovação da lei |
O presidente Jair
Bolsonaro (sem partido), que tanto criticou o Fundão Partidário, ameaçou que
vetaria, mas sancionou a lei que prevê a destinação de R$ 2 bilhões ao fundo
público para financiar campanhas eleitorais. Foi divulgado, na segunda-feira, dia 9, no
Diário Oficial da União, a distribuição dos valores aos quais 32 dos 33
partidos políticos existentes terão direito. A única sigla que se recusou a receber dinheiro do Fundo Partidário foi o Partido Novo.
Um dia depois da aprovação
da proposta pelo Congresso Nacional, Bolsonaro fez menções ao PSL, partido pelo
qual foi eleito e se desfilou, e ao PT, que levará a maior fatia do fundão. E disse
que não iria “ajuda-los”.
“O PT vai ganhar R$ 200
milhões para fazer campanha. Aquele pessoal do PSL lá, que mudou de lado,
também vai pegar R$ 200 milhões. Se quer fazer material de campanha caro, não
vou ajudar”, afirmou no dia 18 de dezembro, na porta do Palácio do Alvorada
para um grupo de simpatizantes que o aplaudiam.
No dia seguinte, deixou
mais explicita ainda sua intenção de vetar a proposta. Em entrevista a
jornalistas, disse que não considerava justo o uso do dinheiro público para financiar
campanhas de políticos.
A distribuição dos R$
2.034.954.824,00, com base nos critérios previstos na lei, será feita em
parcela única, aos diretórios nacionais dos partidos políticos. Apenas o
Partido Novo não entrou na partilha dos valores, por uma decisão interna da
legenda, que renunciou aos recursos.
As verbas do Fundo
Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) que não forem utilizadas nas
campanhas eleitorais deverão ser devolvidas ao Tesouro Nacional, integralmente,
no momento da apresentação da prestação de contas das campanhas.
O PT, presidido pela
deputada federal Gleise Hoffamann, vai receber R$ 200,9 milhões. O PSL, partido
pelo qual Bolsonaro foi eleito, receberá R$ 193,6 milhões, e o PSD de Gilberto
Kassab, R$ 157,2 milhões.
"Nanicos"
"Nanicos"
Além desse dinheiro do Fundo, os partidos também recebem mensalmente a distribuição dos recursos provenientes das multas eleitorais. Nos quatro primeiros meses de 2020 foram arrecadados e distribuídos aos partidos mais de R$ 28 milhões.
No ano passado o Fundo Partidário recebeu R$ 234,5 milhões. O montante é referente a 100% das multas eleitorais aplicadas aos eleitores que deixaram de votar, a propagandas irregulares divulgação de pesquisas sem registro. Nas últimas eleições cerca de 30 mil eleitores pagaram multas por não comparecer nas urnas.
PTB de Roberto Jefferson
O PTB, presidido por Roberto
Jefferson, o mais novo aliado de Bolsonaro, ficará com R$ 35,1 milhões do
Fundão. Roberto Jefferson ficou nacionalmente conhecido por seu envolvimento no
esquema de corrupção chamado de Mensalão, do qual participou e foi o primeiro a
denunciar. Foi condenado e cassado pela prática de crimes de corrupção passiva
e lavagem de dinheiro.
Roberto Jefferson é
político experiente que atua nos bastidores e entende bem de impeachment.
Defendeu Fernando Collor até os últimos momentos. Em 1992 aliou-se a Michel Temer
em troca de influência no Ministério do Trabalho, ajudando a evitar o impeachment
após a desastrosa conversa do então presidente com Joesley Batista, da JBS.
Tramitação
O projeto de lei que
direciona recursos para o Fundo Partidário vinha tramitando no Congresso desde
o ano passado. Inicialmente estava previsto que seriam R$ 3,7 bilhões. Mas o
presidente vetou. O líder do PSL no Senado, Major Olímpio, criticou acordo
construído e articulado pelo próprio governo para derrubar parte dos vetos do presidente.
De acordo com o
congressista, ele e a senadora Soraya Thronicke
(MS), foram os únicos senadores da bancada do antigo partido de Bolsonaro, que
votaram a favor do veto. “Tem acordo
sim, orientado pelo próprio governo, coisa de louco. O governo orientando
contra o presidente. Eu e a Soraya votamos pela manutenção do veto, prestigiando
a assinatura do presidente”, afirmou o senador Major Olímpio, para o site
Congresso Em Foco.
Entre os que votaram
contra o veto para reduzir o valor do Fundão estava o senador Flávio Bolsonaro,
filho do presidente, que votou contra para derrubar o veto do pai. Criticado
nas redes sociais, ele publicou então, um vídeo para se explicar. Flávio disse
que se confundiu na hora de votar. Votou contra o veto que derrubava o valor de
R$ 3,7 bilhões, mas disse ser contra o aumento do fundão. E disse que não iria
usar esse recurso nas suas próximas campanhas eleitorais.
Na época o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alegou que R$ 500 milhões seriam remanejados da Saúde para financiar campanhas eleitorais. também se falou no Congresso na retirada de dinheiro da Educação e da Infraestrutura para despejar no Fundão destinado ao financiamento público de campanhas eleitorais.
"Fundão da Vergonha"
O senador Major Olímpio
chegou a protocolar emenda à Medida Provisória às ações de enfrentamento ao
coronavírus para que o dinheiro do fundo eleitoral fosse acrescido a esses
recursos. “Nós estamos num momento crítico na luta contra o vírus. Devemos
passar esse valor do ‘Fundão da Vergonha’ que serve para financiar campanhas,
santinhos, cabos eleitorais, para ajudar o povo brasileiro”, afirmou Major
Olímpio.
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