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Aparelho de orelhão em desuso vai virar peça de museu |
Em desuso, quase 461 mil orelhões devem ser retirados
das ruas do Brasil até 2023. Em troca, as empresas operadoras terão que levar a
telefonia móvel e internet banda larga para vilas e povoados onde até hoje não
há disponibilidade destes serviços.
Essa mudança é uma determinação do decreto presidencial
9619, assinado no final de dezembro pelo ex-presidente Michel Temer, e vale
para todos os Estados do Brasil. Com a mudança, segundo o gerente de
universalização da Anatel, Eduardo Jacomossi, esses telefones públicos ficarão
concentrados em pontos de grande movimentação, como shoppings, escolas e
hospitais.
Os recursos usados na manutenção dos orelhões deverão
ser usados para ampliar a telefonia móvel e o serviço de internet. O plano
deverá flexibilizar as regras de universalização e os investimentos serão
direcionados para levar a tecnologia 4G para 1.470 distritos, entre eles Nova
Itapirema (Nova Aliança), Machado e Santa Luzia (José Bonifácio). Cada distrito
receberá uma estação de rádio-base em até quatro anos. O valor estimado para o
investimento é de R$ 600 milhões.
A falta de uso dos orelhões foi confirmada por dados da
Vivo, operadora que atende o Estado de São Paulo, onde dos 179 mil orelhões
existentes, 70% tiveram uso menor que um crédito por dia em 2016. Os outros 30%,
de acordo com a empresa, registraram utilização zero.
A retirada dos orelhões não foi bem aceita por todos. “Precisa
de orelhão porque o celular descarrega, os ladrões roubam, quebra e é
necessário para emergências”, afirma a dona-de-casa Maria Conceição de
Oliveira. O sinal de celular é péssimo nas imediações do distrito de Nova
Itapirema e de alguns vilarejos da região. “Oscila muito, cai a toda hora e demora
para voltar. É assim o dia todo”, reclama o agricultor João Francisco Cardoso. “Em
alguns pontos nem pega”.
Técnicos
descobriram dezenas de aparelhos que ficaram um mês inteiro sem fazer uma única
chamada. Dos 874 mil aparelhos em
funcionamento hoje, 461 mil seriam retirados das ruas. De quatro orelhões para
cada grupo de mil habitantes, o país passaria a contar com 1,5 para mil. Para
chegar a esse número, a Anatel sugere aumentar a distância entre os aparelhos à
disposição do público, de 300 para 600 metros. Uma garantia para aquelas horas
em que até o celular deixa a gente na mão.
“Tem vezes
que eu quero jogar o celular fora, comprar um orelhão e sair com o orelhão nas
costas", afirma o representante comercial Hipólito Domingues.
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