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Três gigantes do varejo brasileiro com alma nordestina

 

Três gigantes do varejo brasileiro tem nomes ligados à região do Nordeste


Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

Casas Bahia, Pernambucanas e Riachuelo estão entre as maiores redes varejistas do Brasil que construíram suas marcas com nomes inspirados no Nordeste. A escolha foi intencional: seus fundadores queriam atrair a clientela formada por migrantes nordestinos que se estabeleceram no Sudeste em busca de trabalho e melhores condições de vida.

A Pernambucanas foi a primeira rede a adotar essa estratégia. Fundada em 1906, no Recife, pelo sueco Herman Lundgren (1835-1907), ela se tornou líder em tecidos antes de diversificar seus produtos. A Riachuelo surgiu em 1947, em Natal, com os irmãos Nevaldo e Newton Rocha, e cresceu a partir do Grupo Guararapes de confecções. Já a Casas Bahia nasceu em 1952, na Grande São Paulo e criada pelo polonês Samuel Klein (1922-2014), que homenageou seus clientes baianos. Hoje, as três marcas mantêm presença nacional e são símbolos do empreendedorismo e da força cultural nordestina no varejo brasileiro.

Pouco antes de falecer, o sueco Herman Lundgren adquiriu uma fábrica de tecidos em Paulista, na região metropolitana do Recife (PE). Em 1910, seus herdeiros inauguraram a primeira filial em São Paulo, defronte à Praça da Sé, já com o nome Casas Pernambucanas e com a destacada cor amarela na fachada. Em 1962, a marca se tornou nacionalmente conhecida pelo icônico comercial “Quem bate? É o frio!”, exibido nos cinemas e na televisão. A música dessa propaganda eternizou o nome da empresa na mente das pessoas: “Quem bate? É o frio! Não adianta bater, eu não deixo você entrar...”. Clique aqui para ver essa propaganda.

Loja das Casas Pernambucanas na Praça da Sé, em fotografia de 1915

Na década de 1970, a Pernambucanas já era a maior rede de lojas de tecidos do país, com mais de 700 unidades. A partir dos anos 2000, diversificou seu portfólio e passou a vender também eletrodomésticos e produtos de tecnologia. Hoje, está presente em 15 estados, com mais de 500 lojas e cerca de 14 mil funcionários.

A Riachuelo teve início em 1947, em Natal (RN), quando os irmãos Nevaldo e Newton Rocha abriram a loja de roupas “A Capital”. Quatro anos depois, instalaram uma pequena confecção no Recife, dando origem ao Grupo Guararapes. Em 1956, criaram as lojas Ria Chuelo, nome inspirado nos pequenos córregos que cortavam a região. “Ria Chuelo” significa “pequeno riacho” na junção do espanhol e do latim. Com o tempo, o grupo se consolidou como uma das maiores confecções do país. Atualmente, a Riachuelo possui mais de 400 lojas físicas e emprega cerca de 30 mil pessoas.

Loja Riachuelo na década de 1970 em São Paulo

Casas Bahia

A Casas Bahia nasceu em 1952, na região metropolitana de São Paulo, fundada pelo imigrante polonês Samuel Klein. Ele começou como mascate em São Caetano do Sul, onde comprou uma charrete para vender produtos de cama, mesa e banho, de porta em porta, para migrantes nordestinos, principalmente baianos.  

Em 1957, abriu sua primeira loja, na avenida Conde Francisco Matarazzo, no centro de São Caetano do Sul,  batizando-a de “Casa Bahia” em homenagem aos clientes que o ajudaram a prosperar. 

A primeira loja das Casas Bahia, na avenida Conde Francisco Matarazzo, nº 567

O sistema de crediário, com a criação do próprio cartão de crédito da loja, um dos primeiros do país, impulsionou o crescimento da marca, facilitando a compra de móveis e eletrodomésticos para as famílias de baixa renda. A popularidade foi tanta que a loja foi citada na música “Chopis Centis”, da banda Mamonas Assassinas, em 1995: “Quanta gente! Quanto alegria! A minha felicidade é um crediário nas Casas Bahia.” A música fez tanto sucesso que os cariocas souberam da existência da loja antes mesmo dela chegar ao Rio de Janeiro.

Após a morte de Samuel Klein, a empresa enfrentou crises e fusões, mas ainda se mantém como a maior rede varejista de eletrodomésticos e móveis do país, com mais de 950 lojas em 22 estados e cerca de 57 mil funcionários.

Essas três marcas - Casas Bahia, Pernambucanas e Riachuelo --, com raízes ou inspirações nordestinas, simbolizam não apenas o sucesso empresarial, mas também a valorização de uma identidade cultural que ajudou a moldar o comércio e o consumo popular no Brasil.







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