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Doação de órgãos: HB realiza treinamento para profissionais de 23 hospitais da região

Profissionais do Hospital Padre Albino, Santa Casa de Fernandópolis, de Votuporanga, Jales e Rio Preto, além do Austa, Beneficência Portuguesa e Hospital Hapvida, entre outros, participaram da capacitação

 
Mais de 50 profissionais da saúde de 23 hospitais de Rio Preto e região participam de um treinamento oferecido pela equipe da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Base, de São José do Rio Preto, para abordagem familiar em momento de morte e identificação de morte encefálica. O objetivo é aumentar o número de famílias que dizem “sim” e aceitam que os órgãos da pessoa que acabou de morrer sejam doados e salvem várias vidas. A capacitação acontece nesta sexta-feira e sábado (04 e 05 de julho), no Hotel Hyatt Place, em Rio Preto, abordando os processos e ações que aprimoram ainda mais a doação de órgãos, ajudando a reduzir a fila de espera no Brasil.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, até 2 de julho deste ano, 46.450 mil pessoas aguardam por doação de órgãos em todo o país, sendo 27.193 homens e 19.257 mulheres. Dentre os órgãos mais solicitados, destaque para rim (43.016), fígado (2.337) e coração (452). Já a fila de espera para transplante de córnea contabiliza 32.640 pessoas, sendo 14.484 homens e 18.156 mulheres.

Durante o encontro desta sexta-feira, os profissionais participaram do Curso de Comunicação em Situações Críticas, realizado em parceria com a Central de Transplantes de Santa Catarina, que visa orientar sobre a melhor maneira de lidar com o luto e como conduzir a comunicação de más notícias. O treinamento é baseado no protocolo espanhol de abordagem familiar e inclui um simulado do processo de solicitação de doação de órgãos, entre outros tópicos.

“A região noroeste de Estado já tem conseguido importantes avanços nesta área, e eventos como o desta semana colaboram para registrarmos 47 doadores de órgãos por milhão de habitantes, índice muito próximo da Espanha, referência para o mundo, com 50 doadores por milhão”, afirma o médico nefrologista João Fernando Picollo de Oliveira, coordenador da OPO do HB. A região noroeste paulista registra, portanto, quase o dobro da média do Estado de São Paulo, de 21 doadores por milhão. O índice regional também é superior ao nacional, que são 18 doadores por milhão. Cada doador pode salvar até 8 vidas.

Dr. Affonso Geromel Guidado, médico residente de medicina intensiva, é um dos quatro profissionais do Hospital Padre Albino, de Catanduva, que participou do treinamento oferecido pela OPO do HB, nesta sexta-feira. “As unidades de terapia intensiva lidam diariamente com comunicação de más notícias. Esse é um trabalho muito difícil, deve ser um dos momentos mais difíceis do trabalho, de se comunicar. Acho que é imprescindível receber treinamentos como esse, para que o profissional saiba se comunicar bem para acolher e também fazer com que as famílias aceitem doar os órgãos e tecidos”, diz. 

A enfermeira Kauani Colombo, da Santa Casa de Fernandópolis, participou do treinamento com outras duas profissionais da instituição. “Este curso é um divisor de águas, porque a abordagem profissional é outra, muito mais assertiva e respeitosa. Quem passa por esse treinamento vai embora com uma bagagem extremamente adequada e humanizada, até porque esse tema ainda é um tabu para grande parte da sociedade e precisa ser amplamente falado”, afirma. 

Já no sábado, os profissionais participam de um curso para diagnóstico de morte encefálica, realizado em parceria com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), que aborda as habilidades técnicas, éticas e jurídicas necessárias.

Profissionais do Hospital Padre Albino, de Catanduva, durante o treinamento realizado pela OPO do HB


Além de profissionais do Hospital Padre Albino e da Santa Casa de Fernandópolis, o curso contou com médicos, psicólogos e profissionais do Hospital Emílio Carlos, de Catanduva, Santa de Casa de Jales, de Votuporanga e de Rio Preto, e também do Hospital de Base (HB), Hospital da Criança e Maternidade (HCM), Austa Hospital, Hospital Beneficência Portuguesa e Hospital Hapvida, entre outros.

A região noroeste paulista destaca-se em meio à realidade difícil no país. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o grande desafio do Brasil é conseguir mais doadores e autorização das famílias. 

Tantas famílias dizendo “sim” em momento tão difícil, de perda de ente querido, é resultado de trabalho longo, iniciado pela OPO do HB 15 anos atrás e que hoje envolve 23 hospitais. “Nós começamos a capacitar os profissionais em 2010 num trabalho que envolve o conhecimento, o empenho e a dedicação de profissionais da área da saúde destes hospitais cientes de como conversar com as famílias e, se aceita a doação, prontos para a captação dos órgãos”, ressalta Dr. Picollo.

Profissionais da Santa Casa de Fernandópolis junto com o Dr. João Fernando Picollo, coordenador da OPO do HB
Dados estatísticos 

Atualmente, no Brasil, a taxa de autorização das famílias é 45% e na região de Rio Preto esse número é de 65%. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial em doação e transplantes de órgãos, garantido de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do país, além de fornecer integralmente os medicamentos imunossupressores, necessários por toda a vida dos pacientes transplantados.

O Brasil alcançou, em 2024, o maior número de transplantes de órgãos e tecidos da história: foram mais de 30 mil procedimentos. O recorde anterior é de 2023, com 28.700 transplantes. O Ministério da Saúde possui parceria com companhias aéreas e convênio com a Força Aérea Brasileira (FAB) para transporte gratuito de órgãos e tecidos para transplante e tratamentos. Em 2024, foram 4.767 voos comerciais e 234 da FAB.





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