![]() |
Reprodução dos painéis "Guerra e Paz" de Cândido Portinari, que estão na sede da ONU |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
Portinari é um nome que
carrega uma grande carga cultural e histórica no Brasil. Além de ser o sobrenome
do mais famoso pintor brasileiro, Cândido Portinari, que encantou o mundo com
suas obras de arte, ele também é uma marca que remete a diferentes experiências
sensoriais.
Além disso,
"Portinari" também é utilizado como nome de uma linha de vinhos que
busca refletir a riqueza e a complexidade de uma tradição brasileira, assim
como a arte que o pintor deixou para o país e para o mundo. O vinho Portinari é
sinônimo de elegância e prazer, complementando a grandiosidade que o nome
representa.
![]() |
"Criança Morta" é um dos quadros de Portinari avaliado em mais de R$ 1 milhão |
.
Em termos de mercado,
Portinari ainda representa para a arte moderna brasileira o que Picasso significa
para a arte europeia, ou seja, um selo de garantia de liquidez. Uma icônica
tela de Portinari, simplesmente denominada como “Menino”, pintada em 1958 pelo
artista, foi arrematada por R$ 4,2 milhões em 2019 em um leilão realizado em
Lisboa. No mesmo ano, o quadro “Flautista”, de Cândido Portinari, foi a leilão,
em São Paulo, por R$ 9 milhões.
Outro quadro de Portinari,
“Menino de Brodowski”, pintado em 1946, cujo preço estava estimado entre US$ 60
mil a US$ 80 mil, foi arrematado num leilão em Nova Iorque por US$ 242 mil
(cerca de 1,5 milhão em reais). As obras mais valorizadas são o óleo sobre tela
ou madeira.
![]() |
Cândido Portinari é o filho mais ilustre de Brodowski, cidade do interior paulista |
Filho de italianos,
Portinari veio de uma família humilde e era o segundo filho de doze irmãos.
Estudou até o primário, mas participou da elite intelectual brasileira e
internacional.
Aos 15 anos fixou
residência no Rio de Janeiro, onde se matriculou na Escola Nacional de Belas
Artes. Aos 20 anos, Cândido Portinari já era conhecido internacionalmente. Com
25 anos ao participar da Exposição Geral de Belas Artes ganhou como prêmio passagens
para viajar ao exterior. Assim ele morou em Paris e outras cidades europeias,
onde conheceu vários artistas, além de Maria Martinelli, uruguaia com que se
casou e viveu toda sua vida.
Portinari foi, sem dúvida,
o mais importante pintor brasileiro de todos os tempos. Alcançou projeção
internacional. Retratou, até certo ponto, questões sociais sem desagradar os
governantes. Utilizou sua arte como ferramenta social, destacando as injustiças.
Participou de inúmeras exposições, trabalhando de forma incansável. Recebeu
diversos prêmios e além da pintura, Portinari também se dedicou à ilustração,
gravura e à docência, sendo professor de artes plásticas.
Em 1941, produziu os
murais da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, nos
Estados Unidos. Em 1944 foi convidado por Oscar Niemeyer para contribuir com
suas obras para o projeto arquitetônico da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte.
Lá ele pintou a Via Sacra e as obras sacras de São Francisco.
Em 1948, após se envolver
com política no Brasil, precisou se exilar no Uruguai. Ele era ativo no
movimento político-partidário e chegou a se filiar no Partido Comunista Brasileiro,
pelo qual se candidatou a deputado, em 1945, e a senador, em 1947, perdendo em
ambas as eleições.
A década de 1950 marcou a vida de Cândido Portinari. Foi convidado a pintar, em 1953, os famosos murais “Guerra e Paz” para a sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova Iorque. Em 1955 foi honrado, também em Nova Iorque, com a medalha de ouro como O Melhor Pintor do Ano. Na construção de Brasília foi novamente convidado por Oscar Niemeyer para contribuir com suas obras para a capital federal. Durante a invasão do prédio dos três poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023 um quadro de Portinari, avaliado em mais de R$ 1 milhão, no Palácio do Planalto, foi esfaqueado pelos invasores.
Em meados de 1962,
Portinari aceita encomenda da prefeitura de Barcelona, na Espanha, para pintar
um grande mural naquela cidade. Contudo, devido a intoxicações com as tintas
ele faleceu aos 58 anos de idade.
Em Brodowski a casa onde morou foi transformada num museu. O local reúne diversas obras, móveis e objetos pessoais do artista. Atualmente ali são desenvolvidas diversas atividades educativas e culturais.
.
![]() |
"Navio Negreiro", de Portinari, foi arrematado por R$ 9 milhões |
![]() |
"O "Flautista" é outra obra rara de Portinari que vale muito dinheiro |
![]() |
O perfume Portinari, lançado pelo Boticário, é uma homenagem ao artista |