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Conheça a árvore genealógica da cidade de São José do Rio Preto

 

São José do Rio Preto completa 130 anos de emancipação política

Nelson Gonçalves, especial para a Folha 2

A concepção dos municípios pai, avô e tataravô oferece perspectivas únicas sobre a evolução administrativa e territorial no Brasil. Por meio dessa análise, é possível entender como o processo de descentralização e desmembramento territorial ajudou a configurar o mapa atual dos municípios, refletindo a dinâmica de crescimento e transformação das comunidades ao longo do tempo.

Talvez a maioria dos moradores de São José do Rio Preto desconhece que a origem da cidade teve origem lá em 1554, quando os padres jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta fundaram o município de São Paulo. E nesses quase cinco séculos foram necessárias seis gerações de formação de cidades para se fundar e emancipar São José do Rio Preto, que deu origem a outros 12 municípios na região.  Veja abaixo o mapa genealógico de São José do Rio Preto:

 


São José do Rio Preto, antes de ser emancipada, pertencia à Jaboticabal, que por sua vez era distrito de Araraquara e esta cidade foi de distrito de Piracicaba, numa linha sucessória como se fossem "pai", "avô" e "tataravô" de São José do Rio Preto. Aprofundando nas raízes históricas Piracicaba era distrito de Porto Feliz, que por sua vez foi distrito de Itu e este se desmembrou de Santana do Parnaiso, que tinha se emancipada quase 30 anos antes de São Paulo, a terceira cidade oficialmente fundada no Estado. A primeira foi São Vicente, em 1531, e a segunda foi Itanhaém. 

Municípios parentes entre si

Pátio do colégio dos padres jesuítas: foi aqui que nasceu a cidade de São Paulo

 

Esses “graus de parentesco” entre os municípios são símbolos de um processo contínuo de adaptação às novas realidades demográficas, econômicas e sociais, consolidando a autonomia e identidade local. A ascensão dos municípios no Brasil está relacionada ao processo histórico de descentralização do poder e à busca por uma maior autonomia local. Ao longo dos séculos, a estrutura política e administrativa do país foi se moldando, permitindo que as cidades e vilas ganhassem maior protagonismo nas decisões.

 Embora o título oficial de primeira cidade constituída do Brasil pertença a São Vicente, para a maioria dos historiadores é quase unânime em reverter os louros para Cananéia. Conta a história que, em 1531, o português Martins Afonso de Souza veio ao Brasil para fixar uma colônia projetada. Quando atracou em Cananéia encontrou um vilarejo já erguido por um degredado do reino de Portugal, o mestre de obras Gomes Fernandes, que vivia ali desde 1502 e era casado com a índia Caniné. Daí a razão do nome Cananéia. Para não frustrar seu intento, Martin Afonso passou 44 dias no povoado e, depois, seguiu viagem até São Vicente, onde fundou, em 1532, oficialmente o primeiro município brasileiro.

 A controvérsia sobre a cidade mais antiga do Brasil, entre Cananéia e São Vicente, permanece até hoje, mas a primeira perdeu o título devido a falta de documentação. Diversas outras cidades foram então fundadas no Brasil. Salvador em 1546, que foi sede administrativa da Colônia Portuguesa e capital do Brasil até 1763. Antes disso, Porto Seguro, onde Pedro Alvares Cabral desembarcou pela primeira vez em terras brasileiras, foi fundada em 1535 como município. Foi lá que em 1504, Gonçalo Coelho construiu o primeiro forte na área, que se tornaria ponto de defesa para a colonização portuguesa.

Olinda, patrimônio cultural e histórico  

 Fundada em 1535, Olinda (PE) é declarada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco. São Paulo, a maior cidade do Brasil e da América do Sul, começou em 1554 com a fundação de um colégio de jesuítas para catequizar os índios. Os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta são considerados como os fundadores da cidade.

 Ao longo da história, diversos municípios que antes foram grandes ou tiveram uma importância especial desapareceram ou sofreram grande redução em sua população e influência. Um deles foi Conceição de Monte Alegre, que de pujante município no oeste paulista simplesmente se tornou distrito pertencente à cidade de Paraguaçu Paulista. Fundado em 1873, Conceição de Monte Alegre durante 37 anos reinava praticamente sozinho como município sob uma imensa área territorial que abrangia Rancharia, Quatá, Paraguaçu Paulista, Martinópolis e até a pujante Presidente Prudente. (Leia a história de Conceição de Monte Alegre, clicando aqui)

Jaboticabal, município "pai" de Rio Preto

Vista aérea do centro de Jaboticabal, cidade considerada como "pai e mãe" de São José Rio Preto, da qual se desmembrou  em 1894

O município de Jaboticabal, fundado em 1867, após emancipar-se de Araraquara, tinha como distritos as cidades de Taquaritinga (emancipada em 1892), Bebedouro (1894), Pitangueiras (1893), São José do Rio Preto (1894), Monte Alto (1895), Barretos (1895) e Taiuva (1948). Araraquara foi fundada em 1832, após emancipar-se de Piracicaba, que, por sua vez, se libertou de Porto Feliz um ano antes. Porto Feliz auto proclamou sua independência da cidade de Itu em 1797, que emancipou-se de Santana do Parnaíba em 1654.   Santana do Parnaíba foi a primeira cidade a separar-se, em 1625, da capital paulista.

Até o século 15 o estado de São Paulo, além de São Vicente e a capital paulista, tinha menos de oito cidades. Entre elas por ordem de fundação: Itanhaém (fundada em 1561), Mogi das Cruzes (1611), São Sebastião e Santos (1636) Ubatuba (1637), Iguape (1639) e Taubaté (1645).

Outro município que foi bastante poderoso na região noroeste paulista foi Penápolis, que até 1913 era distrito de São José do Rio Preto. Mas assim que foi elevado à categoria de município, Penápolis se tornou importante polo de desenvolvimento do noroeste paulista. Penápolis tinha como distritos: Araçatuba (emancipada em 1921), Birigui (1921), Promissão (1923), General Glicério (1925) e Avanhandava (1925). O local levou esse nome em homenagem ao então presidente da República, Afonso Pena, que tinha falecido no ano de sua emancipação política-administrativa.

São José do Rio Preto chegou a abrigar debaixo do seu enorme guarda-chuva 13 distritos, que aos poucos foram conseguindo sua auto independência para também se declararem municípios: Catanduva (1917), Mirassol, Monte Aprazível e Tanabi foram emancipados em 1924. Em 1925 foram emancipados Nova Granada, Potirendaba e Uchoa. José Bonifácio ganhou liberdade administrativa em 1926. No ano seguinte, Cedral. Nova Aliança em 1944, Guapiaçu em 1953, Bady Bassitt em 1959 e Ipiguá em 1993.

O município de Marília foi criado em 1928. Antes pertencia à Cafelândia e essa, por sua vez, à cidade de Pirajuí. Marília possui atualmente seis distritos: Amadeu Amaral, Avencas, Dirceu, Lácio, Padre Nóbrega e Rosália. Mas já chegou a ter 12 distritos, a saber: Vera Cruz (emancipado em 1934), Pompéia (1938), Tupã (1936), Oriente (1944) e Ocauçu (1959).

Se Jaboticabal é considerada como "pai" de São José do Rio Preto, a cidade de Araraquara pode-se dizer que é a avó de Rio Preto

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