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A cidade de Berne, em Indiana, nos Estados Unidos, tem uma réplica com 48 metros de altura da famosa torre do relógio da Suíça (foto: N.Gonçalves)
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Por Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
O casal norte-americano Becky e Jeff Gaskill vive
na pequena cidade de Berne, em Indiana, nos Estados Unidos. Ele é pastor de uma
igreja evangélica e ela educadora, dirigente de uma creche, cuja estrutura serve
de exemplo para o mundo inteiro. A creche recentemente teve sua capacidade
ampliada para atender cerca de 160 crianças. Foi esse casal que serviu de guia e de tradutores, em duas ocasiões, para os lugares visitados nessa reportagem.
Berne, com cerca de 4.200 habitantes, é amplamente
conhecida por sua herança, arquitetura e cultura suíças, e pela fama de ser considerada
como a “capital do mobiliária de Indiana”. Sua área circundante também se
tornou conhecida por sua população Amish, a quinta maior comunidade Amish dos
Estados Unidos, que fala alemão-bernês (um dialeto suíço-alemão).
A cidade foi colonizada em 1852 por imigrantes
menonitas que vieram da região montanhosa de Munsterberg da Suíça e nomearam a
comunidade em homenagem a capital de seu país natal. Em Berne é tudo em linha
reta. Assim como a formação do território americano, que não atravessa
barreiras naturais como rios e montanhas, comuns em outros países, a divisão
entre os estados e municípios é feita em linhas retas. Com exceção dos estados por onde passam os
rios Mississipi, Missouri e Ohio e pontos isolados guiadas pelos rochedos, o país
é dividido em grandes quadrados de terra, separados apenas por extensas
rodovias, em linhas retas.
Berne está a 7 km de Geneva, a 10 de Monroe, 12 de
Vera Cruz, 14 de Bryant, 20 de Decatur e a 56 km de Fort Wayne, que com 270 mil
habitantes é a segunda mais populosa cidade de Indiana. No estado só perde para
Indianápolis, com cerca de 800 mil habitantes.
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Monumento que possui os brasões dos 30 cantões (Estados) da Suíça |
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Mila, Beck e o pastor Jeff Gaskill na feira dominical de Berne |
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Igreja Graça da Bíblia, onde Jeff Gaskil é o pastor responsável |
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Praça Muensterbeg, onde pode ser vista a bandeira da Suíça, na cidade de Berne, em Indiana, Estados Unidos |
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Mapa dos Estados Unidos evidencia as linhas retas que separaram os estados |
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Monumento aos Cantões da Suíça |
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Sede da Polícia de Berne, em Indiana, nos Estados Unidos |
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Placa de boas-vindas na entrada de Berne, em Indiana, nos Estados Unidos |
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Casa tipicamente suíça construída em Berne, em Indiana, nos Estados Unidos |
Estrutura política
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Prefeito de Berne, Gregg Sprunger, recebe flamula do Rotary entregue pelo jornalista Nelson Gonçalves
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Os Estados Unidos possuem cerca de 30 mil cidades.
Em quase todas elas o governo geralmente é confiado a uma junta ou conselho de
três a cinco pessoas eleitas, conhecido por vários nomes como conselho de
notáveis, junta de supervisores, de comissionários ou conselho administrativo.
Esse grupo, que geralmente trabalha sem quaisquer tipos de remuneração e tem funções
legislativas, se reúne para indicar o prefeito ou aquele que irá atuar como o
chefe do executivo local.
Desde 2020, o bancário aposentado Gregg Sprunger,
atua como prefeito de Berne. O administrador supervisiona os departamentos
municipais e trabalha enquanto o conselho estiver satisfeito com o seu
desempenho. Confira o funcionamento da administração de Berne, acessando aqui o site da prefeitura daquela localidade.
Torre do relógio
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Réplica da Torre do Relógio em Berne, Indiana (EUA) possui 48 metros de altura
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Um dos principais pontos turísticos da cidade de
Berna em Indiana, assim como na capital suíça, é a famosa torre do relógio. Na
Suíça, a torre, construída na década de 1300, no século 14, é remanescente das
primeiras muralhas suíças. Por mais de 600 anos, o relógio bateu o seu sino a
cada virada de hora. Os tíquetes confiáveis
da tecnologia dos ponteiros da Idade Média transmitem confiança e firmeza aos
visitantes. Não é à toa que a Suíça é conhecida no mundo inteiro pela precisão
de seus relógios.
A torre do relógio marca o centro da vida urbana e
serve de memorial cívico para a pequena Berne de Indiana. Com 48 metros de
altura e 10 metros de largura, a torre do relógio na Berne indiana chama a
atenção dos visitantes. Todos que passam
pelo local fazem questão de se deixar fotografar ao lado desse monumento
enorme. Bem ao lado está um outro monumento significativo que mostra de forma
estilizada os brasões de todos os cantões, que são equivalentes a estados na
Suíça. É muito comum ao andar pela cidade ver, além dos prédios com bandeiras dos
Estados Unidos, observar a presença da bandeira vermelha com uma cruz branca ao
centro: a bandeira oficial da Suíça.
Amish
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Os amishs vivem de forma isoladas em áreas rurais da cidade de Berne |
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Os amish circulam as rodovias vicinais de Berne com carroças produzidas por eles mesmos |
Outro fato que chama bastante atenção em Berne dos
Estados Unidos é a presença constante de representantes da comunidade Amish
andando de carroças pelas ruas da cidade. Amish é um gripo religioso cristão
estabelecido nos Estados Unidos e no Canadá. São conhecidos por seus costumes
conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive
telefone, televisão, rádio e automóveis. Na maioria da casa dos integrantes
dessa comunidade, que vivem de forma isoladas no campo, não tem sequer luz elétrica.
Em pleno século 21 ainda, embora a energia elétrica passe próxima de suas
propriedades, eles vivem sob a luz de lampiões.
Vindos de uma parte da Suíça, próxima a Bavária,
na Alemanha, os Amish falam entre si uma espécie de dialeto em alemão com influências
suíças e inglesas, criando uma língua bem caracterizada do grupo. Eles não
gostam de ser fotografados e escondem o rosto quando observam alguma câmera por
perto.
As famílias dos Amish se vestem de forma igual. Os
homens usam terno, chapéu e barba com o bigode raspado. A mulheres, inclusive
as crianças, se vestem com vestidos cobrindo todas as partes do corpo e usam
uma espécie de toca na cabeça, escondendo os cabelos. E todos na mesma cor e
tonalidade adotada pela família. Se é azul, por exemplo, todos da família se
vestem de azul.
As crianças Amish estudam em escolas exclusivas
deles até o oitavo ano de suas formações, algo em torno dos 16 anos de idade.
Nessas escolas elas aprendem matemática, inglês e alemão, as matérias
necessárias para que iniciem os trabalhos para ajudar os adultos com o
comércio. As famílias vivem em fazendas de subsistência própria. Produzem o que
necessitam e a sobra negociam com o mundo externo. Criam e negociam cavalos de
raça. Assim, em pequenas lojas familiares, os Amish vendem móveis, colchas e
comidas típicas. Tudo produzidos por eles mesmos. Parte dos ganhos é doada e
revertida para eles mesmos para a compra de terras coletivas.
É impressionante como os Amish vivem em pleno
Século 21. Mila Sosa Viera Gonçalves, do Rotary Clube de Bady Bassitt, ficou
admirada com a forma de viver dos Amish. “Jamais imaginei que tive gente
vivendo dessa forma primitiva, quanto mais ainda nos Estados Unidos que é um
país de primeiro mundo”, afirmou Mila, que visitou em setembro deste ano
algumas comunidades de Amish, nos Estados Unidos, em companhia de Beck e de Jeff Gaskill.
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Os amishs costumam circular em grupos pelas estradas vicinais de Berne |
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