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Canadá atrai brasileiros para morar nesse país

 

A bandeira do Canadá e ao fundo a cidade de Toronto com a torre CN, com 525 metros de altura é a maior da América do Norte e a terceira torre mais alta do mundo


Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

Morar no Canadá pode ser uma experiência rica e variada para muitos brasileiros. É um país conhecido por sua diversidade cultural, com alta qualidade de vida. O sistema de educação e de saúde é público e acessível para todos os moradores. O índice de acidentes de trânsito e a criminalidade é quase zero se comparado ao Brasil.  Enquanto no Brasil registra-se uma média de 300 mil mortes por acidentes de trânsito nos últimos anos, no Canadá não se chega a 3,5 mil mortes.

De acordo com dados de 2022 do Ministério das Relações Exteriores do Brasil aproximadamente 133 mil brasileiros vivem no Canadá. Embora o número pareça grande o Brasil não lidera a lista de imigrantes morando no Canadá. A Índia, com mais de 1,5 milhão, é a principal fonte de imigrantes do Canadá, uma vez que a maioria dos seus cidadãos fala inglês fluentemente e possui características importantes para ajudar na absolvição da mão de obra faltante. Em seguida vem os chineses, filipinos, sírios e paquistaneses. O Brasil figura na sexta posição de países com maior número de imigrantes.

O engenheiro eletricista Carlos Damianci, paulista de Birigui, trabalhou muitos anos como diretor da Belga, empresa líder na produção de moldes para injeção de termoplásticos. Ele é um dos brasileiros que vive no Canadá. Há quatro anos se associou a outro brasileiro, o advogado Gilmar Sobral, que era de Jundiaí, e juntos montaram uma pastelaria e um restaurante no mercadão central de London, cidade de 532 mil habitantes no interior do estado de Ontário. Carlos diz ter mudado com a cara e coragem junto com a esposa Martha e com os filhos: um casal de gêmeos de 13 anos e o caçula de 11 anos. E garante que não se arrepende. “A qualidade de vida aqui é muito melhor do que no Brasil”, informa.

O brasileiro Carlos Damianci virou dono de restaurante no Canadá 

Chegando no Canadá com a cara e a coragem

Outro casal de brasileiros que vive há 22 anos na cidade de Trois Rivières, no estado de Quebec, é Tatiane Gonçalves e Luís Augusto Silva. Ele é arquiteto e empresário multifuncional, além de esportista. E ela é funcionária pública concursada do Governo canadense. Quando decidiram abandonar a então pequena cidade de Valinhos, na região de Campinas, para se mudar para a bonita Trois-Rivières ainda não tinham os filhos Melissa e Samuel, ambos nascidos no Canadá.

“Quando decidimos vir para cá, vendemos nossa casa e nosso carro lá no Brasil e viemos mesmo com a intenção de ficar”, explica Luís, lembrando que se não tivessem desvinculado de todos seus bens no primeiro aperto e no primeiro inverno teriam voltado. O inverno no Canadá é bastante rigoroso, com temperatura oscilando entre 20 a 30 graus abaixo de zero. “A qualidade de vida que estamos proporcionando aos nossos filhos aqui é incomparável se estivéssemos vivendo no Brasil”.

Luís Augusto é aficionado por corridas de Formula 1. Possui em sua casa um simulador de corridas, onde treina aos finais de semana. Ele também fez parte da primeira equipe brasileira de curling, um esporte olímpico diferente que é praticado sobre o gelo. E logo na estreia, em 2008, conquistaram medalha de prata na disputa. Leia matéria sobre o assunto clicando aqui.

Trois-Rivières significa “três rios” em francês. O nome da cidade, de cerca de 150 mil habitantes fundada em por Jacques Cartier em 1535, vem de uma ilusão de ótica que os três canais do rio Saint Maurice ao desaguar no rio São Lourenço, que formam duas ilhas e dá a impressão de que existiam três rios na região.

Luis Augusto e Tatiane, brasileiros que já se tornaram cidadãos canadenses

Dois países em um só

O Canadá dá ao visitante a impressão de que existem dois países dentro dele, pois uma parte, a região de Ontário, mais populosa, fala o inglês britânico. Já outra região, a de Quebec, adota o francês como língua oficial. Quem visita a região de Quebec pensa ter chegado na França, pois todas as placas de trânsito, os nomes das ruas, praças, avenidas e até das lojas e estabelecimentos comerciais são todos escritos em francês. E não é só na escrita. Todos os moradores falam francês. Curiosamente até o cão batizado como Caju, da família da Tatiane e do Luís Augusto, somente atende comando de vozes, se for dado em francês pelos membros da família.

Outro casal que se mudou há pouco mais de um ano para o Canadá é a fonoaudióloga Márcia Regina Gonçalves Pacifico e o servidor público André Ribeiro. Escolheram a cidade de Windsor, em Ontário, com cerca de 200 mil habitantes, localizada na divisa com Detroit (EUA), para criar os filhos João Pedro e Rafael. Márcia mudou-se temporariamente para o Canadá a fim de concluir um curso de especialização em sua área profissional. E André continua vinculado ao seu emprego no Brasil, trabalhando online. "Fizemos uma escolha acertada", dizem.

O psiquiatra Saulo Castel decidiu se mudar de São Paulo para o Canadá há 23 anos, influenciado tanto por questões profissionais quanto pessoais. Era casado, mas ainda não possuía filhos. Mas já pensava em melhores condições para sua família. "Na minha avaliação, o Brasil não era um lugar adequado para se criar filhos, por conta da conta da violência e da corrupção, coisas que praticamente não existem no Canadá".

A vantagem no Canadá é que desde a pré-escola até a última série do ensino médio todas as escolas são do Estado. Lá estudam os filhos dos ricos e dos pobres. Não existem distinção de classes sociais e o ensino é de primeiríssima qualidade. Outro ponto marcante na educação é que os alunos para poderem passar de ano, a partir dos 12 anos, são praticamente obrigados a trabalhar durante as férias escolares. E ganham até cerca de 25 dólares canadenses por hora trabalhada.

A fonoaudióloga Márcia Pacifico e André Ribeiro moram no Canadá na divisa com os EUA

 Cerveja é restrita

 A venda de cerveja e quaisquer bebidas de álcool é controlada pelo governo canadense e é relativamente restrita. Não se encontra cerveja para vender em supermercados, lojas de conveniências, padarias, restaurantes e sequer existem bares como encontramos em quaisquer esquinas do Brasil. 

A venda de cerveja e bebidas alcoólicas somente podem ser compradas nas lojas controladas pelo governo. Quem compra precisa apresentar documentos e provar que é maior de idade. Não se pode sair desses estabelecimentos exibindo esse tipo de produto. Os estabelecimentos costumam entregar as bebidas acondicionadas em sacos plásticos pretos e lacrados. O consumo é permitido, mas sob regras claras. Essa restrição acaba inibindo o consumo. 

No Canadá existem várias cervejas produzidas no país, mas o consumo é restrito

Droga liberada

 Desde 2023, os canadenses podem comprar canabis seca ou fresca, óleo, folhas ou sementes em locais autorizados. É permitido produzir cookies, bolos e bebidas à base de canabis, que pode ser encontrado facilmente até em lojas de 1,99. O comércio dessa droga ainda está em fase de teste no país e os viciados que se inscreverem num programa de governo podem ter acesso gratuito à droga.

 A folha Maple Leaf

A folha da árvore Maple é o símbolo oficial do Canadá


A Maple Leaf, folha da árvore da Maple não está somente na bandeira canadense. Ela é um símbolo que faz parte da história do país. Está espalhado por todas as partes do país, em monumentos, calçadas, fachadas de prédios, e também presente em camisetas, bonés, blusas, canecas, imãs de geladeira, chaveiros e todo tipo de souvenir.

Até 1965 o Canadá utilizava a bandeira da Inglaterra como a oficial do território, mesmo tendo ficado independente há quase um século antes, em 1867. Porém, desde 1925 a população e o governo já clamavam por uma nova bandeira e um novo símbolo. 

Em 1945 iniciou-se um concurso para a escolha de um novo símbolo para ornamentar a bandeira do país. Concorreram 2600 desenhos. Em 1965 três modelos foram apresentados à população para serem votados. O primeiro deles, tinha um fundo vermelho com uma flor-de-lis em branco. O segundo era um modelo de fundo branco, laterais azuis e com um ramo de Maple Leaf contendo três folhas. A terceira era com funcho todo branco e a folha suntuosa e solitária no meio. A última prevaleceu com algumas alterações com o desenho como conhecemos hoje.

A árvore é considerada como símbolo do país por ser bastante abundante no solo canadense. A folha da Maple já era utilizada para representar o país por volta de 1700 pelos índios nativos da região. As cores branca e vermelha estampadas na bandeira canadense fazem referência a Inglaterra e a França, os dois países que colonizaram o Canadá.

Outra coisa bastante comum no Canadá é o uso do conhecido xarope de Maple. É difícil comparar o sabor da iguaria com outro, pois seu gosto é bastante peculiar e caracterizado. Possui a textura e consistência parecidas com o mel de abelha. A calda é utilizada no café da manhã, como cobertura para panquecas, waffles, crepes, sorvetes e outros alimentos.

 

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