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Quem for viajar ao exterior precisa saber se precisa tomar vacina contra a febre amarela

 

Quem for viajar para países considerados como área de risco para a proliferação da febre amarela é obrigado a tomar vacina e apresentar o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP)

 Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

Quem estiver com viagem marcada para o exterior deve se atentar para ter em mãos o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) da febre amarela. Esse é um documento exigido por mais de 100 países, principalmente aqueles que têm regiões com riscos da disseminação da doença. Na África são 34 países e nas Américas Central e do Sul são 13 que fazem a exigência desse certificado, normatizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Confira a lista dos países que exigem o CIVP, clicando aqui

 Países como a Austrália, Bolívia, China, Colômbia, El Salvador, Índia, Maldivas, Nigéria e República Dominicana são bem exigentes quanto ao comprovante de vacinação. As empresas aéreas com voos para esses lugares não deixam nem os passageiros, sem a comprovação da vacina, subirem no avião. Já teve caso de uma mulher de 53 anos de São José do Rio Preto não poder embarcar e teve de regressar à sua cidade para tomar a vacina e conseguir o comprovante internacional que, dependendo da burocracia, pode demorar até 10 dias para ser expedido.

 Faz alguns anos atrás, o próprio repórter que escreve essa matéria foi impedido de embarcar no trem, na Bolívia, com destino à Santa Cruz de La Sierra por causa da falta da vacina. Perdeu o trem e teve de voltar ao Brasil para tomar essa vacina. A Bolívia na época exigia a vacina, mas não tinha ela disponível para ser aplicada.

Entretanto faltam no Brasil informações precisas sobre a doença e principalmente a obrigatoriedade da vacina para quem for viajar para fora. Nos postos de saúde quase ninguém saber informar, de forma correta, como proceder para se obter o CIVP. Profilaxia é a utilização de procedimentos e recursos para prevenir e evitar doenças. Alguns funcionários das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), sem conhecimento, sugere a quem procura por esse certificado para se dirigir ao aeroporto, aos Correios, Poupatempo ou à sede das secretarias de Saúde. Mas nenhuma das alternativas é a correta, pois tudo é feito pelo aplicativo Gov.br, do Governo Federal. Para isso basta baixar o aplicativo, preencher seus dados e cadastrar uma senha.

 Para quem não está acostumado com a internet não é uma tarefa fácil. O aplicativo, mesmo para pessoas experientes com a informática, possui uma interface não muito amigável e chega a ser um pouco complicado para acessá-lo. Mais adiante, nesta matéria, vamos ensinar um passo-a-passo para quem necessita do CIVP.

 Os primeiros testes da vacina no Brasil

O médico Oswaldo Cruz que tem seu nome numa cidade paulista em sua homenagem, foi o precursor da vacinação contra a febre amarela no Brasil e no mundo. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) é hoje a maior fabricante de vacinas contra a febre amarela do mundo

A febre amarela é uma doença viral aguda, imprevisível, transmitida ao homem pelos macacos, por meio da picada de mosquitos infectados. O vírus transmitido pelo mosquito é muito parecido com o Aedes aegypti da dengue. A maior frequência da febre amarela ocorre entre os meses de dezembro a maio, período de maior incidência de chuvas, quando aumenta a proliferação do mosquito. A febre amarela é uma doença perigosa que pode levar as pessoas à morte.

 Talvez poucas pessoas ouviram falar do médico sul-africano Max Theiller, que começou a desenvolver a vacina contra a febre amarela. Ele estudou em universidades de Grahamstown, na África do Sul, e da Cidade do Cabo. Também estudou em Londres, na Inglaterra, onde ganhou o Prêmio Nobel de Medicina.

A doença costumava ser bastante comum no começo do século passado e matava centenas de pessoas. A cura para a doença ocorreu quando o médico Max Theiler e seus colegas de experimentos demonstraram aos colegas que a causa da febre amarela não era uma bactéria, mas um vírus.

 Os primeiros testes da vacina contra a febre amarela foram feitos no Brasil. O médico e cientista brasileiro Oswaldo Cruz inaugurou, em 1927, o Laboratório do Serviço Especial de Profilaxia da Febre Amarela pela Fundação Rockfeler, dentro do instituto que mais tarde se transformaria em fundação e que leva o seu nome. O nome da fundação revela a importância de Oswaldo Cruz para a saúde pública no Brasil. Médico aos 20 anos de idade, ele trabalhou incansavelmente para a cura da febre amarela e de outras doenças que vitimaram milhares de pessoas no Brasil e no mundo.

 Oswaldo Cruz enfrentou outros médicos e a população ao provar que um mosquito era o vetor da febre amarela. Trabalhou ao lado de importantes médicos e cientistas, como Vital Brasil e Adolfo Lutz.

 Vacina  é uma das mais seguras

A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina contra a febre amarela de graça para a população. Qualquer criança a partir dos 5 anos de idade já pode tomar a vacina. No Brasil a vacina pode ser aplicada nos adultos até 59 anos.

A partir dos 60 anos a vacina somente é aplicada com atestado médico. Não é recomendada para pessoas que possuem comorbidades avançadas, como transplantados ou que tenha algum problema grave de saúde. Dois médicos consultados pela reportagem da Folha2 disseram não haver nenhum perigo, desde que não tenham problemas de saúde, os idosos tomarem a vacina.

 Desinformação no setor público

O problema principal é a desinformação dos funcionários públicos nos postos de saúde. A maioria desconhece essas orientações e não sabem como se faz para a emissão do CIVP (Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia). Desde abril de 2017, o Brasil adota o mesmo esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, sendo que a pessoa que recebeu a dose quando ainda criança está indicada a tomar dose de reforço, independentemente da idade que tiver. Essa medida está de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda de acordo com os médicos ouvidos pela Folha2, essa é uma das mais seguras e eficazes vacinas. Raramente reações graves e até mesmo fatais tem sido registrado. No Brasil, a incidência de reações foi de 0,42 casos por cada 100.000 habitantes.

 Pelo menos 10 dias antes de viajar ao exterior para os países que exigem o CVIP as pessoas devem procurar qualquer posto de saúde para tomar a vacina. A febre amarela é uma doença que pode levar o paciente à morte. Em Minas Gerais, na região conhecida como Zona da Mata, entre 1989 e 2023 foram registrados 732 casos da doença, dos quais 384 foram à óbito. No ano passado apenas um caso de óbito, ocasionado pela febre amarela foi registrado na cidade de Passos (MG). Por isso o Governo de Minas Gerais criou uma página para esclarecer melhor os internautas sobre a doença. Conheça a página clicando aqui

 Os países que exigem o certificado internacional possuem as condições para a introdução do vírus, mas não tem a doença infectada em sua população. Por isso, eles exigem que os visitantes tenham tomado a vacina para ele estar protegido e não levar o vírus para lá. O objetivo no caso é proteger o país, e não o viajante estrangeiro. “Mas obviamente que a pessoa vacinada também fica protegida quando vacinada”, explica o médico Moacir Alves Borges.

 O Brasil é o maior produtor de vacina contra a febre amarela no mundo. E tem o menor preço de custo. Cada dose da vacina custa cerca de US$ 1,00 (R$ 5,50 na cotação do dólar no final de agosto/2024). Atualmente apenas mais três países também produzem o insumo. São eles: Rússia, França e Índia.

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Campanha desenvolvida pelo Governo de Minas Gerais para incentivar a vacinação contra a febre amarela 

 Como conseguir o CIVP

 Para conseguir o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), que é um documento que comprova a vacinação contra doenças, conforme regulamento definido no Regulamento Sanitário Internacional, da Organização Mundial da Saúde (OMS), tem que seguir algumas orientações. A primeira delas é comparecer a um posto de saúde para receber a vacina da febre amarela. 

A vacina só pode ser aplicada por profissional qualificado, que deve emitir, na hora, um comprovante assinado, onde conste o número do lote e o fabricante da vacina, bem como o carimbo com o nome e identificação do profissional. As salas de vacinação nas unidades de saúde geralmente funcionam de segunda a sexta-feira, em horários específicos. A maioria funciona somente até as 16 horas.

De posse do comprovante, deve-se acessar o site ou aplicativo do Gov.br com CPF e senha. Quem ainda não tem conta no “gov.br” deve preencher o cadastro para obtê-la.

Não há atendimento presencial, como tinha antigamente nos aeroportos, para a emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP). Todo o processo é feito de forma online. Para isso deve-se acessar o site do SUS Digital (clique aqui para acessar) ou baixar o aplicativo Meu SUS Digital no seu celular.

Para entrar no SUS Digital é preciso ter em mãos a senha do Gov.br. Antes de entrar no sistema fotografe ou escaneia seu comprovante de vacinação emitido pelo posto de saúde. É importante que apresente, de forma legível, o nome do viajante e o registro da vacina contra a febre amarela, contendo a data de administração e o lote da vacina. Os dados serão conferidos com a inclusão feita pela Unidade Básica de Saúde (UBS) no sistema nacional de vacinação.

E aí basta seguir os seguintes passos: Início/Vacina/Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP). Se as informações fornecidas estiverem corretas, o tempo de análise do documento é de 48 horas. A confirmação é feita pelo e-mail informado no cadastro. Mas pode-se consultar a emissão pelo aplicativo ou site do SUS Digital.

Dúvidas pode ser esclarecidas pela Central de Atendimento ao Viajante (CAV) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo telefone 0800-6429782. Não existem custos aos viajantes para a emissão do certificado.

 E quem não pode tomar a vacina ?

 Quem não pode tomar a vacina contra a febre amarela por razões médicas não terá como solicitar o CIVP. No lugar do CIVP, o viajante deve estar de posse de um atestado médico de isenção de vacinação, escrito em inglês ou francês, contendo, no mínimo, o nome completo do viajante, data de nascimento, sexo e descrição detalhada da contraindicação da vacinação contra a febre amarela. 

O médico deve assinar e carimbar o atestado com o número do seu registro profissional junto ao órgão de classe, o Conselho Regional de Medicina (CRM). Para facilitar o trabalho do médico, a ANVISA, disponibiliza um modelo de atestado de isenção com tradução do português para o inglês. Clique aqui para ver o modelo de atestado.

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