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Galerias da Câmara de Catanduva ficaram lotadas com vários segmentos da sociedade |
A audiência pública realizada na quinta-feira (4), na Câmara Municipal de Catanduva, para debater o contorno ferroviário do município marcou o que pode ser uma reviravolta na decisão da Rumo Logística de impor um projeto alternativo à retirada dos trilhos do perímetro urbano e abrir caminho para a retomada do projeto original.
Realizada por iniciativa
da deputada estadual Beth Sahão (PT) e presidida pelo deputado federal, que
compareceu como representante da Comissão de Viação e Transportes da Câmara
Federal, Alencar Santana (PT), a audiência contou com a presença da diretora de
Relações Institucionais e Governamentais da concessionária, Giana Custódio, que
defendeu em sua fala o que é chamado pela empresa de “solução integrada” – que
substituiu o projeto do contorno por um pacote de obras dentro da cidade,
incluindo passarelas e viadutos.
Questionada pela deputada
sobre qual foi o embasamento técnico da Rumo para a tomada de decisão, quando
da renovação antecipada do contrato de concessão, a executiva alegou que foram
feitas análises comparativas. “Nós observamos que municípios que há 30 anos ou
mais implantaram o contorno ferroviário não tiveram êxito e hoje enfrentam
problema, porque essas áreas foram adensadas com o tempo. Por essa razão é que
decidimos, em nosso ‘caderno de obrigações’ incluso no processo de renovação da
concessão, deixar de fora os contornos tanto de Rio Preto quanto de Catanduva e
optamos pela solução integrada”, disse Giana, que dentre os exemplos citados,
mencionou os casos de Rio Claro e de Araraquara. Segundo ela, ambos os lugares
hoje enfrentam problema com o tráfego férreo mesmo tendo implantado o contorno.
Além disso, a
representante da Rumo sustentou que os custos para implantar o contorno
ferroviário e para executar o pacote de obras dentro da “solução integrada” –
dois viadutos, sete pontilhões, cinco passarelas, dois túneis de pedestres e
dois acessos viários – se equivalem. “O valor pactuado para ambos para
Catanduva seria o mesmo, da ordem de R$ 400 milhões”, afirmou Giana, causando
reações do público presente.
Valores iguais, mas prejuízos diferentes
Alencar Santana ponderou
que se os valores são equivalentes, o correto seria levar em consideração o
clamor popular, que deseja a retirada dos trilhos. “Afinal, por quê se decidiu
pela solução integrada? Baseada em que? Bom para quem? Os valores até podem ser
iguais, mas o prejuízo é bem diferente”, disse o parlamentar referindo-se ao
impacto das obras na vida da população. “Então, é possível que a Rumo apresente
uma outra proposta que respeite o desejo dos moradores, que claramente não
querem mais conviver com a linha férrea”, acrescentou.
A deputada adiantou que já
está definida que haverá uma agenda em Brasília para continuar o debate. “Vamos
nos reunir na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e nos
mantermos mobilizados pelo contorno. Catanduva precisa avançar, se modernizar ,
e isso passa obrigatoriamente pela retirada dos 11 quilômetros de trilhos
existentes em seu perímetro urbano. Trata-se de um espaço importante onde
podemos implantar, por exemplo, parque tecnológico e áreas de multiuso, com
finalidades de lazer, cultura e esporte”, enfatizou Beth.
O coordenador regional de Fiscalização Ferroviária São Paulo da ANTT, José Ricardo Noronha de Carvalho, e a engenheira e analista de Infraestrutura de Transportes, da Superintendência do DNIT/SP, representando o Ministério dos Transportes; Lucia Maria Pessoa de Oliveira, participaram, mas apenas na condição de ouvintes das exposições feitas na audiência, que reuniu representantes da maioria das associações de classe, entidades e sindicatos de Catanduva, além de autoridades políticas.
.Deputada Beth Sahão e o deputado federal Alencar Santana debatem sobre a necessidade do contorno ferroviário em Catanduva