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Opala Diplomata era o carro preferido dos políticos dos anos 80

 

Opala Diplomata se transformou num verdadeiro ícone para carro de luxo para políticos


 Nelson Gonçalves, Especial para a Folha2

Lançado como concorrente do Ford Galaxie e do Dodge Dart, o Opala foi o primeiro automóvel de passeio desenvolvido pela General Motors do Brasil. Foi apresentado ao público na edição de 1968 do Salão do Automóvel de São Paulo. O nome era junção do antigo modelo alemão Opel com o estiloso americano Impala (Opel + Impala). Foi bem aceito pelo público, tornando um modelo consagrado.

 O Opala ou “Opalão” como era conhecido pelos motoristas foi fabricado, ao longo de 24 anos, na fábrica em São Caetano do Sul, cidade paulista da região de São Paulo, passando por atualizações estéticas e mecânicas, mas com o projeto original mantido até ele sair de linha em 1992. Tinha duas opções de motorização, com quatro ou seis cilindros, sempre carburados, tanto para as versões básicas, luxuosas ou esportivas. No começo, o câmbio era o clássico manual com três marchas de alavanca frontal, acoplada ao volante, liberando espaço para um sexto ocupante, que ia no meio do banco dianteiro inteiriço.

Na época do lançamento, a Chevrolet fez uma forte ação de marketing contratando celebridades para divulgar o Opala. Campanhas na televisão, nos jornais e nas revistas eram estreladas pela atriz Tônia Carreiro, o cantor Jair Rodrigues e até pelo jogador Rivelino, que diziam: “Meu carro vem aí”.

 Durante toda sua vida útil, o motor sofreu um problema crônico de vazamento de óleo. Com o custo de resolução próximo ao do desenvolvimento de um novo motor propulsor, a General Motors preferiu ignora-lo até o final da produção do Opala. Outros problemas estavam relacionados ao consumo excessivo de combustíveis, vibrações no motor e problemas de equalização de cilindros.

 Nunca sofreu grandes mudanças, mantendo a mesma linha de desenho e motorização. Foi eleito pela Revista Autoesporte como o Carro do Ano de 1972, prêmio também vencido em 1976 pela Caravan, a versão station wagon do Opala.

Em 1975, quando foi lançada a Caravan, houve também a entrada da versão de luxo, batizada como Comodoro, que trazia alguns diferenciais internos e na pintura. Algumas versões especiais do Comodoro vinham com teto vinílico, rodas esportivas de magnésio e até teto solar.

 Diplomata

Em 1980 foi lançada a versão superluxo denominada de Diplomata, que caiu no agrado dos políticos da época. A versão Diplomata passou por uma reformulação mais profunda, assumindo formas mais retangulares nas lanternas dianteiras e traseiras. Com exceção do volante e do painel de instrumentos, que manteve relógios circulares, tudo tinha novo acabamento. Havia iluminação interna e dos painéis, recursos raros para o mercado nacional. Ajuste no volante com sete posições diferentes e ar condicionado: uma novidade para a época. Além de alarme sonoro para faróis ligados e temporizadores de luz interna e vidros elétricos. E só havia a versão quatro portas.

O Opala Diplomata tinha direção hidráulica, um luxo para a época. Por isso passou a ser o carro preferido para prefeitos, deputados e secretários de Estado.

Várias organizações no Brasil passaram a adotar o Opala como veículo oficial de suas frotas. Assim foram muito utilizados como viaturas de Polícia Civil e Militar, carro oficial da Presidência da República, da Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e até como ambulância, devido ao seu amplo espaço interno. Sua robustez, pelo fato de ter quatro portas e espaço interno também o fizeram um dos carros mais utilizados como táxis.

 Durante algum tempo, a General Motors diferenciou os motores por cores, como o verde para o 151-S com carburação Weber 446, o azul para o 151 com carburador Solex H40, o vermelho para o 250-S e amarelo para os motores a álcool. A partir de 1988 todos os motores foram padronizados na cor cinza.

O último exemplar do Opala foi fabricado no dia 16 de abril de 1992, quando foi produzida a unidade número um milhão. Na ocasião de seu encerramento mobilizou vários entusiastas e fãs do automóvel, que saíram em carreata nos arredores da fábrica em São Caetano do Sul, como protesto pela retirada do modelo de linha.

O ex-presidente Juscelino Kubitschek, que fundou a capital, Brasília, morreu dentro de um Opala em 1976 na rodovia Presidente Dutra. A causa do acidente até hoje não ficou muito bem esclarecida. Em 2013 deputados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais pediram para apurar novas provas sobre a morte do ex-presidente.

Ao deixar a presidência da República em 1984, José Sarney dispensou o Rolls Royce que teria direito de usar, e foi para casa dirigindo o seu próprio Opala Comodoro. As imagens foram mostradas, ao vivo, por todos os canais de televisão. E o carro já fazia dois anos que tinha saído de linha.

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Opala foi utilizado pela frota de veículos da Polícia Militar em diversos Estados

Opala Diplomata era o carro preferidos dos prefeitos e deputados

Opala Comodoro representava riqueza e luxo

A Caravan, perua do Opala, era utilizada pelas ambulâncias por causa do espaço


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