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Obelisco em homenagem à colônia espanhola será inaugurado em 26 de julho com grande festa |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
O obelisco a ser inaugurado terá 45 metros de
altura, equivalente a um edifício de 15 andares. “É uma homenagem aos
imigrantes espanhóis que ajudaram no desenvolvimento da nossa cidade de São
José do Rio Preto”, informa Nelson Lois Oureiro, diretor e ex-presidente da
Casa de Espanha, acrescentando que em 1920 o Censo mostrava que 9 mil dos 22
mil estrangeiros que moravam na cidade eram espanhóis.
Astéria Fernandes Quintana, que acumula a presidência
da Casa da Espanha com a presidência do Rotary Clube Centenário e o
gerenciamento da Casa de Portugal, informa que está sendo programada uma grande
festa para o dia, com apresentação musical, inclusive de orquestras. “O ponto
escolhido é fantástico”, diz Asteria. “Será uma grande praça, onde poderemos,
nos finais de ano, por exemplo, colocar uma grande árvore de Natal, assim como
levar um coral ou uma orquestra. E não será apenas para a colônia espanhola,
mas para toda a coletividade”.
O projeto, assinado pelo arquiteto Romeu Patriani,
foi apresentado à Prefeitura em 2018. A obra, orçada em cerca de R$ 1,5 milhão,
está sendo custeada pelo vice-cônsul da Espanha, o empresário e ex-ministro da
Agricultura no Governo Collor, Antônio Cabrera Mano Filho. Em entrevista ao
jornal “Diário da Região”, durante o lançamento do projeto, ele afirmou que o
projeto surgiu para homenagear os primeiros espanhóis que chegaram na cidade. “Foi
uma jornada difícil, de bastante luta, pois vários saíram da Espanha de forma
clandestina, não tinham dinheiro suficiente para se manterem. Deixaram a terra
natal para fertilizar o solo brasileiro com suor, desbravar e formar cafeeiros,
construir cidades e constituir famílias nesta nova pátria. Por isso, à eles a
nossa homenagem e gratidão”.
O patriarca da família Cabrera, Antônio Cabrera Batista (1890-1970) chegou ao Brasil em 1896 e seu filho, Antônio Cabrera Mano (1930-2010), que é pai do ex-ministro, foi um dos primeiros descentes da família a nascer em Monte Aprazível. “O que estamos fazendo é resgatar a nossa memória, fazer com que a população de Rio Preto olhe com mais valor para o seu passado para compreender melhor o presente e, mais do que isso, planejar o seu futuro com esperança”, complementa Cabrera.
Plaza de España coincidentemente ficará em frente do Plaza avenida Shopping |
Imigração espanhola ao Brasil
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O vice-consul da Espanha, Antonio Cabrera Mano Filho, em visita no início das obras do monumento e obelisco financiado por ele |
Durante o século 16, os espanhóis acompanharam os
portugueses durante suas expedições de reconhecimento e exploração do Brasil.
Alguns dos marujos e soldados dessas expedições eram espanhóis e vários deles
ficaram no Brasil.
Os primeiros imigrantes espanhóis que vieram para
o Brasil eram predominantemente camponeses e com pouca cultura e origens
bastante humildes. A maioria, cerca de 80%, ficou concentrada nas zonas
cafeeiras do Estado de São Paulo. Chegavam para substituir a mão de obra
escrava. Em Minas Gerais, os espanhóis foram rechaçados para o trabalho com o
café com o gado, pois eram considerados como “demasiadamente agressivos e exigentes”.
Até 1900, cerca de 2/3 da população na Espanha se
ocupa das atividades agrárias. A medida que a população rural aumentava, os investimentos
com a agricultura diminuíam. Além da pobreza no campo, outros fatores incentivaram
os espanhóis a abandonarem o seu país. O recrutamento militar obrigatório fez
com que muitos jovens fugissem. No continente americano, apenas Cuba e
Argentina receberam mais imigrantes espanhóis do que o Brasil. A imigração,
sobretudo em Andaluza, era subsidiada pelo governo local.
Os espanhóis assimilaram-se rapidamente no Brasil,
ao ponto de uma identidade espanhola ter praticamente desaparecida. As
primeiras gerações ainda mantinham laços culturais com a Espanha, mas aos
poucos a identidade espanhola foi sendo relegada pelos filhos e netos a um
segundo plano.
Sabe-se que a vida para os primeiros imigrantes espanhóis
no Brasil não foi nada fácil. Logo eles perceberam que eram péssimas as
condições de trabalho e as remunerações eram baixas. As vezes eram explorados
aqui pelos próprios conterrâneos, mais bem sucedidos financeiramente. Assim,
esses imigrantes vagavam de fazenda em fazenda em busca de melhores salários e
condições de vida. Muitos deles tinham o sonho de retornar à Espanha, o que
poucos conseguiram. A maioria percebeu que era inútil permanecer no campo e
buscaram novas alternativas de trabalho nas cidades. A cidade de São Paulo foi
onde se concentrou a maioria dos espanhóis. Buscaram trabalho nas fábricas e
ajudaram inclusive a formar os primeiros sindicatos dos trabalhadores no
Brasil.
A cidade de São Paulo foi o destino dos imigrantes desiludidos com as péssimas condições do trabalho no campo. Não somente espanhóis, mas uma infinidade de estrangeiros se estabeleceu na capital paulista que, em 1920, chegou a ser comparada com a Torre de Babel, na qual viviam pessoas de 33 diferentes nacionalidades, representando mais da metade da população. O Censo de 1920 mostrou que 54,7% dos moradores da cidade de São Paulo eram estrangeiros.
Obelisco terá 45 metros de altura, equivalente a um prédio de 15 andares |
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Projeto foi elaborado pelo arquiteto Romeu Patriani com lajes da Potendit |
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Convite para a inauguração do Plaza de España, assinado por Cabrera Mano Filho, Nelson Lois e Asteria Quintana, presidente da Casa da Espanha de São José do Rio Preto |