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Evento reúne hospitais de Rio Preto e região como destaques nacionais em doações de órgãos

 Aumentar o número de famílias que dizem “sim” e aceitam que os órgãos do ente querido que acabou de morrer sejam doados e salvar várias vidas. Este é o objetivo do evento que reuniu 66 profissionais de saúde de hospitais da região do Noroeste Paulista, no final de semana, em Rio Preto. Realizado pela Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Base de Rio Preto, o encontro teve por objetivo discutir processos e ações que aprimorem ainda mais a captação de órgãos para salvar vidas.


“A região noroeste de Estado já tem conseguido importantes avanços nesta área, e eventos como o desta semana colaboram para registrarmos 45 doadores de órgãos por milhão de habitantes, índice muito próximo da Espanha, referência para o mundo, com 49 doadores por milhão”, afirma o médico nefrologista João Fernando Picollo de Oliveira, coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Base de Rio Preto.

A região noroeste paulista registra, portanto, quase o dobro da média do Estado de São Paulo, de 24 doadores por milhão, e mais do que o dobro da do Brasil (20 doadores por milhão), destacando-se em meio à realidade difícil no país. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o grande desafio do Brasil é conseguir mais doadores e autorização das famílias. A lista de espera brasileira em 2023 era estimada em 60 mil pessoas aguardando por um transplante, sendo mais da metade, cerca de 32 mil, à espera de um rim, e 24 mil de córnea, de acordo com dados do Registro Brasileiro de Transplantes.

Tantas famílias dizendo “sim” em momento tão difícil, de perda de ente querido, é resultado de trabalho longo, iniciado pela OPO do HB 13 anos atrás e que hoje envolve 16 hospitais. “Nós começamos a capacitar os profissionais em 2011 num trabalho que envolve o conhecimento, o empenho e a dedicação de colegas destes hospitais cientes de como conversar com as famílias e, se aceita a doação, prontos para a captação dos órgãos”, ressalta Dr. Picollo.

“A comunicação em situações críticas e o processo para determinar morte encefálica são fundamentais para identificar uma pessoa que pode ser um doador de órgãos e conversar com o familiar de maneira adequada quando perdem um ente querido, para que tomem a melhor decisão pela doação, é importantíssimo. O Hospital de Base tem um caráter de centro formador para toda região de 102 municípios levando informações e capacitando esses profissionais para que aprendam a melhor maneira de abordar as famílias”, afirmou Dr. Picollo.

O evento teve como convidado palestrante o médico intensivista e coordenador estadual de transplantes de Santa Catarina, Joel de Andrade, que destacou a importância do trabalho educacional continuado. “A educação é a medida mais efetiva para que a gente aumente as doações e, por consequência, os transplantes. A educação destes profissionais de saúde permite que eles interajam com as famílias da melhor forma possível, com empatia, com laços necessários para que a solidariedade fique marcada e dali possa brotar bons frutos resultando na doação de órgãos. Nosso maior desafio atualmente são as mudanças de pessoas nessas posições de trabalho, por isso, a educação tem que ser constante. Portanto, consolidar essas iniciativas de capacitação e treinamentos produzem os melhores resultados. A mensagem que eu deixo é: se você é um doador de órgãos, avise sua família e se você tem um doador na família, respeite a vontade dele”, afirmou.

No Encontro, participaram médicos, psicólogos e profissionais de enfermagem do Hospital de Base, Hospital da Criança e Maternidade, Austa Hospital, Hospital Beneficência Portuguesa e Hospital Hapvida, Santas Casas de Rio Preto, Fernandópolis e Votuporanga, Hospital Padre Albino e Hospital Emílio Carlos, de Catanduva.

Durante o Encontro, aconteceu o Curso de Comunicação em Situações Críticas e de Determinação em Morte Encefálica (CDME), como é chamado o treinamento que forneceu aos participantes as habilidades técnicas, éticas e jurídicas necessárias para realizar o diagnóstico de morte encefálica, orientação sobre a melhor maneira de lidar com o luto e como conduzir a comunicação de más notícias, além do processo de solicitação de doação de órgãos, entre outros tópicos.

Há um mês, a OPO do HB realizou o mesmo evento em Araçatuba, reunindo profissionais da Santa Casa local, Santa Casa Andradina, Hospital Estadual de Mirandópolis, Hospital Regional de Ilha Solteira, Hospital Unimed Araçatuba, Santa Casa de Birigui e Hospital Unimed Birigui, instituições pertencentes ao Departamento Regional de Saúde II (DRS II).

Atualmente, no Brasil, a taxa de autorização das famílias é 55% e na região de Rio Preto esse número é de 75%. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial em doação e transplantes de órgãos, garantido de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do país.

O Brasil realizou mais de 6,7 mil transplantes entre janeiro e setembro de 2023. Esse foi o melhor resultado dos últimos 10 anos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Abaixo foto do Curso de Comunicação em Situações Críticas e de Determinação em Morte Encefálica (CDME), em que profissionais de saúde simulam o momento em que abordam família para decidir pela doação


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