Fachada do antigo Cine Tókio onde hoje funciona o Teatro Liberdade da GLESP |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2
Quem caminha pela rua São
Joaquim, no bairro da Liberdade, em São Paulo, mais precisamente no trecho
compreendido entre as ruas Vergueiro e Taguá, possivelmente sequer desconfia que
antigamente ali funcionou um dos maiores cinemas da capital paulista: o Cine
Tókio. Inaugurado em 15 de julho de 1954, o cinema era de propriedade da
empresa Cine América do Sul S/A, presidida por Toshio Takeda. Tinha capacidade
para 1.160 lugares.
O filme inaugural foi “A
Águia do Pacifico”, uma produção japonesa. O Cine Tókio exibia filmes da antiga
produtora nipônica Nikkatsu. Entretanto, como no restante da cidade de São
Paulo e no país, a decadência dos cinemas também chegou no bairro da Liberdade,
atrapalhando a sobrevivência do Cine Tókio. Além disso, uma lei que passou a
obrigar os cinemas a exibirem filmes também nacionais ajudou a afugentar uma boa
parte do público, já que a produção dos filmes brasileiros não era, nos primórdios,
de boa qualidade. Se concentravam em pornochanchadas, afugentando o público.
Foi-se a época que São Paulo teve o auge de suas salas de cinema. No começo dos anos de 1950 e início dos anos de 1960 eram construídas salas, que eram uma maior do que a outra. Existiam inúmeros cinemas, especialmente na área central e nos bairros populares como o Brás.
Decadência dos cinemas
Passadas algumas décadas, o local ficou fechado e praticamente abandonado. A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (GLESP) na gestão do Grão-Mestre Francisco Gomes da Silva comprou todo o prédio que abrigava o Cine Tókio. O prédio do antigo cinema fica bem em frente do Palácio Maçônico Francisco Rorato, sede de uma das maiores potências maçônicas brasileiras.
A GLESP, ao adquirir o imóvel, investiu pesado na reforma do espaço
de 3.000 metros quadrados, transformado no Teatro Liberdade, inaugurado no dia
16 de agosto de 2019. O palco de 244 metros quadrados e a plateia, com
capacidade para 900 pessoas, compõem o complexo. Na parte de cima do prédio ficam
inúmeras salas de escritórios e espaços destinados para o funcionamento de
lojas maçônicas e reuniões dos maçons. O
teatro é administrado pela empresa Infinitus Entertainment.
Enfim o local ganhou um movo formato. Saiu de cena a “Sétima Arte” (cinema) para entrar em cena a “Segunda Arte” (teatro) com o espaço totalmente revitalizado.
Parte interna do antigo Cine que abrigava mais d 1.100 pessoas sentadas |
Público formava enormes filas na calçada para assistir os filmes no Cine Tókio |
Local ficou muitos anos fechados antes de a GLESP adquirir o prédio |
O filme "Tico-Tico no Fubá" foi exibido no Cine Tókio |
A inauguração do Cine Tókio, em 1954, foi notícia nos principais jornais paulistanos |
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O grandioso palco de 244 m², tem formato italiano, e foi desenvolvido com fosso de orquestra para até 30 músicos, com 33 m² |