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Do Cine Tókio para o Teatro Liberdade, a transformação das artes em São Paulo

Fachada do antigo Cine Tókio onde hoje funciona o Teatro Liberdade da GLESP

 
Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

Quem caminha pela rua São Joaquim, no bairro da Liberdade, em São Paulo, mais precisamente no trecho compreendido entre as ruas Vergueiro e Taguá, possivelmente sequer desconfia que antigamente ali funcionou um dos maiores cinemas da capital paulista: o Cine Tókio. Inaugurado em 15 de julho de 1954, o cinema era de propriedade da empresa Cine América do Sul S/A, presidida por Toshio Takeda. Tinha capacidade para 1.160 lugares.

O filme inaugural foi “A Águia do Pacifico”, uma produção japonesa. O Cine Tókio exibia filmes da antiga produtora nipônica Nikkatsu. Entretanto, como no restante da cidade de São Paulo e no país, a decadência dos cinemas também chegou no bairro da Liberdade, atrapalhando a sobrevivência do Cine Tókio. Além disso, uma lei que passou a obrigar os cinemas a exibirem filmes também nacionais ajudou a afugentar uma boa parte do público, já que a produção dos filmes brasileiros não era, nos primórdios, de boa qualidade. Se concentravam em pornochanchadas, afugentando o público.

 Longe daquela época em que ir ao cinema era um acontecimento muito diferente do que é hoje o Cine Tókio foi vivendo a decadência do cinema. Ele sobreviveu enquanto a televisão ainda não existia ou ainda era um artigo de luxo nas residências. As pessoas frequentavam cinema para assistir desenhos, episódios do Tarzan e, claro, longas metragens. 

Foi-se a época que São Paulo teve o auge de suas salas de cinema. No começo dos anos de 1950 e início dos anos de 1960 eram construídas salas, que eram uma maior do que a outra. Existiam inúmeros cinemas, especialmente na área central e nos bairros populares como o Brás.

Decadência dos cinemas

 Em 1984, o Cine Tókio e outros cinemas da Liberdade interromperam a importação de títulos japoneses, passando a exibir filmes que já contava em acervo e filmes do circuito tradicional. Sem público e também sofrendo a concorrência de filmes em VHS, do surgimento das locadoras de fitas de vídeos e da expansão dos canais de televisão, que também passaram a exibir filmes, o Cine Tókyo encerrou suas atividades no final da década de 1980.

Passadas algumas décadas, o local ficou fechado e praticamente abandonado. A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (GLESP) na gestão do Grão-Mestre Francisco Gomes da Silva comprou todo o prédio que abrigava o Cine Tókio. O prédio do antigo cinema fica bem em frente do Palácio Maçônico Francisco Rorato, sede de uma das maiores potências maçônicas brasileiras. 

A GLESP, ao adquirir o imóvel, investiu pesado na reforma do espaço de 3.000 metros quadrados, transformado no Teatro Liberdade, inaugurado no dia 16 de agosto de 2019. O palco de 244 metros quadrados e a plateia, com capacidade para 900 pessoas, compõem o complexo. Na parte de cima do prédio ficam inúmeras salas de escritórios e espaços destinados para o funcionamento de lojas maçônicas e reuniões dos maçons.  O teatro é administrado pela empresa Infinitus Entertainment.

Enfim o local ganhou um movo formato. Saiu de cena a “Sétima Arte” (cinema) para entrar em cena a “Segunda Arte” (teatro) com o espaço totalmente revitalizado.

Parte interna do antigo Cine que abrigava mais d 1.100 pessoas sentadas

Público formava enormes filas na calçada para assistir os filmes no Cine Tókio

Local ficou muitos anos fechados antes de a GLESP adquirir o prédio

O filme "Tico-Tico no Fubá" foi exibido no Cine Tókio

A inauguração do Cine Tókio, em 1954, foi notícia nos principais jornais paulistanos 

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O grandioso palco de 244 m², tem formato italiano, e foi desenvolvido com fosso de orquestra para até 30 músicos, com 33 m²






 

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