Silvo Caruso, especial para a Folha 2
Descobri que não posso ter
amante. Depois de uma angústia que ficou meses me tirando o sossego e o sono,
criei coragem pra dividir o problema com um amigo. Enviei um WhatsApp revelando meu segredo e
pedindo sigilo. Alivia, mas não resolve o problema. Aí a gente cria mais
coragem pra buscar a solução. Um guerreiro não admite morrer de dentro pra
fora, tem que ser de fora pra dentro.
Mergulhei no Bau de
recordações, chamado memória. Foi sequela do último casamento. Estava
acompanhado, mas sozinho. Ela não queria nunca: era dor de cabeça, menstruação,
preocupação com os filhos, com a mãe idosa, com o cachorro que fugiu de casa, e
por aí vai...
Tá, achou uma desculpa,
mas precisa encontrar uma solução. É psicológico. Costumo pensar, e dizer, que
seu melhor terapeuta é você. Se o seu problema está dentro de você, vá pra
frente do espelho e conte seu drama e traumas pra você mesmo. Pode até parecer
que você é um idiota, mas é muito melhor do que contar tudo isso, pra alguém
que pode ser mais idiota que você.
Então, só resta uma saída:
procurar um médico. Mas aí entra o pavor da verdade! Então, procure uma
desculpa. Nada é tão bom, que não tenha um lado ruim, e por outro lado, nada é
tão ruim que não tenha um lado bom. Eureca! Também não posso ser corno. Sim,
mas e a solução? Também encontrei a solução, mas é de alto risco. Ainda estou
avaliando o "custo/sacrifício".
Se não posso ter amante e
não posso ser corno, o jogo está empatado 1X1. A bola está na marca do pênalti,
aos 45 do segundo tempo e o juiz já apitou! A perna está bamba e vacilante, é
tudo ou nada. Acertei o chute e errei o
gol. Pra ter amante, e/ou ser corno você tem que ser casado!