Folha2

Loja Cosmos comemora 125 anos com muitas lutas e conquistas

Cosmos é loja maçônica mais antiga em funcionamento na região de Rio Preto
 

Nelson Gonçalves, especial para a Folha2

 A Cosmos, que neste ano completa 125 anos, não foi a primeira loja maçônica de São José do Rio Preto. Mas é a mais antiga da região e, sem dúvida, uma das mais influentes instituições do município. Em 1897, dois anos antes, tinha sido fundava a Loja Maçônica Avanhadava, liderada por Pedro Amaral, um dos principais expoentes da cidade. A fundação da Cosmos muito provavelmente ocorreu por disputas políticas e de poder, travadas entre dois grupos da época.

“Quis o destino que eu esteja como venerável mestre nesta data memorável de 125 anos de atividades ininterruptas”, comemora o comerciante José Luiz Schiavinato. “Me sinto lisonjeado em fazer parte dessa história”. Ao longo desses 125 anos cerca de 800 homens de bem foram filiados na loja. Atualmente, segundo o venerável, são 83 obreiros.

A data, a ser comemorada no próximo dia 17, será marcada com uma palestra do médico Toufic Annbar Neto, integrante da loja e membro da Academia Maçônica de Letras do Noroeste Paulista. Está prevista a participação de uma comitiva de irmãos da loja maçônica Fé e Perseverança, de Jaboticabal, que ajudou na fundação da Cosmos.

 Desde a sua fundação, a Cosmos sempre esteve presente e ligada aos acontecimentos locais, regionais, nacionais e até internacionais. Seus integrantes foram e ainda são presença marcante na sociedade rio-pretense. Dentre eles oito se tornaram prefeitos, mais de 30 vereadores e pelo menos dois deputados estaduais: Bady Bassitt e Sólon da Silva Varginha. O presidente do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), Nicanor Batista, e o procurador-geral do município Luís Roberto Thiesi são alguns dos filiados.

 O médico Toufic Annbar Neto ressaltou, durante palestra, que praticamente não existe nenhuma grande instituição no município que não tenha tido participação ativa de todo a loja ou de pelo menos um membro da Cosmos. Desde a fundação do primeiro hospital, em 1905, com 18 leitos que deu origem à Santa Casa, do Instituto dos Cegos, Alarme, hospital Bezerra de Menezes, Fulbeas, Hospital de Base (HB), LBA (Legião Brasileira de Assistência),  Corpo de Bombeiros, Liga de Combate à Tuberculose, Biblioteca Municipal, Lions Clube e tantas outras instituições tiveram participação ativa dos maçons da loja Cosmos.

 Um dos eventos mais marcantes e tradicionais da cidade, o Costilhar, cuja primeira edição foi em 1993, recebe, todos os anos, aproximadamente 1.000 pessoas e destina o resultado financeiro para ajudar obras sociais e entidades assistenciais da cidade. E não foram somente entidades da cidade que a Cosmos ajudou. Em 1924, organizou eventos para arrecadar recursos para as obras do asilo Anália Franco em Ribeirão Preto. Também ajudou na construção de obras sociais em Barretos para receber familiares de doentes em busca de tratamento do câncer.

 

O templo da loja Cosmos é um dos mais luxuosos da região e congrega várias lideranças da sociedade rio-pretense

Santa Casa de São José do Rio Preto

A Santa Casa de São José do Rio Preto com certeza não existiria se não fosse o maçom Theodoro Rodrigues de Nazareth, integrante da Cosmos. Ele deixou em testamento a doação de uma imensa gleba de terras no bairro Boa Vista para a construção de um hospital. Muitos daqueles primeiros maçons colocaram literalmente a mão na massa, trabalhando, de graça, como pedreiros, carpinteiros e serventes para ajudar a erguer o prédio. Os irmãos da Cosmos saíram, por muitos anos, esmolando recursos pelas ruas da cidade para arcar com as despesas do hospital. Os dois primeiros médicos, o italiano Feleno Faggiani e o alemão Fritz Jacob, eram custeados por meio de rateios que os maçons mais abastados faziam entre si. A falta de médicos no ainda vilarejo tornava a vida muito difícil. Os farmacêuticos e os curandeiros faziam as vezes no atendimento à população.

 Levantamento feito pelo jornalista Lelé Arantes mostra que nos quatro cantos cardeais da cidade existem pelo menos 70 nomes de ex-integrantes da Cosmos que emprestam seus nomes para ruas e avenidas de São José do Rio Preto. Homens como o ex-prefeito Alberto Andaló, Arthur Nonato, Alberto Naffah, que foram veneráveis, Danilo Galeazzi, Cenobelino de Barros Serra, Jamil Kahuam, Mançor Daud, Nagib Gabriel, Vicente Filizola, Antonio Evaristo Cabrera e comendador Antônio Teixeira Côrrea Leite, largamente conhecidos por serem nomes de vias, fizeram parte das fileiras da loja Cosmos.

 História da loja Cosmos   

O coronel Adolpho Guimarães Côrrea e sua mulher Ermelinda. Ele foi o principal fundador da loja Cosmos em 1899. O primeiro venerável foi o sogro dele, Ezequiel Guimarães Côrrea

 O principal adversário político do coronel Pedro do Amaral Campos era o coronel Adolpho Guimarães Correa, que fora iniciado em 1898 na Avanhandava, quando essa loja tinha mudado o nome para Firmeza a Vantier. O nome era uma homenagem a um dos primeiros maçons rio-pretense, Eduardo Vautier, que ganhou destaque como tesoureiro nacional no Grande Oriente do Brasil (GOB).

 Pedro Amaral, nascido em Araraquara, foi levado por amigos à Jaboticabal, para ser iniciado na Maçonaria na Loja Fé e Perseverança, com o intuito de fundar uma loja maçônica na cidade, emancipada em 1894.

 Adolpho nasceu em Aiuruoca (MG), em 1873, e mudou-se para São José do Rio Preto no início de 1897 para se casar com a prima Maria Ermelinda, filha do advogado da Câmara Municipal, o também coronel Ezequiel Guimarães Correa. Teve como padrinho de casamento Pedro Amaral, que mais tarde se tornariam adversários políticos. Ainda em 1897, foi nomeado professor da recém criada Escola Municipal, cargo que ocupou até março de 1898.

 Quando tinha 26 anos, Adolpho, junto com outros oito obreiros ativos da Avanhandava, fundou a loja maçônica Cosmos. Entre eles estava João Bernardino de Seixas Ribeiro, considerado como fundador da cidade e por ser o mais idoso presidiu a primeira reunião, realizada no 7 de fevereiro de 1899. Ao fundar a Loja Cosmos, Adolpho conseguiu o título de coronel da Guarda Nacional, equiparando-se em poder aos grandes coronéis da época. Em 1901, como venerável da loja, ele lançou a Revista Cosmos, que foi o primeiro órgão de comunicação impressa no município. A revista circulou com quatro edições com 400 exemplares. E o intuito era divulgar São José do Rio Preto para atrair novos moradores.

 Dois anos mais tarde, quando São José do Rio Preto começava na rua do Sapo (hoje Júlio Mesquita) e terminava nos arredores da rua São Pedro (atual Jorge Tibiriçá), com enormes lotes vazios e pequenas construções com um cemitério, onde hoje é o Fórum, cercado com estacas de aroeira, Adolpho selou seu cavalo e se dirigiu à cidade de Jaboticabal, o centro urbano mais próximo, motivado para a compra de máquinas e tipos do jornal “O Combate”. Regressou trazendo de carro de boi a pequena impressora, os prelos, cavaletes e as primeiras resmas de papel e Cincinato Homem, o primeiro tipografo. No ano seguinte, em 1903, ele lançava a primeira edição do jornal intitulado “O Porvir”. O jornal, segundo artigo do professor de História, Thiago Baccanelli, era bem tendencioso, com finalidade de registrar seus feitos políticos e, quando possível, dar alfinetadas em seus adversários.

 Quando completou 28 anos, Adolpho foi eleito vereador, desbancando Pedro Amaral. Elegeu-se presidente da Câmara Municipal numa época em que não existia a figura do prefeito e quem mandava, de fato, era o presidente do Legislativo. Curiosamente quando a Cosmos foi reconhecida pelo Grande Oriente do Brasil (GOB), quem presidiu a sessão de regularização, por determinação da potência, foi Pedro Amaral, em 9 de setembro de 1899.

 Em 1908, Adolpho tornou-se prefeito, sendo reeleito seis vezes no cargo, com mandato até 1914, quando uma crise política o obrigou a renunciar do cargo. Mudou-se para a capital paulista, ingressando na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, diplomando-se em 1923, com 50 anos de idade, e passou a atuar como advogado.

Segunda sede da loja Cosmos funcionava em prédio próprio, próximo ao Mercado Municipal


 125 anos de muita ação e trabalho

 Se formos enumerar tudo aquilo que a loja Cosmos fez ou teve participação de seus integrantes daria para escrever livros e livros. A política e suas questões sempre provocaram discussões acaloradas entre seus integrantes.

Uma das primeiras causas abraçadas pela Cosmos foi a implantação e ampliação da primeira escola pública do município, onde Adolpho Guimarães foi professor. Antes mesmo da fundação da loja, todos seus fundadores fizeram parte do grupo político que trabalhou para a emancipação de São José do Rio Preto.

Logo no início de suas atividades a loja Cosmos interviu para soltar da prisão um pastor, que fora preso a pedido do padre Antônio Purita. Ele tinha sido acusado de praticar o “crime” de pregar o Evangelho em praça pública. Posteriormente, dentro da sua filosófica de abrigar todas as religiões, deu apoio para a instalação dos primeiros centros espíritas na cidade.

Em agosto de 1924 quando 50 homens vindos de São Paulo, com força policial, especialmente para invadir, empastelar e atear fogo na sede do jornal “Diário de Rio Preto”, os integrantes da Cosmos se posicionaram contra a invasão e instaurou-se até uma sindicância para apurar o caso, que só não houve um massacre e consequências maiores porque os donos e funcionários conseguiram fugir às pressas. Durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas a loja foi obrigada a ficar dois anos e três meses inativa. As reuniões eram feitas de forma clandestina e sem o registro de atas. Quando Getúlio se suicidou e o vice-presidente Café Filho assumiu o cargo, a Cosmos enviou carta com votos de congratulações e desejo de sucesso ao novo presidente, que era maçom.

 Durante os primeiros dias do golpe militar de 1964 a Cosmos mostrou solidariedade ao movimento interventor. Mas em 30 de setembro daquele ano registrava corajosamente em ata contundentes críticas dos obreiros contra eleição indireta de Castelo Branco para presidente da República.

Em 1969 era aprovado, durante sessão, o envio de uma carta de homenagem a Pelé pelo seu milésimo gol, marcado no jogo entre Santos e Vasco da Gama. Em 1972 ajudava a fundar a Fulbeas (Fundação Libero Badaró de Ensino e Assistência Social), que teve Waldemar Alves dos Santos como primeiro presidente. Em 1973 a loja Cosmos foi uma das signatárias da fundação do Grande Oriente Paulista (GOP).

 Mostra da forte atuação política da Maçonaria ocorreu em 1975 quando o então vereador Olavo Taufic, que não era maçom, declarou na Imprensa que se não fosse a manifestação coesa dos maçons, a maioria dos vereadores estava propensa a derrubar o veto do prefeito Wilson Romano Calil que vetava a inclusão de mais de 600 alqueires de terras no perímetro urbano. A Maçonaria rio-pretense teve papel preponderante para a instalação da Faculdade de Filosofia e dos cursos de Medicina e Odontologia na cidade.  

 Em 1977 a Cosmos manifestava apoio ao senador Nelson Carneiro para o seu projeto de lei que instituía o divórcio de casamentos no Brasil. Em 1979 era fundado o primeiro clube das Acácias da cidade. Em 1982 os maçons da Cosmos fundam a Loja Trabalho e Comunidade com objetivo de apoiar a candidatura a prefeito do maçom José Carlos de Lima Bueno, que foi o mais votado entre 10 candidatos, mas não ganhou a eleição por causa da sublegenda dos partidos. Ele disputou a eleição pelo PDS, com apoio do prefeito Adail Vetorazzo. Mas a legenda do MDB fez mais votos e elegeu Manoel Antunes, mesmo com menos votos do que Lima Bueno.

 A loja Cosmos lutou para a retirada do IPA (Instituto Penal Agrícola) do município e chegou a fazer intercessão para que a Volkswagen instalasse uma fábrica na cidade. Em 1991 prestou solidariedade ao promotor José Pupo Nogueira por ter tomado uma série de medidas contra o megalomaníaco projeto do então prefeito Toninho Figueiredo para buscar água no rio Turvo.

Ligada aos problemas da cidade, a loja Cosmos não apenas discutia, como participou ativamente dos problemas e assuntos que envolvem interesses comunitários. Uma delas foi a campanha para a mudança do traçado ferroviário, pedindo para a retirada dos trilhos da área central.

A loja também se posicionou contra a privatização da coleta de lixo, contra a entrega do serviço de água e esgoto para uma empresa particular e lutou bravamente pela duplicação da rodovia BR-153. A Cosmos também abriu as portas do seu templo, em diversas ocasiões, para que os candidatos a prefeito e a deputado expusessem suas ideias e plataformas de governos. Em 1997 foi uma das instituições fundadores do Canal 16 que deu origem à TV da Cidade.

 Alberto Andaló, que foi venerável da Cosmos durante três mandatos seguidos, entre 1946 a 1949, compareceu no templo, já na condição de prefeito, para confraternizar com os irmãos da ordem

 Templo próprio exigiu esforços dos irmãos

O templo da loja Cosmos, próximo ao Riopreto Shopping, não é o maior da cidade. Cabem 150 pessoas confortavelmente sentadas. O templo da loja maçônica Doze de Novembro, que fica ao lado do prédio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) possui cerca de 400 metros quadrados e capacidade para 200 pessoas sentadas. Mas da Cosmos é, sem dúvidas, o mais luxuoso e confortável. As poltronas, revestidas com tecido vermelho, são todas com sistema automático de basculamento, com rebatimento simultâneo do assento ao encosto. No topo da escada que leva ao altar estão as esfinges com cara de gente e corpo de leões, guardiões do templo.

O sistema de som e iluminação é um dos mais modernos do país. As luzes possuem um dispositivo para controlar a intensidade da iluminação, podendo ajustar a luminosidade de uma lâmpada ou conjunto de lâmpadas de forma gradual, permitindo criar diferentes efeitos para o ambiente.

O primeiro templo da Cosmos funcionava num prédio alugado. Depois mudou-se para outro imóvel alugado e adaptado, onde também tinha uma casa para o zelador, Otávio Collus, que por ser também membro da loja cuidava do imóvel sem receber salário. Em 1954 foi inaugurado o templo próprio, na gestão de Orlando de Arruda Barbato. Era um sobrado imponente, localizado próximo ao Mercadão Municipal. Possuía porão e uma suntuosa escadaria na entrada. Ali se instalou em 1965 um dos primeiros aparelhos de ar refrigerado da cidade.

Em 22 de maio de 1998 o templo da Cosmos foi palco para o casamento de Nelson Silvestre Pappa e de Maria Teresa de Abreu Pappa. "Foi uma cerimônia diferente e muito bonita", lembra, ressaltando que depois ele celebrou, como venerável, dois casamentos de obreiros da Cosmos. O supervisor de vendas Mauro César Marques não fez parte da Cosmos, mas ocupou o trono da loja para presidir sessão magna para comemorar o Dia do Maçom em 2019. “Eu era presidente do Convem, o Conselho dos Veneráveis Mestres da cidade, e me senti honrado em ocupar a mesma cadeira, utilizada no passado pelos fundadores do município e gente importante como Arthur Nonato e o ex-prefeito Alberto Andaló”, observou Mauro César, que faz parte da loja maçônica Aprendizes do III Milênio.

  Em meados de 1972 o ex-venerável Pedro Rodrigues de Almeida propôs parceria com uma empresa para a construção de um prédio de 10 andares, cujos primeiros oito andares seriam alugados para escritórios comerciais e os dois últimos e a cobertura seriam destinados para salão de festas e o templo da loja. Mas a ideia não prosperou. Alguns anos depois começaram a discutir parceria com a Associação de Combate à Tuberculose, da qual Pedro era o presidente. Depois de muitas discussões foi fechado acordo e um contrato de concessão de 99 anos.

Na gestão de Odival Abrão Jana, em 1998, foi dado início à construção do novo templo. No lançamento da pedra fundamental compareceu o então prefeito Liberato Caboclo e o então deputado estadual Edinho Araújo. Para angariar recursos, Jana promoveu o sorteio de um Ford Ká e de vários almoços nas dependências do Lions Sul.

No começo do ano 2000, alguns integrantes queriam mudar o dia da sessão de sexta para segunda-feira. A ideia não prosperou. Mas deu vasão para a fundação da loja Luz do Universo, que realizaria sessões nas segundas-feiras.

.

O primeiro templo da Cosmos funcionou numa modesta casa alugada, no bairro Boa Vista

Odival Abrão Jana deu início, em seu terceiro mandato, à construção do novo e moderno templo da Loja Cosmos. Para isso ele promoveu o sorteio de um Ford Ka

Odival Jana e o engenheiro Nicanor Batista, presidente da comissão de obras para a construção do novo templo, durante visita no canteiro de obras

O venerável Odival Jana coloca massa de cimento na pedra fundamental, numa cerimônia que contou com a presença do prefeito Liberato Caboclo e do então deputado Edinho Araújo

A esfinge de dois leões guardam a entrada de acesso ao trono do venerável no templo

Mauro César Marques, como presidente do Convem, entrega placa de agradecimento para Luiz Garcia por ter ministrado palestra no Dia do Maçom. A sessão nesse dia foi presidida por Claudio Boselli, então venerável da Loja Cavalheiros da Amizade

Casamento de Nelson Silvestre Pappa com Maria Teresa de Abreu Pappa dentro do templo antigo da Loja Cosmos em 22 de  maio de 1998

Em 14 de setembro de 1947, Alberto Andaló na condição de venerável mestre da loja, ajuda a assentar a pedra fundamental que dava início às obras do antigo templo da Cosmos




Esfinge do leão guarda a entrada de acesso ao trono

Duas esfinges com corpo de leão e rosto masculino de um faraó guardam a entrada do acesso ao trono do venerável mestre no templo da loja Cosmos. Os historiadores acreditam que a esfinge era vista no Egito como uma espécie de guardiã espiritual do local onde foram construídas as pirâmides. Na mitologia grega, a esfinge é uma criatura misteriosa e desafiadora que encantou e aterrorizou viajantes com seus enigmas intrigantes.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

vários

Folha2
Folha2