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Prefeito de Mendonça se revela devoto de São Jacinto

 

Coleção de imagens sacras, que protegem o gabinete do prefeito de Mendonça

 Por Nelson Gonçalves, Especial para a Folha2

Devoto de Nossa Senhora Aparecida e de São Jacinto, o prefeito de Mendonça, o engenheiro Juliano Oliveira, mantém em seu gabinete uma coleção com oito de imagens sacras e também de uma Bíblia, aberta no Salmo 91. A maioria foi presente que ganhou de amigos, fiéis, eleitores, do padre da cidade e até da sogra, a dona Fátima, mãe da primeira-dama Eliane. A sogra presenteou o genro prefeito com uma imagem de São Jacinto, o padroeiro da cidade de Mendonça.

 A imagem, segundo o prefeito, foi trazida de Portugal, sob encomenda feita pela sogra. “Como ela não encontrou imagem do São Jacinto no Brasil ela comprou pela internet em Portugal”, informou. São Jacinto, presente da sogra, tem um lugar especial entre a coleção de imagens no gabinete do prefeito. Dia 17 de agosto, data dedicada a São Jacinto, é feriado em Mendonça.

De tanto as pessoas que visitam o gabinete perguntar sobre a imagem, Juliano tornou-se profundo conhecer da história do santo.  “São Jacinto nasceu na Polônia e tem o mesmo nome de Jacinto de Souza, que doou as terras para fundar o município e leva o nome da principal avenida da cidade”, explica. O santo nasceu entre as cidades de Brestau e Cracóvia, na Polonia,  com o nome de Jacek Odrowaz. Jacek quer dizer João.

Por volta de 1218, conheceu São Domingos e ingressou na Ordem Dominicana em Roma e recebeu o nome de Jacinto. Voltou à Polônia e durante a sua vida fundou mosteiros em Brestau, Sandomir, Friesach, Cracóvia, Dantzig e Kiev. Trabalhou com o Papa Gregório para a união das Igrejas do Oriente e do Ocidente.

 Sabe-se que Jacinto pertencia a uma família aristocrática e morou no castelo de Lanka. Estudou direito e teologia em Cracóvia, Praga e Bolonha, antes de ser ordenado sacerdote.

Prefeito de Mendonça, engenheiro Juliano Oliveira, devoto de Nossa Senhora Aparecida e de São Jacinto, com a coleção de imagens sacras em seu gabinete

Luta contra os tártaros

 Entre 1241 e 1242, os tártaros, grupo étnico de origem turca e religião majoritariamente mulçumana, destruíram inúmeros mosteiros e conventos. São Jacinto salvou as hóstias sagradas e a imagem de Nossa Senhora. Percorreu aproximadamente quatro mil léguas, anunciando o Evangelho. Ele e outros dominicanos foram transferidos para a Rússia, onde a evangelização atingiu também a população de Balcãs, Prússia e da Lituânia.

 A devoção popular a São Jacinto começou logo após a sua morte, em 17 de agosto de 1257. Seu túmulo atraia peregrinos. Atendendo aos insistentes pedidos do rei da Polônia, Sigismundo Vasa, o Papa Clemente VIII, querendo manter boas relações com o país, o canonizou em 1594, sendo considerado o apóstolo da Polônia. Em 1686, o Papa Inocêncio XI o declarou também como padroeiro da Lituânia.

Além da imagem de São Jacinto, presente de sua sogra, no gabinete do prefeito de Mendonça também se encontram réplicas das imagens de Nossa Senhora Aparecida e do Imaculado Coração de Maria, que leva o nome da igreja matriz da cidade, além de uma imagem de São Bento, o santo protetor contra as calúnias. São Bento é invocado para proteger e se livrar as pessoas de calúnias. Acredita-se que o uso da sua medalha e imagem afasta os invejosos e pessoas inimigas sem caráter.

Imagem de São Jacinto, trazida de Portugal para Mendonça

 São Jacinto

 No Brasil há somente duas igrejas dedicadas a São Jacinto. Uma delas em Teófilo Otoni, em Minas Gerais, e outra no distrito de São Jacinto, em São Roque do Canaã, no estado de Espírito Santo.

Em Portugal, na beira do oceano Atlântico, também tem um vilarejo que leva o nome de São Jacinto. O lugar teve um decréscimo na população de 53% nos últimos 50 anos. Por volta de 1970 tinha 1.160 moradores e agora são 758.

  Iconografia

O santo é comumente representando nas imagens, como a que está exposta no gabinete do prefeito em Mendonça, com alguns atributos iconográficos em mãos. Numa das mãos ele carrega a estátua de Nossa Senhora que, segundo a tradição, lhe salvou fugindo caminhando sobre as águas do rio Nistro durante a invasão dos tártaros em seu mosteiro. Em outra mão ele segura um ostensório, que é uma peça de ourivesaria usada em atos da igreja para expor a hóstia consagrada sobre o altar.

São Jacinto carrega nas mãos um ostensório e a imagem de Nossa Senhora

 Milagres

Entre os principais relatos sobre os milagres de São Jacinto está o que conta quando os tártaros invadiram diversas cidades, pilhando igrejas e atacando fiéis nos conventos e mosteiros. São Jacinto rezava na igreja de Kiev, hoje capital da Ucrânia, quando atacaram a cidade. Percebendo que a cidade iria cair nas mãos dos bárbaros, ele tirou o ostentório do sacrário, contendo as hóstias sagradas, com a intenção de fugir e assim salvá-las. Nessa hora o santo ouviu uma voz, proveniente de uma imagem de Nossa Senhora: “Jacinto, se você vai fugir, leve-me com você”. Ao que o santo respondeu que a estátua era muito pesada e não teria como levá-la. “Meu Filho vai torná-la ligeira, leve-me”, replicou Nossa Senhora. E assim a estátua se tornou leve como uma pluma e Jacinto pode também levá-la, junto com o cibório, espécie de cálice onde se colocam as hóstias.

Milagrosamente, Jacinto conseguiu transbordar sobre o rio Dnieper, que corta a cidade e caminhou sobre as águas. Jacinto fundou novos conventos e mosteiros na Ucrânia. Três séculos depois, quando o processo de canonização do santo estava em andamento, apareceram os protestantes para negar presença de Jesus Cristo na eucaristia e se revoltaram furiosamente contra a devoção à Nossa Senhora. Então multiplicaram-se assombrosamente milagres em ícones, pinturas e esculturas atribuídas a São Jacinto. Obedecendo instruções do Papa, um livro foi aberto para recolher testemunho das graças recebidas e outros eventos milagrosos, após serem invocados o nome de Jacinto. A Igreja aprovou a difusão de sua devoção.

Um dos mais recentes milagres atribuídos a São Jacinto aconteceu na missa de Natal de 2013, quando uma hóstia consagrada caiu no chão durante a distribuição da comunhão no Santuário de São Jacinto. A hóstia foi recolhida e colocada num recipiente com água para se dissolver, como manda os rituais do clero nesses casos, mas nem sempre respeitados. Porém, uma vez na água, apareceu na hóstia uma mancha vermelha de textura singular, que fazia pensar em sangue do tecido humano.

Uma comissão foi formada para investigar o caso. Com a permissão da diocese, médicos foram consultados e verificaram que os fragmentos recolhidos continham células de músculo estriado semelhantes às do músculo cardíaco. Testes foram realizados no Departamento de Medicina Legal, em Wroclaw, e também na Universidade da Pomerania e tiveram a mesma conclusão: os fragmentos encontrados eram muito semelhantes ao músculo cardíaco.

Cidade de Mendonça

Igreja matriz do Imaculado Coração de Maria, em Mendonça

Sabe-se que por volta do final da década de 1920 inúmeras famílias, vindas de Minas Gerais e diversos outros estados, procuravam o interior de São Paulo em busca de terras férteis para a agricultura. Entre essas famílias, a de Lázaro Soares Dias conseguiu do proprietário Dr. Jacinto de Souza, dono de uma das maiores fazendas da região autorização para fundar ali um povoado, que recebeu o nome de Vila de São Jacinto, em homenagem ao fazendeiro.

Mas com o falecimento, em 1931, de dona Maria Amaral Mendonça de Souza, sua esposa, o próprio dono da fazenda pediria que o povoado tivesse seu nome alterado para Vila Amaral Mendonça, como homenagem à família de sua esposa. Elevada, em 1936, à categoria de distrito de paz de Nova Itapirema, mais tarde, em 1944, foi incorporada ao município de Nova Aliança, já com o nome de Mendonça. Em 1959 foi desmembrada de Nova Aliança passando a ser também município.

O nome Mendonça ou Mendonza é um sobrenome ibérico, com origens nas províncias de Álava e Biscaia, na Espanha. A etimologia é basca, vem dos termos “mendi”, que significa montanha, e “otz”, frio, ou seja, seria “montanha fria”, nome que não tem nada a ver com a realidade geográfica da região onde se situa o município paulista de Mendonça.

Segundo o dicionário dos nomes, o sobrenome passou para Portugal no reinado d dom Afonso (1210-79) por meio de Fernão Furtado, que casou com Guiomar Afonso de Resende Furtado de Mendonça, de cujo tronco nasceu André Furtado de Mendonça (1558-1611), governador português na Índia.

De Portugal, o sobrenome chegou ao Brasil por meio de Antônio Francisco de Mendonça, que exerceu os cargos de governança em Paranaguá (PR), e de Afonso Furtado de Mendonça, que exerceu o cargo de governador geral do Brasil entre 1671 e 1675.

Os Mendonza da Espanha também chegaram na América do Sul. Garcia Hurtado de Mendonza (1531-1609) o governador do Chile e vice-rei do Peru. Em sua homenagem foi fundada, em 1561, a cidade de Mendonza, na Argentina.


Cidade de Mendonza, na Argentina, possui 1 milhão de habitantes

 

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