![]() |
Jornalista Luiz Maklouf Carvalho durante entrevista para a Rede Globo |
O jornalista Luiz Maklouf
Carvalho não está mais entre nós. Mak, como era conhecido entre os colegas, faleceu
em maio de 2020, após travar luta contra um câncer no pulmão. Mas ele deixou,
entre tantos escritos, reportagens e livros, duas obras raras que deveriam ser
leitura obrigatória para todo cidadão brasileiro: os livros “Já Vi Esse Filme”
e “O Cadete e o Capitão”. Esses livros revelam, de forma isenta e desprovidas de
paixões ideológicas, as verdadeiras facetas de dois dos principais líderes da
atual política brasileira: o atual presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro.
O outro livro, “O
Cadete e o Capitão”, lançado em 2017 pela Editora Todavia, também rendeu a
Maklouf o Prêmio Jabuti. Ele mostra de forma minuciosa, em 88 páginas, com
imagens e farta documentação, as investigações sobre um momento controverso na
trajetória de Jair Bolsonaro, quando ele foi expulso do Exército por
indisciplina e ingressou na vida política para ganhar imunidade parlamentar.
O ex-presidente
torna-se figura pública em 1986, quando saiu publicado um artigo na revista
Veja em que ele reclamava do baixo salário pago aos militares. Um ano depois,
nas páginas da mesma revista, ele reapareceu numa reportagem que revelava um
plano para estourar bombas em locais estratégicos do Rio de Janeiro. A revista
publicou um croquis, que detalhava o plano, supostamente desenhado pelo então tenente,
mas que depois negou veementemente a autoria. Acusado de conspiração e instalado a
prestar constas, Bolsonaro foi considerado culpado em primeira instância. Mas
depois recorreu e apelou aos ministros do Superior Tribunal Militar (STM) que acabaram o inocentando num julgamento apertado por 4 a 3 votos, favoráveis a ele. Antes disso, já tinha
deixado a farda e ingressado na política, tendo sido eleito vereador para a
Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Maklouf examinou toda a
documentação do processo, escutou as mais de cinco horas de áudio da sessão
secreta. Também entrevistou personagens que atuaram no caso, entre jornalistas
da Veja e militares, colegas de farda de Bolsonaro. Todas entrevistas foram gravadas. Além de reunir indícios suficientes
para apontar a autoria do croqui, como sustentou a revista Veja até o final,
que era mesmo de Bolsonaro, Maklouf não deixa dúvidas de que o ex-presidente foi,
naqueles tempos, mentiroso contumaz.
Ele também ganhou dois
prêmios Jabuti: em 1998, com o livro “Mulheres que foram à Luta Armada”, a
primeira obra a contar a experiência das militantes que pegaram em armas contra
a ditadura militar; e, em 2205, com “Já Vi Esse Filme”. Maklouf também foi autor,
entre outros, dos livros “Contido a bala: A Vida e a Morte do Advogado Paulo
Fonteles”, advogado de posseiros no sul do Pará; e de “Cobras Criadas”, que retrata
a biografia do polêmico David Nasser, o mais famoso repórter dos anos 1950.
.
![]() |
Capa dos livros que deveriam ser leitura obrigatória para todos os brasileiros |