A Rumo, concessionária da linha férrea que passa pela região, desistiu de construir um contorno ferroviário para a retirada dos trilhos do perímetro central de São José do Rio Preto. A construção do contorno de 51,8 km de extensão que desviaria o tráfego de trens, passando os trilhos por áreas nos municípios de Cedral, Bady Bassitt, Nova Aliança, Mirassol e São José do Rio Preto, foi descartado pela empresa nesta quarta-feira (8). A informação foi revelada durante audiência pela manhã no gabinete do prefeito Edinho Araújo e que contou com a participação dos prefeitos de Mirassol, Edson Ermenegildo, e de Cedral, Janjão.
A empresa, que é a maior operadora de ferrovias no Brasil e opera nove terminais de transbordo, presente em quatro portos e administra 14 mil quilômetros de vias férreas em nove Estados, com 1.400 locomotivas e 35 mil vagões, anunciou 30 obras de artes, como viadutos, passarelas e disopsitivos de segurança, entre Mirassol e Cedral, para manter o traçado ferroviário onde está, passando pela área central de São José do Rio Preto. O projeto elaborado para o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) já estava concluído para obter aprovação da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
De acordo com nota divulgada pela empresa, a mudança no traçado das obras é o resultado de uma análise conjunta feita por órgãos técnicos, pesquisadores e a própria sociedade a partir de audiências públicas realizadas no primeiro semestre de 2022. “A supressão de mais de 40 hectares de áreas nativas e áreas de preservação permanente (APPs) e o impacto em cinco municípios e 155 propriedades agrícolas, com a necessidade de desapropriação de 325 hectares”, consta na nota, concluindo que o novo traçado ficou inviabilizado também porque atingiria 21 trechos de rios, reservatórios de água natural ou lagos.
Em resumo, a empresa achou que ficaria mais barato e viável manter a ferrovia onde está, mesmo tendo que construir viadutos, passarelas e dispositivos de segurança, do que investir em novo traçado, que também desagradaria moradores de outros municípios vizinhos. Um grupo de moradores de Bady Bassitt foi o que mais contestou a rota que seria estabelecida para o novo traçado da ferrovia, pois iria desapropriar áreas rurais, atingindo sítios e chácaras em várias partes do município.
“Quando os estudos do projeto foram apresentados nas audiências em Cedral, Bady Bassitt e Mirassol o principal questionamento feito pelos participantes foi, em decorrência de grandes e novos impactos que seriam gerados em alguns desses municípios”, informa a nota da Rumo.
Obras começam em 2024
Segundo a Rumo, o pacote das obras para construção dos viadutos e passarelas já foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e agora será iniciada a fase de validação técnica pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). As obras serão executadas até 2028 e devem totalizar cerca de R$ 500 milhões em investimentos.
“Em 2024, prioritariamente devem ser iniciados os trabalhos em São José do Rio Preto, na construção de uma passagem inferior para acesso à Favela Marte, na continuação da avenida Lécio Anawate, e também na construção de viaduto rodoviário e passarela de pedestres no Jardim Conceição”, informa a nota da empresa. Em Cedral estão previstas obras para dois dispositivos para cruzamento em desnível de veículos e pedestres, aproximadamente 9 quilômetros lineares de muros e 11 quilômetros lineares de cercas.
.Obras projetadas para a área central de São José do Rio Preto