A alta defasagem nos quadros da Polícia Civil impacta diretamente na investigação de crimes, afirma a presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados da Policia Civil do Estado de São Paulo)
A carreira com mais cargos vagos, de acordo com o “Defasômetro”, é a de investigador (3.994), seguida da de escrivão (3.805). A função de agente policial (1.510) é a terceira com maior defasagem, quase empatando com as carreiras de delegado (958) e de agente de telecomunicações (953). O mais recente levantamento do Sindpesp (Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Estado de SãoPaulo) foi tabulado no fim do mês passado.
A pesquisa mostra, ainda, que 98 policiais se desligaram das funções em novembro, em sua maior parte, por aposentadorias ou exonerações. No período, e a exemplo do que ocorre nos últimos anos, apesar da existência de candidatos aprovados em concursos para a Polícia Civil, não foram realizadas nomeações por parte do Estado para suprir a perda em Recursos Humanos:
“Nomeações imediatas e novos concursos têm de ser realizados com urgência, para recompor os quadros da Polícia Civil. E, não menos importante: é necessário ter um trabalho, uma reestruturação, que incentive este policial a permanecer na carreira. As desistências são, afinal, preocupantes. De toda maneira, o que os números nos mostram é que as saídas não são repostas. O que se espera é que este cenário de abandono das forças de segurança que presenciamos nas últimas décadas mude com o novo governo paulista”, pontua Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp, se referindo à posse em 1º de janeiro do governador eleito para a gestão 2023/2026, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
A presidente do Sindpesp destaca outros três grandes problemas que o novo governo paulista vai encontrar na Segurança Pública e que necessitam de urgente solução: desvalorização salarial (os policiais civis do estado têm um dos piores salários do País), falta de investimento em material, ou seja, existência de delegacias desestruturadas; e ausência de investimentos em investigação:
“Há uma grande preocupação do estado para o acesso da população no registro do Boletim de Ocorrência. Em contrapartida, não há o mesmo empenho em estruturar equipes que possam instaurar os inquéritos e investigar os conteúdos dos Boletins de Ocorrência”, complementa Jacqueline.
“Defasômetro”
O “Defasômetro” contabiliza cargos vagos na Polícia Civil desde o decreto 59.957/13, que reorganizou e concedeu novas denominações ao banco de cargos e às funções-atividades da administração direta e autárquica do Estado de São Paulo.
O levantamento completo pode ser consultado no site https://sindpesp.org.br/defasometro/