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Antes eram 4 telefones para cada 100 habitantes, hoje são dois aparelhos por morador

 

Hoje em dia ninguém mais consegue ficar sem celular. Alguns até dispensaram o relógio de pulso para ver as horas no aparelho

“São Paulo tem quatro telefones para cada 100 habitantes”. Essa era a manchete do jornal “Diário da Região” de um dos primeiros dias do ano de 1968. A matéria relatava como grande conquista o fato de São Paulo que figurava como segundo estado com maior número de telefones instalados. O melhor índice estava no estado da Guanabara, com 10 telefones para cada grupo de 100 moradores.

Os aparelhos eram com linhas e com o sistema de disco. Daí que vem a origem da palavra discar, pois literalmente quem quisesse fazer uma ligação teria que colocar o dedo indicar num disco e tinha que girá-lo quantas voltas fossem necessárias, de acordo com a numeração desejada. O disco tinha numeração do um ao zero.

Na maioria das vezes a chamada era completada automaticamente. Mas para as ligações a longa distância era preciso auxilio da telefonista da central telefônica. A matéria do “Diário da Região” de 1968 relatava que existiam 11 concessionárias de telefone no Estado, entre elas a Companhia Telefônica Rio Preto, de Moyses Haddad. Os clientes, que eram poucos e sempre os mais abastados, reclamavam da demora para se conseguir fazer uma chamada interurbana. Dependendo do horário as linhas ficavam congestionadas e para se completar uma ligação demorava-se horas. Nem todos os municípios dispunham naquela época de serviços telefônicos. Dos 37 municípios da Grande São Paulo, nove deles, como Itapevi e Cotia, não dispunham dos serviços.

 Passados mais de 50 anos essa situação mudou-se completamente. E hoje, segundo estimativas de uma pesquisa feita, em 2018, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil tem 2,1 dispositivos digitais por habitante. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o celular está nas mãos de 79,3% da população brasileira com 10 anos ou mais de idade.   

A posse dos proprietários de celular é maior entre habitantes de áreas urbanas (82,9%) que de áreas rurais (57,3%). Também há diferenças significativas por faixas etárias. Aquela com maior penetração é a faixa entre 30 e 34 anos (90,3%) e com menor é a de 10 a 13 anos (43,5%).

Levantamento do IBGE também mostrou que entre os que não tem celular, os principais motivos para não ter o aparelho são: o alto custo (28%); a falta de interesse (24,2%); não saber usar (19,8%); e o uso do celular de outra (16,6%).

Outro dado interessante da pesquisa feita pelo IBGE é vem caindo o número de famílias que possuem telefone fixo em casa. De 2018 para 2019, diminui em 31,6% o número de famílias que dispensaram o telefone fixo em casa.

 História do telefone

 

O escocês Graham Bell foi o inventor do telefone

A invenção do telefone teria ocorrido de maneira acidental para aperfeiçoar as transmissões do telégrafo, aparelho que possui conceitos estruturais muito semelhantes. Com o telegrafo, contudo, era possível a transmissão de apenas uma mensagem por vez.

O telefone foi criado nos Estados pelo cientista escocês Alexandre Graham Bell (1847-1922). Foi ele quem pela primeira vez conseguiu, em 10 de março de 1876, transmitir uma mensagem de voz para o seu auxiliar Thomas Watson. As primeiras palavras transmitidas por Graham Bell foram: “Senhor Watson, venha cá. Preciso falar com o senhor”, após um pequeno acidente em seu laboratório.

Graham Bell patenteou a invenção algumas horas antes de outro norte-americano estudioso, Elisha Gray. O registro deu início a uma das mais longas batalhas judiciais por patentes da história.

Os primeiros telefones eram conectados a uma central manual, operada por uma telefonista. O usuário tinha que girar uma manivela para gerar a “corrente do toque” e chamar a telefonista que atendia e, através da solicitação, comutava os pontos manualmente com outros usuários. As vezes demoravam-se horas para completar a ligação com a pessoa desejada do outro lado da linha.

 Telefone no Brasil

Dom Pedro 2º e Graham Bell. O Brasil foi o segundo país do mundo a ter telefone

 
Foi Dom Pedro 2º quem trouxe o telefone para o Brasil. A primeira linha telefônica ligava, em 1877, o Palácio da Quinta da Boa Vista com as casas ministeriais. Dom Pedro 2º tinha ido visitar, um ano antes, na cidade de Filadélfia uma exposição que marcava o centenário dos Estados Unidos e lá conheceu Graham Bell, que lhe mostrou a invenção. E ao encontrar Graham Bell Dom Pedro o cumprimento efusivamente em inglês. Ninguém até então tinha dado atenção ao inventor. O imperador o conheceu porque tinha dois antes assistido uma aula dele sobre sinais para se comunicar com mudos.

Bell estendeu um fio de um canto a outro do salão, dirigiu-se a uma ponta com o transmissor e colocou o imperador na outra extremidade, com um receptor no ouvido. De repente, Dom Pedro 2º ouvi e exclamou: “Meu Deus, isto fala!”. Não teve dúvidas em trazer mostras do aparelho para o Brasil.

Primeiras empresas

Em 1883 foi instalada a primeira estação telefônica na cidade de Santos com 75 assinantes, a primeira do estado de São Paulo. No ano seguinte foi criado em Campinas a Empresa Telefônica Campineira, a primeira empresa, e logo em seguida a Companhia de Telégrafos Urbanos (CTU) na capital paulista com os primeiros 22 assinantes.

Em São José do Rio Preto o telefone chegou somente em 1908 pelas mãos de Manuel Rodrigues de Carvalho que ganhou a concessão para explorar o serviço. Iniciou com 15 assinantes e cinco anos depois vendia a empresa para Elias Madri que criva a Empresa Telephônica de Rio Preto, estendendo os serviços para Catanduva, Mirassol, Potirendaba, Ibirá e outras oito cidades da região.

Em 1924, o comerciante Moyses Miguel Haddad adquiria a concessão dos serviços e criava a Companhia Telefônica de Rio Preto que, em 1950, chegou a ter 1500 assinantes e expandiu os serviços para mais de 50 cidades da região. Mas ele enfrentou resistências e uma verdadeira batalha com combativos vereadores, como Alberto Andaló, Bady Bassitt, Aloysio Nunes e Alberto José Ismael. Este último chegou a declarar que “o serviço estava tão ruim como o tempo do telefone à manivela”. “Mal se consegue falar em Catanduva”, denunciava o vereador Ângelo Joaquim Correia.

Moyses Miguel Haddad era muito rico e além da empresa de telefone, possuía outros negócios na cidade e na capital paulista onde tinha adquirido a mansão que pertenceu ao casal Maria Augusta e José Borges de Figueiredo. Dona Maria Augusta ficou muito conhecida por suas benfeitorias em diversas instituições, como o Hospital Beneficência Portuguesa, Maternidade São Paulo, a Creche Baronesa de Limeira e o Instituto Clemente Ferreira. A casa foi demolida e no lugar foi erguido o edifício sede da Justiça Federal que leva o nome de Fórum Ministro Pedro Lessa.

Anísio Haddad

Quando Moyses Haddad faleceu, seu filho Anísio Haddad continuou tocando a empresa. Até que em 1974 ela foi encampada pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB) e em 1983 se transformou na empresa de Telecomunicações do Estado de São Paulo (Telesp). 

Foi Anísio Haddad que, aos 29 anos, trouxe de São Paulo para São José do Rio Preto um livro de regras e uma bola para a prática do futebol de salão. Ele presidiu o Rio Preto Esporte Clube, quando o time acendeu à Primeira Divisão, em 1973. O nome do estádio, na Vila Universitária, leva o nome dele.

Foi também vice-presidente do Grupo Verdi, que administra a gigante Rodobens, empresa fundada pelo seu sogro Waldemar de Oliveira Verdi. Atuou também no ramo de postos de gasolina, transportadora e foi criador de gado nelore de elite, além de grane investidor na Bolsa de Valores.

Foi presidente da Famerp, da Apae, da Igreja Ortodoxa e membro da diretoria da Acirp. Em janeiro de 1978 resolveu dar uma parada para descanso com a família e amigos no Guarujá. Embarcaram no trem da noite que chegaria às 7h30 em São Paulo. Por volta das 6h45 começaram os preparativos para o desembarque. Mas só a cabine 14 não abria as portas.

Com intervenção do guarda-trens a porta foi aberta e constataram a morte de Anísio Haddad, aos 50 anos de idade. Segundo os médicos, ele teve um infarto fulminante, por volta das 22 horas do dia anterior.

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Os aparelhos com disco ao invés de teclar perduraram por muitos anos no Brasil

Os desenhos acima mostram a evolução dos aparelhos de telefone no Brasil e no mundo

A foto mostra a evolução dos aparelhos celulares desde 1990


Mansão onde morou o casal Maria Augusta e José Borges, adquirida por Moyses Haddad...

... a antiga mansão foi demolida e no local está instalada a sede d Justiça Federal de São Paulo



Anísio Haddad, que empresta nome ao estádio do Rio Preto, quando presidiu o clube alvi-verde

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