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Dia 19 de agosto é o Dia Nacional do Ciclista: uma data para ser comemorada e servir de reflexão para todos |
Nelson Gonçalves, especial para a Folha do Povo
Mais que uma comemoração, o Dia Nacional do
Ciclista é uma data para reflexão sobre as atitudes de todos no trânsito e
sobre a necessidade de proteção ao ciclista por parte das autoridades. Poucos
sabem o porquê da escolha do 19 de agosto para se comemorar o Dia do Ciclista
no Brasil.
É um dia para se pensar em maneiras de aumentar a
segurança de quem pedala nas ruas das cidades, pelas rodovias e estradas de
terra batida na zona rural. A bicicleta é usada como deslocamento ao trabalho,
à escola e também como lazer ou para a prática esportiva.
A data também é importante
para se promover o uso da bicicleta, já que ela representa um meio de transporte
sustentável e que em muito contribui para nossas cidades, com a redução das
poluições atmosférica e sonora, diminuição de mortes no trânsito, desafogamento
das redes de transporte coletivo e alívio dos congestionamentos causados pela
enorme quantidade de automóveis circulando nos grandes centros.
É um ótimo dia para reforçar a
cobrança a autoridades municipais, estaduais e federais para que tornem nossas
cidades seguras para a mobilidade ativa, tanto no âmbito do uso da bicicleta
quando também no do pedestrianismo, que a prática esportiva de se fazer grandes
marchas a pé.
Lei para comemorar a data
No Brasil o Dia Nacional
do Ciclista foi instituído pela Lei 13.508, sancionada em 22 de novembro de
2017 pelo presidente Michel Temer. Onze anos antes, no dia 19 de agosto de
2006, o biólogo Pedro Davison, então com 25 anos, foi atropelado enquanto
pedalava no Eixo Sul, em Brasília. Pedro não resistiu aos ferimentos e faleceu
no local.
Quem conduzia o carro era
Leonardo Luiz da Costa. Ele dirigia embriagado, excedia a velocidade permitida
para a via e estava com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) vencida. Para
piorar, fugiu sem prestar socorro.
Pérsio Davison, pai de Pedro,
contou em entrevista ao jornal “Correio Brasiliense” que, no início, a situação
era tratada como “acidente”. Mas em poucos dias a investigação policial
constatou o caso como um crime grave.
“Foi
o primeiro julgamento em Brasília como crime doloso de trânsito”, afirmou ao
jornal. “O caso criou impacto forte na cidade, como a revelação de uma
violência que não podia mais acontecer. Aquilo foi consequência do
comportamento de uma pessoa.”
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Luiza Davison coloca flores no monumento dedicado ao pai Pedro Davison, que motivou a criação da lei para o Dia Nacional do Ciclista (foto Pedro Fogaça) |
Condenação do criminoso
Levou
quatro anos para que o autor do crime fosse condenado, por homicídio doloso. Em
fevereiro de 2010, Leonardo Luiz da Costa foi sentenciado a seis anos de prisão
em regime semiaberto, após um julgamento de quase 10 horas. Por ser réu
primário, o acusado pôde recorrer da sentença em liberdade. E cumprido um sexto
da pena, o regime passaria a ser aberto.
Nesse
período, é quase certo que tenha continuado dirigindo. A condenação foi
considerada leve por amigos e familiares da vítima na ocasião, dada a gravidade
do crime praticado e as repercussões que isso teria, sobretudo porque o
ciclista Pedro deixava uma filha de 8 anos. O final do julgamento foi marcado
por gritos de protesto.
Em
julho de 2012, veio outra sentença. Leonardo foi condenado a pagar indenização
de R$ 150 mil aos pais e à filha da
vítima, mais R$ 970,47 de pensão a sua filha, até a data em que ela completasse
25 anos, incluindo uma parcela a cada 12 meses do mesmo valor, a título de 13º,
e mais R$ 323,49, correspondente a 1/3 de férias. Ele também teve que arcar com
as despesas do funeral do ciclista, no valor de R$ 3.612,00.
O réu chegou a recorrer, mas a
decisão de primeira instância foi confirmada pelo Tribunal de Justiça
do Distrito Federal (TJDFT).
Repercussão
O caso do Pedro Davison
foi um dos que subsidiou o debate e a criação de outra lei, conhecida como a
Lei Seca, a de número 11.705, sancionada em 19 de junho de 2008 pelo presidente
Luis Inácio Lula da Silva.
Em 23 de outubro de 2013,
o analista de sistemas, gerente do Riopreto Shopping Center, morreu ao ser
atropelado quando trafegava com sua bicicleta pela rodovia vicinal que liga
Cedral à Potirendaba. Era um domingo e, embora socorrido, já chegou sem vida ao
hospital. Ele tinha essa pratica de todos os domingos pela manhã pedalar pelas
estradas vicinais da região.
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Mãe leva seus dois filhos, de bicicleta, utilizando ciclovia em avenida, para a escola |