![]() |
Estudo realizado por universidade dos EUA mostra que políticos usaram notícias falsas durante a campanha eleitoral de 2018 |
Estudo realizado pela
universidade Northwestern, dos Estados Unidos, analisaram 232 grupos de
whatsapp, somando 45 mil usuários do aplicativo, nas eleições de 2018, mostrou
replicações de links de sites contendo informações falsas.
Os pesquisadores Victor Burtztyn
e Larry Birnbauam, do Departamento de Ciências da Computação da universidade
americana, analisaram os grupos e coletaram cerca de 2,8 milhões de mensagens
em formato diversos, como textos, imagens, vídeos e outros conteúdos de
multimídia, entre 1º de setembro a 1º de novembro de 2018. Cerca de 12% das
mensagens compartilhadas continuam links.
A escolha do Brasil para a
pesquisa, segundo revelou Bursztyb à jornalista Amanda Ribeiro, da Agência Aos
Fatos, ocorreu porque o país é o segundo maior usuário do aplicativo. “Sabendo
que o Brasil é o segundo maior mercado do whatsapp, atrás apenas da Índia,
pudemos antecipar que essa rede seria usada como arma eleitoral, uma vez que
permite que milhares de grupos pequenos e opacos se conectem com enorme abrangência
relativa sensação de anonimidade”, afirmou o pesquisador à repórter.
![]() |
Considerada como uma das universidades de elite de maior prestígio e mais importantes do mundo, a Northwestern é respeitada no mundo inteiro |
A pesquisa revelou que sites,
muitos deles registrados fora do Brasil para dificultar sua localização e identificação
dos reais proprietários, conhecidos por difundir desinformação estiveram entre
os que mais circularam nas eleições de 2018 em grupos de whatsapps alinhados
tanto à direita como à esquerda. O site “Jornal da Cidade Online”, que a agência
Aos Fatos revelou usar perfis apócrifos para atacar políticos e magistrados, e “Plantão
Brasil”, ligado a uma rede de páginas que veicularam notícias falsas, foram os
dois veículos mais populares identificados no estudo da universidade.
No dia 4 de julho de 2018, a
agência Aos Fatos mostrou que o site “Jornal da Cidade Online” usou perfis
falsos em publicações com ataques e desinformação a respeito de políticos,
desembargadores e até ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Esse site
teve, na época das eleições, quatro publicações checadas pela agência como
falsas. Em uma delas, de setembro de 2018, era dito que o TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) havia entregado códigos de segurança das urnas eletrônicas a uma
empresa venezuelana por meio de licitação.
Após checagem, o “Jornal da
Cidade Online” se limitou a modificar o título para dizer que o TSE “quase
entregou” os códigos à Venezuela. Também fez um texto em que afirma que a publicação
foi “violentamente atacada por agência de checagem de fatos e por diversos
veículos da mídia corporativa tradicional, sendo classificada como ‘distorcida’
e como ‘falsa’ na plataforma do Facebook” e que, por isso, teve seu alcance
reduzido. À época, a publicação falsa foi compartilhada por cerca de 60 mil
vezes no Facebook.
Espalhadores de notícias falsas
Durante o segundo turno da
campanha eleitoral, o “Jornal da Cidade Online” voltou a ser checado pela
agência Aos Fatos em 26 de outubro, quando publicou que o candidato derrotado
no primeiro turno Ciro Gomes, do PDT, havia declarado voto em Jair Bolsonaro
(PSL). O texto assinado por Otto Dantas, um dos perfis apócrifos utilizados
pelo site e revelado pela agência Aos Fatos. A publicação falsa alcançou 12 milhões
de compartilhamentos e deve ter influenciado nos votos dos eleitores
simpatizantes de Ciro Gomes. A direção do Banco do Brasil cancelou, em maio de
2020, a publicação de anúncios no site “jornal da Cidade Online”, mas voltou
atrás após reclamação do vereador Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente
Jair Bolsonaro (PSL), defensor do site acusado de espalhar fake News.
Nem todos os portais que ocupam
o topo da lista, no entanto, são sites especializados em disseminar desinformação.
Há também veículos como “O Antagonista”, o quatro colocado no ranking do estudo
feito pela universidade americana. O site é comandado pelos jornalistas Diogo
Maindardi, Mário Sabino e Claudio Dantas, que fizeram carreira na imprensa
brasileira – os dois primeiros na revista “Veja” e o segundo na revista “Isto É”.
Essas duas revistas semanais também integram o rol dos sites mais propagados
pelas redes sociais durante a campanha eleitoral de 2018, ocupando a 18ª e 19ª
posição, respectivamente. O portal R7, da Rede Record, também apareceu em
destaque, na segunda posição da lista compilada pelos pesquisadores.
Segundo matéria da jornalista
Amanda Ribeiro, o site “Plantão Brasil” chegou a apropriar-se do nome da agência
Aos Fatos para espalhar notícias falsas com o domínio “aosfatos.com”. Observe
que nome idêntico da agência foi registrado, porém sem o “.br” (ponto br) no
final. Sites registrados sem o “br” podem ser falsos, pois são registrados fora
do Brasil, dificultando saber a identificação e localização e quem são seus
reais donos.
Um dos textos falsos espalhados
pelo “Plantão Brasil” é um dizendo que as dívidas com o INSS (Instituto
Nacional de Previdência Social) de empresas como Globo, Friboi e banco Itaú
poderiam dobrar o valor das aposentadorias dos brasileiros.
Grupos partidários
Para chegar aos grupos, os
pesquisadores vasculharam as redes em busca de convites para integrar chats
abertos no whatsapp. Dentre os encontrados, foram localizados 232 grupos
partidários – identificados a partir do nome, foto e perfil e da descrição como
apoiadores de candidatos. De maneira especifica foram identificados 175 grupos
apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro (PSL) e 57 deles se dividindo
entre apoiadores de Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva
(Rede). Ou seja: dois terços grupos partidários de apoio no whatsapp eram
favoráveis à candidatura de Bolsonaro.
Códigos de áreas
Os pesquisadores também fizeram
uma comparação dos códigos de área dos celulares registrados com os resultados
das eleições por estado. São Paulo, foi usado para a distribuição das outras
áreas.
Robôs no whatsapp
Outra forma disseminada para esparramar notícias falsas é a estratégia usada, principalmente pelos políticos, de contratarem empresas especializadas em produzir robôs para o disparo de notícias de forma automática. E fazem isso nos grupos de whatsapp sem os usuários se darem conta.
Se você estiver em algum grupo possua algum número de celular estranho, com código de área que não seja o DDI do Brasil (+55), tipo +1 ou mais +9 alguma coisa, fique esperto, pois código de área registrado fora do Brasil dificulta saber a identidade e localização. Se não tiver foto e você não conseguir falar com a pessoa do outro lado da linha pode ter certeza de que é um número operado por robô, usado apenas para disparar postagens para quem o contratou.