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Conquistas das mulheres são lutas que vem de muitos anos

 

Somente em 1943 foi que as mulheres tiveram direito ao voto

 Nelson Gonçalves, editor da Folha do Povo

O Dia Internacional da Mulher está próximo e, com ele, lembramos de tantas mulheres que se destacaram no mercado de trabalho e na vida política do Brasil e do mundo. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres são 45% da população economicamente ativa no Brasil, índice conquistado através do trabalho de muitos anos de luta para ganhar espaço dentro das organizações.

 O IBGE também mostra que elas dedicam mais tempo aos estudos em comparação aos homens. Mesmo assim, a remuneração média recebida pelas brasileiras no mercado de trabalho é inferior à ofertada ao público masculino.

 De acordo com o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Coorporativa), apenas 7,2% dos membros dos conselhos administrativos das maiores empresas e órgãos governamentais são mulheres. De acordo com dados do Ministério da Economia, as mulheres detêm 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência. Com os dados é possível perceber que, quanto mais alto o nível dentro de uma empresa, menores são as participações femininas.

 Na política a situação, a participação das mulheres não é muito diferente da iniciativa privada. Enquanto 4.908 homens administram como prefeito as cidades no Brasil, apenas 662 mulheres têm a mesma função. O percentual de prefeitas é de 11,9%. Na Câmara dos Deputados, das 531 cadeiras, 77 (15%) são das mulheres. E no Senado a bancada feminina é formada por 12 integrantes (4,8%).

 Nas aulas de História, pouca importância se dá à participação de personalidades femininas. Exemplo clássico foi a importância da dona Leopoldina nos bastidores da Proclamação da Independência. Ela teve papel decisivo em reunir os membros do Conselho de Estado para impor a Dom Pedro os desejos libertários da nação.

 Outra mulher que desempenhou importante papel na história foi a Princesa Isabel, que governou o Brasil, durante as ausências de Dom Pedro 2º, por seis anos, quase um ano a mais do que a presidente Dilma. A morte de seus dois irmãos homens a fez herdeira do trono.

 A princesa, que era fluente em francês, inglês e alemão, serviu por três vezes como regente do Império enquanto seu pai viajava pelo exterior. No último período ficou no trono entre junho de 1884 a agosto de 1988, quando promoveu a abolição da escravidão.

Direito ao voto

 A luta pela emancipação feminina foi fruto de uma longa luta, iniciada antes mesmo da Proclamação da República. O voto feminino, por exemplo, foi assegurado após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto. E somente foi aprovado e regulamentado em 1943 no governo de Getúlio Vargas.

Carlota Pereira toma posse como primeira e única mulher eleita para a Assembleia Nacional Constituinte de 1934


 A médica, escritora e pedagoga Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher eleita como deputada federal. Ela, a única mulher eleita, participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.

A também médica Berta Lutz, filha do cientista Adolpho Lutz, obteve a primeira suplência e tomou posse em 1936, após a morte do deputado titular Cândido Pessoa. Berta se formou em Medicina na Sorbonne de Paris e depois também cursou Direito no Rio de Janeiro.

Bertha Lutz foi a segunda mulher a tomar assento na Câmara dos Deputados


 Primeira prefeita

 Em 1928, um acontecimento político ocorrido em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte teve repercussão até nos Estados Unidos. No dia 8 de setembro daquele ano, o jornal “The New York” dedicou espaço a uma notícia inusitada sobre o Brasil.

 Numa época em que as mulheres brasileiras sequer tinham direito ao voto e política era assunto do universo exclusivo masculino, a jovem Alzira Soriano, de 32 anos, não apenas votos como disputou e venceu as eleições municipais daquele ano em Lages, um pequeno município no interior do Rio Grande do Norte.

 A notícia, publicada na página 9 do jornal norte-americano, chamava a atenção para o fato de Alzira ser a primeira mulher prefeita em um país que ainda não havia permitido o voto feminino, o que só aconteceria quatro anos depois, após a promulgação do Código Eleitoral de 1932 pelo presidente Vargas.

Alzira Soriano, primeira prefeita eleita no Brasil, junto com seu secretariado


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