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Nandão, como é conhecido o prefeito preso, disputou por quatro vezes a Prefeitura de Palestina. Perdeu em 2004 e 2008, mas venceu em 2012 e foi reeleito em 2016, sempre pelo mesmo partido: o PP |
A Justiça decretou a prisão preventiva do prefeito de Palestina, Fernando Luiz Semedo (PP), o popular Nandão, e de outros dois agentes públicos municipais e outras duas pessoas envolvidas em fraudes no setor da Saúde. Cinco servidores públicos foram afastados. O nome do prefeito aparece em 62 processos no Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo.
Investigações revelaram um esquema constituído por empresas de fachadas, constituídas apenas para prestar serviços à prefeitura. O esquema, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) era liderado pelo prefeito de Palestina. Eles agiam desde 2014 e obtinham vantagens direta e indiretamente sobre licitações de contratos, manipulando valores das notas fiscais.
Desvios de R$ 8 milhões
A prefeitura de Palestina já pagou às empresas terceirizadas mais de R$ 16 milhões. Desse total, apontam as investigações, cerca de R$ 8 milhões foram repartidos entre os envolvidos no esquema. As empresas envolvidas, para o fornecimento de serviços médicos, não tinham sede, equipamentos de apoio, estrutura e nem funcionários registrados.
Além disso, foram constatadas a dissimulação e a ocultação do recebimento dos valores de origem ilícita, por meio de manobras que caracterizam o crime de lavagem de dinheiro. As investigações do Gaeco demonstraram que a organização criminosa, fazia uso de empresas de fachada, executava os contratos oriundos de dispensas e certames fraudados, recorrendo ao serviço de médicos e profissionais da saúde que eram selecionados e escolhidos sem critérios técnicos e “contratados” de maneira completamente informal, com a intermediação de integrantes da própria prefeitura.
Cerco na casa do prefeito
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Viaturas da Polícia Militar amanheceram na porta da casa do prefeito, obstruindo a saída dele de sua casa |
Moradores de Palestina, com cerca de 13 mil habitantes, amanheceram assustados com o grande movimento de viaturas e de policiais nas ruas da cidade. A casa do prefeito Fernando Semedo, que nas últimas eleições conseguiu eleger o seu vice-prefeito Reinaldo Cunha (PSDB) como seu sucessor, foi cercada por viaturas da Polícia Militar.
As investigações apontaram que a organização criminosa manipulava os valores das notas fiscais, inchando os valores pagos aos médicos e demais profissionais por meio do aumento das horas trabalhadas. A diferença, segundo o Gaeco, entre o que era realmente pago aos profissionais e aquilo que era repassado pela prefeitura, com base em nota fiscal emitida por empresas terceirizadas com valor superior, era dividido entre os integrantes da organização criminosa.
Carreira política
Nandão como é mais
conhecido o prefeito preso hoje (17) em Palestina disputou quatro vezes a prefeitura da
cidade. Em 2004 e 2008 ele perdeu as eleições. Foi eleito em 2012 e reeleito em
2016.
A Folha do Povo apurou que
em 2004, em sua primeira eleição à prefeitura, ele não apresentou declaração de
bens à Justiça Eleitoral. Em 2008 declarou que possuía R$ 241,6 mil em bens, constituído
por 1/5 de um imóvel rural, 1/5 de um apartamento e uma casa.
Em 2012, quando foi eleito
pela primeira vez, declarou possuir patrimônio de R$ 430 mil, mas não
especificou a relação de bens à Justiça Eleitoral. Já em 2016, declarou à
Justiça Eleitoral possuir patrimônio de R$ 407,5 mil, informando ser dono de
três veículos (um Gol, Corolla e uma camionete Frontier), um apartamento em Rio
Preto, um terreno, uma casa e participação na Fazenda Eldorado e no
Supermercado Toledo.
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Prefeito é acusado pelas investigações do GAECO de chefiar quadrilha que teria desviado cerca de R$ 8 milhões de verbas da Saúde |
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Além do prefeito Nandão, outros dois agentes públicos municipais também tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça. A sede do Paço Municipal amanheceu tomada por policiais |