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Reitores das seis universidades públicas de São Paulo se unem para o combate ao Coronavírus |
No texto abaixo, os reitores das seis
universidades públicas paulistas, três estaduais e três federais, destacam o
esforço conjunto dessas instituições nas pesquisas desenvolvidas em torno da
Covid-19 e a importância delas para a sociedade brasileira.
Universidades públicas de São Paulo juntas no combate à Covid-19
por: Reitores das universidades públicas de São Paulo*
A reação das universidades públicas paulistas foi e
continuará sendo rápida, trabalhando para atender às necessidades da sociedade.
Aos primeiros sinais da emergência, as seis instituições criaram comitês
internos para planejar como cada uma delas lidaria com os inúmeros efeitos da
chegada do vírus ao País.
O
principal ponto a unir as diferentes estratégias institucionais é a defesa do
isolamento social como medida indispensável para conter o avanço da doença, tal
como recomenda a maioria das entidades médicas, sanitárias e científicas do
País e do mundo.
Cientes do papel fundamental que desempenham na assistência
de saúde à população do Estado, as universidades públicas, estaduais e
federais, também convergiram no direcionamento prioritário de seus leitos hospitalares
a pessoas infectadas com o novo coronavírus.
Os
hospitais universitários da USP e da Unifesp, na capital; da Unicamp, em
Campinas; da Unesp, em Botucatu; e da UFSCar, em São Carlos, ampliaram e somam
dezenas de leitos de internação e de UTI, todos eles exclusivos para tratamento
gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A capacidade instalada dos nossos
hospitais foi redirecionada para atender à demanda da população mais carente.
Ao mesmo
tempo que se desdobram para receber pacientes com sintomas ou diagnóstico já
confirmado de Covid-19, as equipes dos cinco hospitais realizam pesquisas e
estudos clínicos que visam à criação de estratégias de atendimento e ao
desenvolvimento de esquemas terapêuticos para o tratamento da doença.
Além
disso, as universidades públicas de São Paulo vêm concentrando esforços na
pesquisa em laboratório. Juntas, as três instituições estaduais e as três
federais reúnem boa parte dos laboratórios mais bem equipados do País. Em cada
um deles, professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e também de
graduação trabalham com o intuito de isolar o vírus, desenvolver novos métodos
diagnósticos, testar novos reagentes, e mais rápido.
Ampliar
a capacidade de testagem da população, tanto para efeitos diagnósticos seguros
quanto para os estudos epidemiológicos, é chave da direção das condutas a serem
tomadas. Outro desafio eminente é sermos capazes de produzir novos equipamentos
para as internações, desenvolvidos por nossas universidades.
Para
isso a formação de redes e consórcios entre nossas universidades, para testar a
eficácia de novos agentes terapêuticos, produzir equipamentos a partir de
desenvolvimento tecnológico próprio e obter novos métodos de assepsia e de
diagnósticos, é fundamental.
Preocupadas
em cumprir plenamente sua ampla função social, as universidades estaduais e
federais de São Paulo têm apostado na tecnologia para driblar as dificuldades
do momento. Nos hospitais universitários foram criadas redes de telessaúde e
telemedicina para auxiliar no atendimento de casos não urgentes.
Em
paralelo, laboratórios que dispõem de impressoras 3D passaram a fabricar
respiradores e materiais de proteção hospitalar para ajudar a suprir a alta
demanda desses produtos. Ademais, pesquisadores propõem políticas públicas e medidas
de mitigação dos impactos sociais e econômicos que a pandemia já provoca.
É dessas
complexas estruturas de pesquisa, financiadas pela sociedade brasileira, que
pode sair a vacina ou – quem sabe – até mesmo a cura para a doença que provocou
uma mudança nunca vista no modo de vida da humanidade.
O
aprofundamento e a amplitude dos resultados desse trabalho de assistência em
saúde, executado de maneira exemplar e incansável, dependem da continuidade do
apoio do poder público, do setor privado e da sociedade – tanto financeiro como
na forma de produtos, sobretudo equipamentos, insumos para testes e material de
proteção para os profissionais que são diariamente expostos ao vírus.
Nesse
cenário de riscos e incertezas, resta à sociedade seguir a recomendação baseada
em evidências quanto à manutenção do isolamento social. Às universidades
estaduais e federais de São Paulo, que sempre produziram ciência, tecnologia e
inovação, cabe prosseguir com seu trabalho. A comunidade científica e o sistema
público de saúde, com o apoio dos governantes e da iniciativa privada, são os
únicos agentes capazes de produzir as condições necessárias à superação dos
efeitos da pandemia e à construção do futuro que virá depois da tempestade.
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* Artigo
publicado originalmente na edição de 8 de maio de 2020 do jornal O Estado de S. Paulo
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Brasil