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Delegados Wagner Sales e Rodrigo Damiano, da Polícia Civil da capital mineira, durante entrevista coletiva sobre fake news |
Depois de a Polícia Civil de Minas Gerais instaurar inquérito para identificar a autora de um vídeo em que ela acusa autoridades de terem enterrado caixões em Belo Horizonte com pedras e pedações de pau no lugar de supostas vítimas de Covid-19, ela mesma resolveu aparecer e se entregar à Polícia. Segundo o jornal “Estado de Minas Gerais”, por meio do advogado Alexsander Ribeiro, Valdete Pereira Zanco se identificou, reconheceu ter errado e pediu desculpas.
No vídeo em questão, a
mulher não se identificava, afirma que “isso
a Globo não mostra caixões sendo enterrados com pedras e madeira no lugar dos
corpos”. Pela manhã, em entrevista coletiva à Imprensa, o delegado Wagner Sales,
chefe do 1º Departamento de Polícia Civil e Belo Horizonte, afirmou que pediria
a prisão preventiva da autora do vídeo.
Além disso, o delegado afirmou que ela poderia ser
acusada de crime de denunciação caluniosa, difamação contra autoridade pública
e contravenção penal de provocação de tumulto ou pânico. “As penas para esses
casos, somadas, podem chegar a nove anos de prisão, além de multa”, disse o
delegado, antes de Valdete se apresentar em uma delegacia do interior de Minas
Gerais, por meio de advogado.
Deputada do PSL impulsionou vídeo
No último domingo, o
programa Fantástico, da Rede Globo, fez reportagem sobre Fake News e mostrou
que esse mesmo vídeo ganhou versões diferentes em vários Estados, como Amazonas
e Ceará. “No Ceará, tem caixão sendo enterrado vazio, tem uma foto de uma moça
carregando caixão com os dedinhos”, disse a deputada federal Carla Zambelli, do
PSL, em entrevista para a Rádio Band.
A foto do caixão com
pedra e pedaços de pau foi feita em São Carlos, três anos antes e não tem nada
a ver com Coronavírus. Era a reconstituição de um crime de golpe em seguradora.
Segundo o Fantástico, o vídeo foi impulsionado pela deputada Zambelli.
Informações como essa,
espalhadas principalmente por bolsonaristas, têm circulado também em outras
regiões do país com o intuito de minimizar a pandemia e dizer que governos
estaduais e prefeituras estão enganando a população.
“Valdete reconhece
humildemente o erro e pede perdão ao município de Belo Horizonte e seu ilustre
prefeito e a todos quantos foram atingidos negativamente por este equívoco que
cometeu”, disse o advogado, por meio de nota divulgada pelo jornal “Estado de
Minas Gerais”. Ele informou ainda que a cliente dele já se apresentou na
Delegacia de Polícia Civil da cidade de Jacutinga, onde foi lavrada a
ocorrência, deixando registrado o incidente, contribuindo com a Justiça.
“Ela havia visto no Facebook um fato ocorrido em Belo Horizonte no qual caixões com pedras e pedaços de madeira haviam sido desenterrados. Na data da gravação do vídeo, no interior da loja onde trabalha, ela recebeu um cliente que coincidentemente fez os mesmos comentários, o que a fez julgar o ocorrido como verdade”, relatou o advogado dela ao jornal mineiro.
A Polícia de Minas
Gerais acredita que esse caso pode servir de exemplo para que outras pessoas
tomem cuidado antes de espalhar notícias falsas. “Isso só traz dúvidas e
incertezas, além de prejudicar o próprio autor e quem repasse essas fake news”,
afirmou o delegado Wagner Sales. “É preciso que a população se conscientize de
que as atitudes no mundo virtual têm consequências no mundo real”.
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Valdete Pereira Zanco, autora de fake news, se entrega na Polícia, acompanhada de advogado, com medo de ser presa |
CONFIRA A ÍNTEGRA DA RETRATAÇÃO DA MULHER:
"Venho à público esclarecer a
respeito do vídeo gravado pela minha cliente Valdete Zanco e que repercute nas
redes sociais. Ela havia visto na rede social denominada Facebook um fato
ocorrido no Município de Belo Horizonte/MG, do qual caixões haviam sido
desenterrados e localizado em seu interior, pedras e pedaços de madeira. Na
data da gravação, no interior da loja onde trabalha, ela recebeu um cliente que
coincidentemente fez os mesmos comentários, o que a fez julgar o ocorrido como
verdade.
Quero deixar claro que o vídeo foi
postado unicamente em um grupo de WhatsApp de família, tanto que início o vídeo
chama a atenção de um certo Hernandes, sendo este irmão da minha cliente. Com o
vazamento do vídeo do grupo de família, ele chegou a ser compartilhado em um
canal de Youtube, colaborando assim pela propagação. Desconhecemos a forma como
o vídeo ganhou notoriedade nas redes sociais e nos demais veículos de
comunicação.
Valdete reconhece humildemente o erro e
pede perdão ao Município de Belo Horizonte e seu Ilustre Prefeito e a todos
quantos foram atingidos negativamente por este equívoco que cometeu . Gostaria
ainda de frisar que minha cliente já se apresentou na Delegacia de Polícia
Civil da cidade de Jacutinga/MG na data de 04/05/2020, onde fora lavrada a
ocorrência, e deixado registrado o incidente, contribuindo com a justiça e para
que essa seja promovida.
Me coloco à disposição, Dr. Alexsander
Ribeio – OAB/SP 343.210."
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