Os bolivianos vão às urnas
neste domingo, dia 20, para eleger novo
presidente. E o interessante é que pela primeira vez na história funcionará em
Bady Bassitt uma seção eleitoral para captar os votos dos bolivianos que
residem em Bady Bassitt e cidades vizinhas.
Cerca de 6,9 milhões de
bolivianos estão aptos para irem às urnas no domingo, dia 20, para votar e escolher
entre nove candidatos o próximo presidente da Bolívia. Nessa mesma eleição os
bolivianos elegerão 130 deputados e 36 senadores. O indígena Evo Morales tenta
conquistar seu quarto mandato e precisa vencer a resistência de parte de seu
próprio eleitorado indígena.
Entre os indígenas, que já
foram sua principal base de apoio de Evo, há hoje vários grupos que se
afastaram por causa de desavenças com suas posições ambientais e pelas
concessões que fez ao empresariado boliviano. Um dos mais ferrenhos adversários
é o líder takana Adolfo Chavez, que organizou longa marcha que culminou em
protesto, em 2011, construção de uma rodovia no coração da Amazônia boliviana.
A partir daí , tornou-se desafeto do presidente Evo Morales, para quem Chavez
havia feito campanha eleitoral em 2005.
O takana acabou preso e se
autoexilou por quatro anos em países da América Latina. Retornou em fevereiro
deste ano para fazer campanha contra o presidente Morales. “Entendo quando Evo
interveio na marcha, já não era mais o nosso presidente”, afirma o líder
takana, eleito em 2013 com 70% dos votos para presidir a maior ONG indígena da
Bolívia. “Um irmão indígena nunca trata mal outro irmão”.
Além da histórica rejeição
junto às oligarquias da porção oriental do país, o presidente enfrenta a insatisfação
dos indígenas da região amazônica e ambientalistas que questionam a aproximação
do governo com mineradoras estrangeiras e setores do agronegócio.
Como os institutos de
pesquisas têm dificuldades para realizar amostras nas comunidades andinas mais
afastadas, os levantamentos não são muito confiáveis. Os números disponíveis
apontam um cenário indefinido. A sondagem mais respeitada, a da Ipsos Bolívia,
mostrou no fim de semana que Evo teria 40% das intenções de voto, seguido de
Carlos Mesa, com 22%. Neste cenário ele seria eleito no primeiro turno.
A legislação eleitoral na
Bolívia prevê para ganhar em primeiro turno que o candidato precisa obter 50%
dos votos válidos mais um, ou 40%, com diferença de dez pontos percentuais para
o segundo colocado.
Outros institutos, no
entanto, apontam para um segundo turno. O Ciesmori apontou, na última semana,
que Evo tem 36,2% contra 26,9% de Mesa. Já o Viaciencia dá 38,8% contra 28,4%.
Território
A Bolívia tem 46% de seu
território coberto por selvas, num total de 51,4 milhões de hectares. Mas esse
número tem diminuído nos últimos anos. No ano passado Evo deu autorização para
o desmatamento de uma área equivalente ao território da Jamaica no Estado de
Beni. Evo é considerado pelos ambientalistas e indigenistas como um “traidor”
da causa da natureza.
Candidatos
Evo Morales, 59 anos, ex-líder
indígena comanda o país desde 2006 e tenta seu quarto mandato presidencial. Está
à frente nas pesquisas e tem como seu principal trunfo os bons números
econômicos e o combate à pobreza.
Carlos Mesa, 66 anos, é
jornalista e fez carreira no rádio e na TV antes de ser eleito vice-presidente
em 2002. No ano seguinte assumiu o comando do País após a saída do então
titular, mas só ficou no cargo até 2005, quando renunciou. Membro de uma sigla
de centro esquerda aparece em segundo lugar nas pesquisas.
Oscar Ortiz, 50 anos,
nascido em Santa Cruz de La Sierra, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas
é senador e administrador de empresas. Já ocupou a presidência do Senado na
Bolívia. Sua atuação parlamentar desde 2005 tem se caraterizado por representar
a oposição, mostrando continuamente seu descontentamento com o governo de Evo Morales,
além de apresentar denúncias sobre casos de corrupção. Entre suas denúncias
está os desvios de contratos no Fundo Indígena, a influência de políticos para
facilitar a entrada de barcos chineses.
História de golpes
Com 193 golpes de Estado
entre 1825 e 1982, a Bolívia, país vizinho ao Brasil, vai às urnas em 20 de
outubro em um contexto de estabilidade política sem precedentes. O Movimento ao
Socialismo (MAS), encabeçado por Evo Morales, governa o país há 14 anos e
ostenta uma média de crescimento econômico acima dos 4% ao ano, com expressiva
redução da pobreza.
O cenário poderia indicar
uma reeleição tranquila, mas as pesquisas mostram o contrário: as eleições
presidenciais de 2019 serão as mais equilibradas do século.
Bady Bassit terá seção
para bolivianos votarem
Na escola municipal Nice
Beolch Nunes Ferreira, em Bady Bassitt, estará uma das 15 seções que a Justiça
Eleitoral colocou à disposição dos bolivianos que moram no Brasil. No último
dia 4 de outubro, uma equipe técnica do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE)
iniciou o treinamento para os jurados e mesários sorteados dentro do Registro
Eleitoral Biométrico (PEB) da cidade, para exercer a função como as mais altas
autoridades das mesas de votação que funcionarão nas Eleições Gerais da Bolívia
de 20 de outubro.
Os mesários eleitorais que
receberam o treinamento serão responsáveis pela administração de três mesas
de votação, que serão instaladas na escola Nice Beolchi Nunes Ferreira, e onde
estão inscritos mais de 400 bolivianos habilitados para votar.
As oficinas de capacitação
envolveram temas como: abertura de mesas de votação, entrega de material
eleitoral, preenchimento do certificado eleitoral, contagem de votos, entre
outros.
“Estou empolgada porque
ouvi coisas bonitas sobre essa comunidade boliviana trabalhadora e responsável
que merece ter instalações próprias”, explicou a representante do TSE em São
Paulo, Roxana Flores.
Além disso, Flores disse
que, para essas eleições gerais, na área de Bady Bassitt, será instalado um
recinto eleitoral composto por três mesas de votação para residentes bolivianos
que vivem nos municípios brasileiros de São José do Rio Preto, Mirassol e
outros circunvizinhos, poderão participar do dia das eleições em 20 de outubro.
Benito Vela, morador
boliviano escolhido como mesário eleitoral, explicou que, pela primeira vez,
votará na cidade e também assumirá essa posição com responsabilidade, no dia da
votação como a mais alta autoridade. "Vamos participar das eleições
gerais pela primeira vez, agradeço aos coordenadores por possibilitarem a
votação neste local", afirmou.
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Treinamento realizado pela Justiça Eleitoral Boliviana para os mesários que irão atuar domingo nas eleições |
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Quadro apresenta os números para as Eleições Gerais da Bolívia para o dia 20 de outubro |
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Mapa mostra a posição das principais cidades bolivianas |
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Oposição faz campanha eleitoral em Santa Cruz de la Sierra |
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