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Simplicidade na centenária loja maçônica de Ibirá coloca todos em condições de igualdade

Leandro Braga e Ricardo Teixeira se confraternizam, após a transmissão do principal cargo na loja maçônica de Ibirá


Quem vê o carteiro Leandro César Braga, 44 anos, caminhando ou andando de bicicleta pelas ruas de Ibirá – cidade com cerca de 11 mil habitantes no interior paulista --  com aquele tradicional uniforme amarelo e azul dos Correios nem imagina que ele era, até poucos dias atrás, o todo poderoso presidente comandante da Loja Maçônica Civilidade Ibiraense. Fundada em 1917, por maçons da Loja Cosmos de São José do Rio Preto que naqueles tempos enfrentavam, à cavalo, o barro e as estradas empoeiradas para participar das sessões, a Loja Ibiraense é exemplo para o Brasil e para o mundo de como se faz a verdadeira Maçonaria, onde todos são iguais e convivem numa eterna fraternidade entre irmãos.

Leandro passou, no último dia 29, o seu cargo de presidente da Loja, que os maçons chamam de Venerável Mestre,  para o seu sucessor, Ricardo Aparecido Teixeira, 44 anos, que exerce -- há mais de 30 anos na cidade --  a profissão de barbeiro. Filiado há 16 anos na Maçonaria, Ricardo prevê que não terá dificuldades para comandar e reger a Loja com os demais integrantes. “Tenho absoluta certeza de que todos vão me ajudar”, afirma.

Além do barbeiro e do carteiro, que conhece mais do que ninguém todos rincões do município, entre os integrantes da Loja estão arquitetos, engenheiro, advogado, médico, dentista, padeiro, gerente de banco, investigador de Polícia, dono de supermercado, dono de fábrica de cerveja, comerciantes, empresários bem-sucedidos e até o prefeito da cidade, Edvard Colombo, que não ostenta para ninguém a sua condição de membro da Maçonaria.

A simplicidade da centenária loja de Ibirá lembra a Matinecock Lodge, em Nova York. Quando Theodore Roosevelt foi presidente dos Estados Unidos, em 1901, o Venerável Mestre de sua loja, Matinecock, era John Doughty, jardineiro de uma propriedade nas proximidades da Casa Branca, a suntuosa residência oficial dos presidentes norte-americanos. Roosevelt contou para amigos que nunca pode visitar o amigo em casa, porque isso poderia deixa-lo envergonhado e nem o amigo, sem passar por percalços, poderia visitá-lo. Mas na loja era diferente. Ali Doughty era seu superior embora Roosevelt fosse o presidente. E os dois se confraternizavam juntos na mesma mesa. Isso era algo bom para os dois.


Vestimenta preta

Desde o princípio os maçons, no mundo inteiro, se vestem de preto em suas sessões. O simbolismo de sabedoria, magia e mistério que o preto representa traduz também a forma de igualar os participantes e de proteger suas identidades. Antigamente também usavam capuz preto, para se protegerem e fugir principalmente das perseguições e inquisições profanas.


Basicamente, a uniformização da indumentária busca a harmonização do ambiente e das pessoas, onde todos são iguais, gerando um clima psicológico favorável à integração e ao controle, ordem e disciplina.

Momento em que Leandro recebe homenagem de Ricardo, o novo Venerável da loja de Ibirá

Templo da Loja Maçônica de Ibirá se tornou pequeno para abrigar mais de 120 irmãos que compareceram à sessão

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